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Estado de Minas

'Enchia mochilas de dinheiro', diz motorista de ex-diretor da Dersa


postado em 20/07/2018 10:54 / atualizado em 20/07/2018 11:15

S�o Paulo - �s 5h45 do dia 21 de junho, Pedro Alc�ntara Brand�o Filho, 54 anos, motorista, morador da Avenida Irec�, no bairro da Guarapiranga, na zona sul de S�o Paulo, foi surpreendido pela PF batendo � sua porta. "Eles vieram com mandado de busca, n�? A�, o delegado se identificou, falou o que precisava e, a� quando falou que era da Opera��o Lava-Jato… Quero dizer, Lava -ato n�o, n�? Da Dersa, n�?".

Ele era um dos alvos da Opera��o Pedra no Caminho, que mira supostos desvios de R$ 600 milh�es da Dersa, em obras do Rodoanel Trecho Norte. Logo que entraram, todavia, os federais perceberam que n�o encontrariam a bagatela com o motorista. "Viram que era uma casa humilde, a� eles pediram desculpa e o delegado virou para mim e falou: �, o senhor entrou como laranja", afirmou.

Bra�o da Lava-Jato em S�o Paulo, a Pedra no Caminho levou para a cadeia dois ex-dirigentes da Dersa: Pedro da Silva e Laurence Casagrande Louren�o, que chegou a ser secret�rio de Transportes e Log�stica do governo de Geraldo Alckmin (PSDB). O motorista diz ter trabalhado para a mulher de Pedro da Silva. "Eu levava as crian�as", conta, referindo-se aos filhos do casal.

Os investigadores queriam saber por que o motorista, que tirava R$ 2 mil por m�s, fez dep�sitos de at� R$ 50 mil nas contas de Pedro da Silva - o ex-diretor chegou a girar R$ 50 milh�es, segundo dados banc�rios. � que al�m das crian�as, explicou Pedro, ele supostamente tamb�m transportava "valores altos" para o casal. "J� cheguei a encher mochilas", contou.

O motorista relatou, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, que era orientado a informar aos bancos que a dinheirama - em 12 dep�sitos, foram R$ 253 mil pelas m�os do motorista - tinha como origem a venda de gado do casal e que a recebia das m�os da mulher de Pedro da Silva, Adriane. "E na declara��o eu colocava que era referente � venda de gado, mas eu n�o sabia que origem era, n�?". "Eu fui como laranja nessa hist�ria", afirma.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista:

O Sr. trabalhava para ele?

Isso. Eu fui motorista da esposa dele.

Por quanto tempo?


Eu trabalhei 3 anos e 8 meses. Quatro anos. De 1994 a 1998. Quando ele era presidente da Dersa.

Como era a sua rela��o com ele?


Eu o via muito pouco. Era mais de fim de semana. S�bado.

Qual era o servi�o que o Sr. prestava para a esposa dele?


Eu levava as crian�as para a escola.

No relat�rio das investiga��es, o Sr. conhece as empresas SCJ Agro e Star Bar?


A Star Bar seria um bar e restaurante, que era dele tamb�m, mas era mais a esposa dele que comandava. E a SCJ � uma fazenda que ele tem l� em Bofete.

Ele usa comercialmente essa fazenda?


Eu creio que sim. ele cria gado.

Tem um relat�rio da investiga��o que ele mostra que, por exemplo, o Sr. como depositante de valores em esp�cie…


Isso, isso, valores altos!

Do que se tratavam esses dep�sitos?


Foi isso que a pol�cia perguntou para mim, n�? Era um dinheiro que a esposa dele me dava e eu nunca cheguei a perguntar. Eu levava, era s� portador do dinheiro. Nunca perguntei.

A esposa te pedia? Ela te entregava o dinheiro?

Isso. Entregava

Em que tipo de recipiente?


N�o era em envelope, n�o. Era dentro de pastas, mochilas. J� cheguei a encher mochila, porque o valor era muito alto.

E o Sr. n�o conhecia a origem disso?

Ela s� falava que era da fazenda, mas eu n�o perguntei. Eu s� perguntei uma vez porque eu fui depositar na Caixa Econ�mica e eles pediram meu CPF. Eu perguntei. Estranhei e falei para ela. Falei: Olha, dona Adriane, eles pediram meu CPF. E ela respondeu: n�o, isso � s� para controle mesmo porque o Sr. � portador do dinheiro. A�, n�o deu em nada, mas eu fiquei com medo, assim, n�? Era muito dinheiro, n�? Valores altos! Ela falou uma vez que era folha de pagamento l� da Fazenda. N�o perguntava mais nada, n�?

Como o Sr. levava o dinheiro?

Eu levava de carro. A gente tinha que procurar direto o gerente do banco. V�rias vezes, eles me perguntavam. E eu falava que era da fazenda, referente � venda de gado. Porque eu tinha que fazer uma declara��o. E na declara��o eu colocava que era referente � venda de gado, mas eu n�o sabia que origem era, n�?

Depois que deixou de trabalhar, sofreu amea�as?

N�o, n�o tenho nada contra eles.

Muita gente aparece depositando valores altos. O Sr. conhece essas pessoas?

Essa menina a� era secret�ria da fazenda, essa Juceleine, e o Sr. Valmir dos Santos era Administrador da fazenda. Inclusive ele que depositou mais dinheiro, n�? S� tive contato com a menina da fazenda que eu que eu tive com ela, mas n�o a conhe�o.

O Sr. foi alvo de busca e apreens�o. Como foi?


Meu celular ficou preso com eles. Eles disseram que depois de um m�s eles devolveriam, para saber se eu tinha contato com alguma coisa, n�? Mas, gra�as a Deus, eu fui como laranja nessa hist�ria.

E como foi acordar com a PF na sua porta?


Pra mim foi uma surpresa, porque eu tenho 54 anos de idade e nunca passei por isso na minha vida. A Pol�cia chegar dentro da minha casa �s 6 horas da manh�, 15 para as 6. Eles vieram com mandado de busca, n�? A�, o delegado se identificou, falou o que precisava e, a� quando falou que era da Opera��o Lava Jato… Quero dizer, Lava Jato n�o, n�? Da Dersa, n�? Entraram na minha casa, viram que era uma casa humilde, a� eles pediram desculpa e o delegado virou para mim e falou: �, o Sr. entrou como laranja. A� eu expliquei para ele que eu trabalhei para ele, ele me pedia para fazer esses dep�sitos, mas eu nunca perguntei do que era, n�?

Defesas

O advogado C�ssio Cubero, que defende Pedro da Silva, foi procurado pela reportagem e se manifestou. "A fundamenta��o para a pris�o � insubsistente, pois n�o h� qualquer risco �s investiga��es, pelo fato do Sr. Pedro ter sido exonerado h� mais de trinta dias e tamb�m porque as provas j� foram colhidas. O Sr Pedro faz jus a liberdade provis�ria pois manifestou demoradamente em seu depoimento, contribuindo totalmente para elucida��o dos fatos, as empresas que tem ou que teve, foi sempre em nome pr�prio e a alega��o de que algumas seriam fantasmas cai por terra com simples pesquisa no TRT ou no TJ-SP, onde se constata v�rios processos trabalhistas, cobran�a e outros".

"Estamos reunindo documenta��o necess�ria para comprovar os lastros financeiros relacionados as empresas, o Sr. Pedro sempre foi empreendedor, sempre em nome pr�prio, jamais usou nome de terceiros para empreender, justamente por se tratar de atividade licita. J� trabalhou com eventos, farm�cia, bar, restaurante e produ��o rural, hoje desenvolve apenas a atividade de produtor rural, venda e compra de gado e leite".

O presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, reitera seu total apoio �s investiga��es. Se houve desvio, Alckmin defende puni��o exemplar. Caso contr�rio, que o direito de defesa prevale�a. Com rela��o ao caso mencionado pela reportagem, o ex-governador de S�o Paulo refor�a que todas as informa��es solicitadas foram prestadas pela Dersa ao TCU, que ainda n�o julgou o caso.

A Dersa - Desenvolvimento Rodovi�rio S/A tamb�m se manifestou. Disse, em nota, que a empresa e o Governo de S�o Paulo "s�o os maiores interessados acerca do andamento do processo. Havendo qualquer eventual preju�zo ao er�rio p�blico, o Estado adotar� as medidas cab�veis, como j� agiu em outras ocasi�es".


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