
Marab� (PA) - Apesar de o presidenci�vel do PSL, deputado Jair Bolsonaro, manter o discurso contra "pol�ticos tradicionais", o diret�rio do partido no Par� costura uma alian�a com o ex-ministro da Integra��o Helder Barbalho, do MDB, que concorre ao governo do Estado. Na disputa federal, o senador Jader Barbalho, pai de Helder e patriarca do grupo, manifesta apoio, pelo menos formalmente, � pr�-candidatura do ex-ministro Henrique Meirelles, de seu partido, e espera uma defini��o do nome que o PT lan�ar� � Presid�ncia.
Em visita a Marab� nessa quinta-feira (12), ao ser questionado pelo Estado sobre a alian�a, Bolsonaro afirmou que n�o participa das conversas de aproxima��o entre o PSL e o MDB no Par�, que na pr�tica representa uma alian�a indireta com o cl� Barbalho para formar palanques, mas que n�o pode evitar acordos nas sucess�es estaduais. "Se o nosso foco � a cadeira presidencial, paci�ncia", disse o pr�-candidato. "S� n�o vamos fazer pacto com o diabo", completou, numa refer�ncia a um discurso em que a presidente cassada Dilma Rousseff afirmou que podia "fazer o diabo quando � hora da elei��o". Bolsonaro, no entanto, disse que n�o tem "nada a ver" com a costura no Estado e lembrou que conseguiu barrar um acordo do PSL com o PCdoB no interior de Minas Gerais.
Rog�rio Barra, presidente estadual do PSL, afirmou que o partido, ligado especialmente aos policiais militares, est� na oposi��o ao governador Sim�o Jatene (PSDB). "Ele n�o recebe a tropa da pol�cia, que forma a base do nosso partido", disse.
"O PSL tem um di�logo com o grupo oposicionista, mas uma alian�a ainda est� indefinida", completou. Em Bras�lia, a costura entre o PSL e Helder � conduzida pelos deputados paraenses Eder Mauro (PSD), pai de Rog�rio, e Jos� Priante (MDB), primo de Jader. Mauro desconversa sobre as negocia��es, mas adianta, por�m, que nas conversas com Helder, est� acertado que ele ditar� a seguran�a p�blica no Estado num eventual governo do grupo.
Costuras de bastidores � parte, Bolsonaro enfrentou no come�o da tarde de ontem o sol escaldante de Marab�, no sudeste paraense, para rejeitar, pelo menos em p�blico, alian�as com nomes tradicionais. "O que eles t�m, n�o queremos. O que temos, eles n�o ter�o: o povo ao lado do futuro", disse, em cima de um carro de som, para um grupo de cerca de mil pessoas, na estimativa da Pol�cia Militar, que foi recepcion�-lo no aeroporto da cidade.
Madrugada
Bolsonaro acordou cedo para cumprir agenda de pr�-candidato em Marab�. Ele chegou ao aeroporto de Bras�lia �s 4h30. Com um assessor, o general da reserva Augusto Heleno Ribeiro Pereira e Eder Mauro, Bolsonaro tomou um r�pido caf�, enquanto atendia pedidos de selfies. Depois, sentou num canto, de costas para o corredor, para fugir do ass�dio e disparar os primeiros telefonemas. N�o escondeu a apreens�o com as dificuldades de alian�as. A maior preocupa��o � o PR, do ex-deputado Valdemar da Costa Neto (SP) e do senador Magno Malta (ES), seu nome favorito para a vice. "Estou sentindo que ele vai sair para o Senado", relatou Bolsonaro.
Num avi�o comercial de m�dio porte, o pr�-candidato fez escalas em Belo Horizonte e Caraj�s, antes de desembarcar, �s 12h50, em Marab�. Entre um voo e outro, ele fez dezenas de selfies e v�deos para passageiros enviarem a parentes e amigos. O �nico contratempo ocorreu no aeroporto de Confins, onde uma pessoa gritou "fascista" e correu. "Fale para ele que 2030 est� chegando, � quando o Lula sai da cadeia", disse Bolsonaro, a um simpatizante que disparava a c�mera do celular. Eder Mauro reagiu com outro grito: "P�o com mortadela".
Numa lojinha de Confins, Bolsonaro pediu um desodorante "barato". Fechou a cara, mas levou uma marca de R$ 21. Depois, uma adolescente se aproximou e disse que era l�sbica, mas "n�o gostava" do PT. O general Heleno passou um bom tempo conversando com a jovem e relatou o "�timo" di�logo a Bolsonaro. O pr�-candidato contou que outro rapaz tamb�m se identificou como homossexual e prometeu voto. "� aquilo, general, n�o tem uma placa na cara da pessoa dizendo a orienta��o dela. Eu, por exemplo, posso ter uma reca�da, e a�? N�o temos nada contra ningu�m."
Com experi�ncia na �rea de imprensa do Ex�rcito, Heleno come�a a apontar diretrizes para a comunica��o da pr�-campanha. Ele disse que a tend�ncia � a busca de discursos de "uni�o" e "di�logo". Quando o avi�o chegou a Marab�, quase sete horas ap�s a decolagem em Bras�lia, Bolsonaro n�o demorou para retomar o tradicional discurso contra a "patifaria" das pol�ticas de g�nero. Carregado nos ombros de apoiadores no aeroporto, ele vestiu uma faixa presidencial e come�ou a fazer ataques aleat�rios, mirando o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, a crise na seguran�a e at� o modelo de extra��o mineral no Par�. "Sabemos que aqui exploram tudo e fica s� um buraco para voc�s", disse. "Espero que o Supremo n�o liberte esse canalha chamado Lula, eu quero v�-lo em cana."