
Com a desist�ncia de Marcio Lacerda (PSB) de concorrer ao governo de Minas, petistas e tucanos devem mais uma vez polarizar a disputa eleitoral no estado, o que vem ocorrendo desde 2002. Sem o ex-prefeito no p�reo, h� possibilidade de que a disputa se encerre em um �nico turno, considerando que seis dos oito candidatos s�o pouco conhecidos, de pequenas legendas, com um ex�guo tempo de campanha para ganhar visibilidade.
Em carta divulgada na ter�a-feira (21), Lacerda anunciou a sua desfilia��o do PSB e, portanto, n�o pretende disputar nem mesmo o Senado na coliga��o encabe�ada pelo governador Fernando Pimentel (PT). A candidatura de Lacerda estava sub judice: houve duas conven��es, duas atas encaminhadas � Justi�a Eleitoral – uma pela conven��o estadual do partido, que o lan�ou candidato, e outra pela conven��o nacional, que se coligou com o PT, apoiando a reelei��o de Pimentel.
Agora, prevalecer� a coliga��o do PSB com o PT, o PR e o PCdoB, o que dar� � campanha majorit�ria de Pimentel o tempo adicional da legenda de 54 segundos di�rios em inser��es e 1min10s nos dois blocos do hor�rio eleitoral para o governo de Minas, �s segundas, quartas e sextas.
Ao todo, Pimentel passar� a ter 5min11s nos dois blocos, al�m de 4min6s em inser��es di�rias, o que reduzir� um pouco a diferen�a em rela��o � campanha do senador Antonio Anastasia (PSDB), que conta com 6min 44s nos dois blocos do hor�rio eleitoral e 5min15s em inser��es di�rias.
Embora no MDB deputados federais e estaduais tivessem a informa��o de que a candidatura de Lacerda poderia sofrer um rev�s na Justi�a Eleitoral, houve surpresa com a decis�o do ex-prefeito de Belo Horizonte. Tamb�m representantes dos partidos aliados na coliga��o – o Pros, o PRB, o PDT, o PV e o Podemos se disseram surpresos, mas desconfiados de que alguma coisa ocorreria, j� que Lacerda havia convocado para hoje um almo�o com todos os partidos da coliga��o.
O MDB, que indicou o vice da chapa, o deputado estadual Adalclever Lopes, presidente da Assembleia Legislativa, discutia ontem, sem consenso, o que fazer. Alguns defendiam lan�ar a candidatura de Adalclever Lopes ao governo, tendo por vice o ex-vereador Daniel Nepomuceno (PV), que � primeiro suplente ao Senado do candidato da chapa, o deputado federal Jaime Martins (Pros). Mas Nepomuceno descartou essa hip�tese.
Ao mesmo tempo em que alguns emedebistas insistem na cabe�a da chapa como forma de puxar votos para as elei��es proporcionais, houve propostas de parlamentares para que a chapa n�o lan�asse candidato ao governo – no jarg�o, uma chapa “mula sem cabe�a” – e cada candidato ficaria livre para apoiar outro nome ao governo (o petista Fernando Pimentel ou o tucano Anastasia). “O MDB n�o pode mais se coligar formalmente com o PT porque o prazo para esse tipo de arranjo j� se encerrou”, afirmou o advogado especializado em direito eleitoral Paulo Henrique Studart.
“Sai o PSB, mas mant�m-se a coliga��o do MDB, o Pros, o PDT, o PV e o Podemos, que poder� indicar um candidato ao governo, ou poder� desistir de ter candidatura majorit�ria ao governo, mantendo as coliga��es para a C�mara dos Deputados e a Assembleia Legislativa”, afirmou o jurista especializado Jo�o Batista de Oliveira.
Seja qual for a decis�o pol�tica das legendas, ela n�o ser� f�cil, j� que os candidatos a deputado estadual e federal demonstram desconforto com a linha de corte das chapas. Para deputado federal est�o coligados agora MDB, PV, PDT e PRB. A linha de corte era de aproximadamente 70 mil e n�o deve se alterar, pois o PSB tem um s� parlamentar, J�lio Delgado.
Mas para a Assembleia Legislativa est�o coligadas as mesmas siglas mais o Podemos, e a linha de corte � de 60 mil. A sa�da do PSB, que tem quatro deputados estaduais, ter� um impacto na din�mica das proje��es.
Advers�rios
A desist�ncia de Lacerda de concorrer ao governo provocou rea��o de advers�rios na disputa, que se solidarizaram com ele. Anastasia declarou que a sa�da de Lacerda afeta a capacidade propositiva da campanha, j� que ele � um candidato de “alto n�vel”. “Fico triste pela aus�ncia do Marcio, que certamente traria com suas boas ideias um alto n�vel � nossa campanha em Minas Gerais”, disse.
O governador Fernando Pimentel preferiu n�o se manifestar. A presidente do diret�rio petista em Minas, Cida de Jesus, disse apenas que a decis�o de n�o concorrer no estado foi tomada pelo PSB. “N�o pretendo comentar as declara��es, j� que o partido dele, o PSB, faz parte da nossa chapa e a decis�o foi tomada pelo diret�rio nacional do partido”, afirmou.
Outro que se manifestou foi o candidato da Rede, Jo�o Batista Mares Guia, que, al�m de se solidarizar com Lacerda, se autointitulou como “terceira via”, fugindo da polariza��o entre os candidatos do PT e PSDB. Ele ainda classificou o ocorrido com Marcio Lacerda como “golpe” em que a democracia e a qualidade da disputa saem perdendo.
“E registro que � um enorme desrespeito a uma pessoa decente, que foi um bom prefeito em Belo Horizonte e que h� mais de dois anos est� em campanha de peregrina��o.” (Colaborou Marcelo Ernesto)