
Oficializado como candidato � Presid�ncia da Rep�blica pelo PDT, Ciro Gomes faz movimentos para se aproximar da esquerda, ap�s perder apoio do centr�o. O bloc�o — formado pelo DEM, Solidariedade, PP, PRB e PR — fechou com Geraldo Alckmin (PSDB), deixando a briga pelo PSB ainda mais acirrada. Com um discurso que celebra as opini�es diferentes e ataca os “privil�gios”, Ciro luta para conquistar aliados e romper o isolamento.
A conven��o nacional do partido ocorreu ontem, em Bras�lia. Ao lado da fam�lia, o pedetista defendeu acabar com o �dio entre os brasileiros, principalmente a troca de insultos na internet. “Vamos promover um debate fraterno que, basicamente, come�a por respeitar as diferen�as. Acabar com essa ideia de brasileiro contra brasileiro, se ferindo pela internet. Porque � t�o grave e complexa a situa��o, que precisamos de todas as ideias, porque ningu�m � dono da verdade”, afirmou. E completou, sem citar nomes de outros pr�-candidatos: “Alguns est�o com simplifica��es grosseiras e frases de efeito prontas”. Esta � a terceira vez que o pedetista concorre ao Pal�cio do Planalto, as outras vezes foram em 2002 e 1998.
Sobre temas econ�micos, Ciro defendeu um novo plano de desenvolvimento, com o apoio da ind�stria. Voltou a falar sobre a import�ncia do combate � redu��o da pobreza e a necessidade de empregos formais dentro do pa�s. Aliado �s pautas de esquerda, o candidato tamb�m refor�ou o discurso das minorias, defendendo o sistema de cotas para negros em universidades p�blicas, al�m de repudiar a viol�ncia contra o grupo. “A imensa maioria dos homic�dios s�o de pobres, negros, pardos, caboclos. E para a nossa revolta aumentar, apenas uma quantidade min�scula desses casos no pa�s foram investigados”, declarou. “Corrup��o � um c�ncer, que destr�i a cren�a na democracia”, acrescentou.
Sem o centr�o, a tend�ncia � de que Ciro se aproxime do PSB, partido no qual tenta fechar alian�a desde o in�cio da pr�-candidatura. Uma eventual coaliz�o aumentaria o tempo de televis�o e o fundo eleitoral do pedetista. Tamb�m presente no evento, o coordenador da campanha e irm�o de Ciro, o ex-governador do Cear� Cid Gomes (PDT) comentou sobre as alian�as. Questionado se o PT poderia atrapalhar uma coaliz�o entre o PDT e o partido socialista, Cid minimizou as investidas dos petistas: “� natural que, nesse processo pol�tico, todos queiram fazer alian�as. Ao mesmo tempo em que o Ciro procura o PSB, � natural que outros partidos tamb�m o procurem”.
Presidente do partido, Carlos Lupi (SP) tamb�m discursou a favor do presidenci�vel, antes do primeiro discurso de Ciro como candidato. Ap�s cantarem o hino nacional e o hino da independ�ncia, Lupi falou sobre a import�ncia de continuar o trabalho no partido de Leonel Brizola, pol�tico exilado durante a ditadura militar, e elogiou o trabalho do candidato. “A maior cr�tica dos outros � de que Ciro � duro com as palavras, mas esse � um pa�s que precisa de gente com coragem e ousadia”, acrescentou.
An�lise
O cientista pol�tico Pedro Fassoni Arruda, professor da PUC de S�o Paulo, diz que a movimenta��o de Ciro � a �ltima op��o para que ele consiga musculatura suficiente para competir com os grandes. “Ciro � o candidato de um partido que n�o � muito grande, tem uma bancada menor que os concorrentes. Procura ganhar musculatura para competir com os grandes, mas precisa de capilaridade. Negociou com DEM, PRB, PTB e acabou isolado. Agora s� resta correr para a esquerda.”
Fassoni acredita que o PSB e o PCdoB ser�o as pr�ximas apostas do pedetista. “Diante de um cen�rio polarizado, o PSol apoiaria Ciro no segundo turno. N�o existe nenhuma possibilidade de alian�a no primeiro, e Ciro precisa conseguir tempo e dinheiro. Por isso, tem que negociar. O an�ncio da candidatura envia um sinal para os partidos da esquerda de que ele quer se viabilizar.”
O cientista pol�tico Ivan Ervolino lembra que a campanha come�ar� em agosto, ser� curta e sem dinheiro. “Est�o todos avaliando e reavaliando o que fazer nesse momento. Ciro n�o tem muito mais para onde ir e, como as leis mudaram, o jeito de fazer campanha mudou. Ainda temos muitos candidatos colocados � mesa. Daqui para frente, Ciro deve acompanhar as movimenta��es diariamente e tentar ficar mais bem posicionado para sair na frente.”