
A falta de dinheiro do setor privado nas elei��es faz com que os candidatos � Presid�ncia da Rep�blica precisem se preocupar com as finan�as de suas campanhas. De olho no dinheiro dos outros partidos, os presidenci�veis querem acumular cifras e tempo de tev� para tentar vencer os obst�culos de uma elei��o curta, polarizada e com pouca verba. Especialistas, entretanto, garantem que notoriedade e carteira cheia n�o s�o sin�nimos de vit�ria.
om o valor total de R$ 1,7 bilh�o, o Fundo Eleitoral � dividido entre os 35 partidos. O c�lculo para dividir o montante foi baseado nos votos obtidos na C�mara nas �ltimas elei��es e no n�mero de parlamentares eleitos. As legendas recebem, igualmente, 2% dos recursos; 35% em equil�brio aos votos do �ltimo pleito na C�mara; 48% na propor��o de parlamentares eleitos na Casa e 15% de representantes do Senado. Os cinco partidos que recebem mais de 50% do total do fundo eleitoral s�o MDB, PT, PSDB, PP e PSB.
Ao caminharem sozinhos, Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) tendem a ser prejudicados pela falta de dinheiro. Por outro lado, Ciro Gomes (PDT), que sequer recebe o teto de gastos permitido �s candidaturas presidenciais imposto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — R$ 70 milh�es —, ser� o mais beneficiado caso consiga fechar alian�as com rearranjos financeiros. O quinh�o do PDT corresponde a R$ 61,4 milh�es (leia quadro).
Os tucanos t�m o terceiro maior Fundo Eleitoral. Portanto, segundo especialistas, o que est� em jogo para Geraldo Alckmin (PSDB), que mant�m di�logos abertos com partidos do centr�o — PTB, PSD, PPS, PR, PV, DEM e SD —, s�o os tempos de televis�o e r�dio, palanques estaduais e for�a no Congresso. Apesar do uso ostensivo das redes sociais, os ve�culos tradicionais ainda t�m peso para conquistar a massa do eleitorado. O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), por sua vez, prometeu bancar a pr�pria candidatura, e Luiz In�cio Lula da Silva precisa do dinheiro a mais para bancar a eventual movimenta��o na chapa caso n�o seja o candidato de fato.
Para o analista pol�tico Creomar de Souza, o cen�rio atual mostra que a preocupa��o dos partidos m�dios e pequenos � o pleito ao Congresso, n�o ao Planalto. “Independentemente do candidato que ganhar a elei��o, ser� necess�rio manter o m�nimo de di�logo com os parlamentares da Casa”, acrescentou. Souza disse, ainda, que essas legendas precisam sobreviver � movimenta��o ou ser�o esquecidos.
O professor Carlos Melo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explicou que tempo e dinheiro sempre s�o relevantes mas, segundo ele, n�o s�o suficientes para se ganhar uma elei��o. “Isso s� se torna determinante quando se tem dois candidatos pareados no segundo turno, por exemplo. A�, faz diferen�a. O doutor Ulysses (Guimar�es) saiu na frente nessas duas vertentes, em 1989, e ficou em sexto lugar”, lembrou.
Manter os cofrinhos cheios, no entanto, pode mudar o cen�rio para Ciro Gomes, explicou Carlos Melo. “Para Ciro, faz diferen�a. Mas quem disse que os (cerca de) 200 milh�es do PT v�o salvar a candidatura deles? O partido est� comprometido com a Lava-Jato. � como o MDB, que traz o desgaste do governo Temer nas costas.” Questionado sobre as facilidades que um aporte financeiro traria nesses casos, o professor concordou: “Se a carteira estiver cheia, fica mais f�cil tentar fazer com que a popula��o esque�a as coisas ruins.”
O advogado eleitoral Weslei Machado explicou que fica a crit�rio de cada partido a quantia que dever� ser cedida em caso de coliga��es. A determina��o de 30% do Fundo Eleitoral ser destinado �s candidaturas femininas, no entanto, s� � para cargos de deputados federais e estaduais. O TSE informou ao Correio que n�o existe limite de quanto um partido pode destinar financeiramente a outro nas coliga��es. Al�m disso, a doa��o de parte do fund�o n�o � obrigat�ria.