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Estado de Minas POL�TICA

De f� de Bolsonaro a apoiador de esquerda: militares concorrem a governos pelo pa�s

O perfil dos candidatos a cargos no Executivo em 2018 tem em comum a falta de experi�ncia na vida pol�tica


postado em 13/08/2018 07:24 / atualizado em 13/08/2018 09:28

O crescimento de Bolsonaro foi um dos fatores inspiradores das candidaturas de militares(foto: Marcos Vieira / EM / D.A. Press)
O crescimento de Bolsonaro foi um dos fatores inspiradores das candidaturas de militares (foto: Marcos Vieira / EM / D.A. Press)

O perfil dos militares que v�o disputar cargos no Poder Executivo neste ano vai de f�s do deputado federal Jair Bolsonaro, presidenci�vel do PSL, at� "militares de esquerda". Em comum, eles t�m falta de experi�ncia na vida pol�tica, programas de governo ainda pouco estruturados e um sentimento declarado de rejei��o a propostas de nova interven��o militar.

� o caso do major Adriano Costa e Silva, de 41 anos, 24 dos quais passados no Ex�rcito. Ele vai disputar o governo de S�o Paulo pelo partido Democracia Crist� (antigo Partido Social Democrata Crist�o). "Nunca fui candidato a nada. Nem a s�ndico do pr�dio. Estava quietinho no quartel quando recebi o convite para sair candidato", disse.

Ele diz rejeitar a hip�tese de uma nova interven��o militar, mas v� os pedidos como o grande motivador dessas candidaturas. "Acho que � esse clamor da popula��o que faz com que a gente saia dos quart�is e se ofere�a como alternativa", afirmou.

O general de Brigada do Ex�rcito Paulo Chagas, de 69 anos, disse que decidiu se "oferecer" ao nanico Partido Republicano Progressista (PRP) para "incurs�o" na pol�tica: � candidato a governador do Distrito Federal. Na reserva desde 2006, depois de um per�odo como chefe da sele��o de equita��o, e integrante do Ternuma (acr�nimo para Terrorismo Nunca Mais, coletivo criado para se opor ao movimento Tortura Nunca Mais, do fim dos anos 1980), ele fala com saudosismo sobre a ditadura militar. Mas argumenta que "as circunst�ncias" hoje s�o "completamente diferentes".

"Como diz o nosso comandante (Eduardo Villas B�as, do Ex�rcito), (interven��o militar) � um retrocesso. O Brasil n�o pode andar para tr�s." Conservador e de direita, o oficial costuma vestir terno e ostenta bigode de fios brancos. Em fotos de perfil, ainda aparece de farda e quepe. Diz que os militares desprezaram o ingresso em grandes partidos porque, segundo ele, estavam contaminados por filiados corruptos. "Tinha de ser partido de centro direita e n�o ter tornozeleira eletr�nica."

'Preconceito'

Candidato ao governo do Sergipe, o policial militar M�rcio Souza, de 41 anos, diz enfrentar "preconceitos" - por ser militar, crist�o e filiado ao PSOL, um partido de orienta��o de esquerda. Nessa condi��o, diz que sempre � visto com desconfian�a. "Ao ver apenas pela profiss�o, muitos fazem avalia��es equivocadas. J� a vanguarda da esquerda me v� como um milico infiltrado. E, na caserna, muitos interpretam como se eu fosse contra a exist�ncia da pol�cia".

Segundo ele, a forma��o cat�lica o levou para a milit�ncia de esquerda. Souza defende uma PM "com olhar mais humanizado" e desmilitarizada, al�m de ser contr�rio � libera��o do porte de armas para civis. "A Pol�cia � algo importante para evitar a barb�rie", afirmou.

Planos

A rejei��o de Souza �s propostas de Bolsonaro n�o poderia divergir mais da admira��o professada por outro militar, Carlos Mois�s da Silva, de 51 anos, candidato ao governo de Santa Catarina. Ele se filiou h� quatro meses ao PSL pelo alinhamento de ideias com Bolsonaro. "Acreditamos numa pol�tica sem troca-troca. Nossa principal defesa � o combate � corrup��o."

O candidato fez carreira no Corpo de Bombeiros de Tubar�o (a 138 km da capital), onde em 18 anos de servi�o passou de comandante a tenente-coronel e corregedor adjunto. Na reserva, se mudou de volta para a capital h� cinco meses e, a convite de Lucas Esmeraldino, presidente estadual da sigla e candidato ao Senado, se tornou tesoureiro do PSL.

Como Bolsonaro, Mois�s n�o tem uma plataforma pol�tica estruturada. Diz que "n�o adianta fazer planos. Se planos resolvessem, o Brasil seria a Europa". Uma proposta, diz, � diminuir o tamanho da m�quina p�blica, reduzindo o n�mero de secretarias no Estado.

Propostas v�o de soldo maior a benef�cios


Apesar da resist�ncia na c�pula das For�as Armadas, o emprego dos militares em a��es de seguran�a p�blica aproximou a tropa dos policiais militares, subordinados aos governadores. Hoje, n�o s� os policiais candidatos, mas tamb�m os oficiais e pra�as do Ex�rcito assumiram como bandeira de campanha a defesa de aumentos no soldo, benef�cios para fam�lias de PMs vitimados e mudan�as na lei para atuar em confrontos armados, sem que homic�dios praticados por policiais gerem processos judiciais.

Militares reassumiram protagonismo no primeiro escal�o do governo Temer e passaram a ser mais empregados em a��es de seguran�a p�blica. O �pice foi a decreta��o da interven��o federal na seguran�a do Rio - a cargo de outro militar, o general Walter Souza Braga Netto, comandante militar do Leste. Temer recriou o GSI e, pela primeira vez desde a redemocratiza��o, nomeou um militar para o Minist�rio da Defesa, o general da reserva Joaquim Silva e Luna.

Ap�s a redemocratiza��o, dois militares que haviam sido governadores bi�nicos durante a ditadura chegaram ao poder pelo voto direto: o vice-almirante da Marinha Annibal Barcellos, pelo PFL (atual DEM) em 1990 no Amap�, e o brigadeiro da Aeron�utica Ottomar Pinto, do PTB, em Roraima, que ainda governou o Estado a partir de 2004 e foi reeleito em 2006, pelo PSDB, antes de morrer no ano seguinte.

Candidaturas de militares dobram em quatro anos


Incentivados pela reprova��o a pol�ticos de carreira, militares ampliaram a participa��o na disputa por cargos do Poder Executivo neste ano. O n�mero de candidatos origin�rios das For�as Armadas, da Pol�cia Militar e do Corpo de Bombeiros quase dobrou em rela��o ao pleito de 2014. O jornal "O Estado de S. Paulo" identificou pelo menos 25 militares, da ativa ou da reserva, que v�o concorrer a presidente, vice-presidente, governador ou vice-governador, ante 13 nomes na elei��o passada, um aumento de 92%. Se comparado com 2010, quando sete militares disputaram esses cargos majorit�rios, a alta chega a 257%.

Quando considerado todo o universo de candidatos ao Executivo, os militares representam 7% dos nomes j� anunciados pelos partidos. Na elei��o passada, a propor��o era de 3% do total de profiss�es registradas ao fim do pleito, conforme dados da Justi�a Eleitoral. Os n�meros podem sofrer varia��es porque o prazo para os candidatos requisitarem o registro vai at� a pr�xima quinta-feira. O perfil dos candidatos vai de apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) at� militar filiado a partidos de esquerda.

Com mais de 64 mil assassinatos registrados no ano passado e confrontos frequentes entre fac��es criminosas internacionalizadas, a viol�ncia tornou-se uma das pautas mais sens�veis do debate eleitoral.

"Os militares est�o sendo al�ados a se candidatar como consequ�ncia do momento nacional, um Pa�s enfrentando tantas mazelas e dificuldades. Pesquisas de opini�o junto � sociedade brasileira mostram que, entre as demais institui��es, as For�as Armadas t�m maior �ndice de confiabilidade. E a sociedade est� em busca disso", afirma o comandante do Ex�rcito, general Eduardo Villas B�as, que promoveu rodadas de conversas com os principais concorrentes � Presid�ncia da Rep�blica. Essa vis�o � endossada pelo ministro-chefe do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI) da Presid�ncia, general S�rgio Etchegoyen.

Para o cientista pol�tico Hilton Cesario Fernandes, da FESPSP, com a crise na �rea da seguran�a p�blica, os casos de corrup��o e o descr�dito nos nomes tradicionais da pol�tica "era de se esperar que militares fossem o ‘perfil da vez’ para muitos eleitores". "E esta � uma tend�ncia que n�o tem dado sinais de mudan�a para os pr�ximos anos", afirmou ele.

Divis�o

Dos 25 nomes, seis s�o do Ex�rcito, a maior das tr�s For�as e a mais influente politicamente. N�o h� candidatos da Marinha ou da Aeron�utica. Os demais s�o policiais (17) e bombeiros militares (2). A reportagem n�o incluiu na contagem candidatos a cargos no Legislativo nem carreiras vinculadas � seguran�a p�blica, mas de car�ter civil, como guardas municipais, delegados e policiais civis ou federais que tamb�m v�o disputar cargos majorit�rios

Tr�s militares concorrem ao Pal�cio do Planalto, como candidato a presidente ou vice: Bolsonaro, que � capit�o da reserva do Ex�rcito, e seu candidato a vice, o general da reserva do Ex�rcito Hamilton Mour�o (PRTB), al�m do deputado Cabo Daciolo (Patriota), ex-bombeiro.

Os outros 22 nomes disputam cargos de governador ou vice. No Rio, por exemplo, o PRTB lan�ou uma chapa pura formada por dois policiais militares. Em S�o Paulo, tr�s mulheres da Pol�cia Militar foram convidadas para compor chapas como candidatas a vice-governadora do Estado.


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