
“Vamos desapropriar im�veis ociosos. N�o vamos desapropriar casa que ningu�m mora. Vamos pegar especialmente im�veis nos centros das cidades. Vamos come�ar pelos pr�dios abandonados pelo Poder P�blico”, afirmou.
Boulos disse ainda que vai investir em creches em tempo integral, para zerar o d�ficit hoje existente no pa�s, al�m de aumentar os recursos do Bolsa Fam�lia para algo em torno de R$ 50 bilh�es. Tamb�m prometeu dobrar os recursos da sa�de e criar o programa “Levanta Brasil”, com um investimento de R$ 180 bilh�es na constru��o de escolas, hospitais, creches, moradia popular e saneamento, para gera��o de emprego e renda. “Vamos gerar 6 milh�es de empregos”, afirmou.
Os recursos para esses programas, segundo o candidato, vir�o da taxa��o das grandes fortunas, da cobran�a de Imposto de Renda dos mais ricos e do corte de privil�gios nos setores p�blico e privado.
Boulos foi o quarto candidato a participar da s�rie de entrevistas promovida pela EBC, transmitidas ao vivo, �s 17h30, pela TV Brasil, R�dio Nacional, Portal EBC e Ag�ncia Brasil.
Participaram da entrevista a jornalista Roseann Kennedy, mediadora, Mara Bergamaschi, da Ag�ncia Brasil, Paulo Leite, da TV Brasil, e Priscilla Mazenotti, da R�dio Nacional.
Dividida em tr�s blocos que somam 45 minutos, foi realizada ao vivo na sede da EBC, em Bras�lia. O objetivo da s�rie de entrevistas � mostrar � popula��o as propostas e ideias de todos os candidatos, enriquecendo o debate dos grandes temas nacionais.
A seguir, os principais temas da entrevista:
Comunica��o p�blica
Boulos ressaltou a import�ncia de valorizar a comunica��o p�blica porque, segundo ele, garante democracia e diversidade. “N�s vamos fortalecer a comunica��o p�blica”, disse.
Seguran�a
As medidas principais apresentadas pelo candidato s�o: preven��o e intelig�ncia. “N�s n�o queremos construir mais pres�dios, mas mais escolas. Onde h� mais oportunidades � onde se reduz a viol�ncia”, disse.
Sobre a desmilitariza��o da pol�cia, Boulos explicou que quer promover uma pol�cia com uma outra forma��o, como � na maior parte dos pa�ses, como na Europa, nos Estados Unidos e tamb�m na Am�rica Latina, que se paute pela cidadania. “Mas que sua primeira op��o � a preven��o, n�o a repress�o”.
Crise carcer�ria
Segundo Boulos, o sistema carcer�rio revela o fracasso da pol�tica do encarceramento em massa. “N�s nos tornamos a terceira maior popula��o carcer�ria do mundo, nos �ltimos tr�s anos. Temos de discutir outras formas que n�o seja s� o regime fechado. Existem regime aberto, semi-aberto e outras formas”. Para ele, a regress�o de pena � um debate que tem de ser feito, deve ser considerado caso a caso, “este regime de achar que colocar todo mundo em cadeia d� uma falsa sensa��o de seguran�a”.
Descriminaliza��o das drogas
Para o candidato do PSOL, o conceito de droga e abuso deve ser tratado como tema de sa�de p�blica. “O grande comando do crime organizado est� ligado ao poder econ�mico e muitas vezes com ramifica��es com o poder pol�tico. Isso deve ser tratado com intelig�ncia. N�o � caso de pol�cia. � muito mais caso de SUS [Sistema �nico de Sa�de]”, disse Boulos. “A pol�tica antitabagista � um caso de sucesso, sem arma e sem viol�ncia.”
Descriminaliza��o e legaliza��o do aborto
Boulos disse que a a��o que est� no Supremo Tribunal Federal sobre o aborto foi colocada pelo seu partido. “A discuss�o � se vai ocorrer de maneira segura ou n�o. O que defendemos � que aborto seja tratado como assunto de sa�de p�blica e que o SUS tenha condi��es de acolher. Precisamos integrar ao servi�o p�blico de sa�de. Isso vai vir junto com o processo de preven��o de gravidez indesejada”, disse.
SUS
“O problema do Brasil � que o dinheiro est� concentrado e n�o chega onde tem de chegar”, disse Boulos. Segundo ele, o problema do Brasil n�o � o “cobertor curto”. Ele prop�s que os investimentos no SUS sejam dobrados em quatro anos. “Se a gente taxar grandes fortunas, se fizer essa reforma tribut�ria, quem tem mais vai pagar mais. N�s vamos dobrar, mas n�o de qualquer jeito. Com dinheiro, n�s vamos permitir que a pessoa chegue � UBS [Unidade B�sica de Sa�de] e fa�a seu atendimento”, disse. Ele tamb�m prop�s investir em preven��o, refor�ar as equipes de sa�de da fam�lia, saneamento b�sico e atendimento prim�rio. “As pessoas ser�o acompanhadas permanentemente”.
A respeito da interioriza��o de profissionais, Boulos disse que "n�o d� para a sociedade brasileira gastar fortunas para formar m�dicos e n�o terem responsabilidade". "Temos de garantir um projeto de contrapartida social para que eles passem um per�odo no SUS. O conceito � ter essa contrapartida", defendeu.
Bolsa Fam�lia
O candidato afirmou que esteve em Alagoas e verificou que houve cortes injustos do programa. “O problema n�o � o Bolsa Fam�lia. Vamos ampliar e aumentar os valores, ocupando no or�amento um valor pr�ximo a R$ 50 bilh�es. A porta de sa�da � a gera��o de emprego e renda”, destacou.
Levanta Brasil
Ser� um grande programa de gera��o de emprego e renda, disse Boulos. “N�s temos um levantamento que com R$ 180 bilh�es, teremos condi��es de levar adiante o projeto. N�s vamos fazer o 'Levanta Brasil', vamos gerar 6 milh�es de empregos. Nosso foco de investimentos ser� fazer UBS, moradia popular e creche. O povo vai ganhar com servi�os p�blicos de qualidade”, destacou.
Mais creches
O candidato diz que sua proposta � zerar o d�ficit de creches no pa�s. “Vamos investir em creches. Ser� creche em tempo integral. N�s vamos federalizar o investimento para que o recurso chegue onde tem de chegar”.
Desapropria��es
“Minha primeira medida � fazer a lei ser cumprida. Vamos desapropriar im�veis ociosos”, prometeu Boulos, destacando que ser�o desapropriados especialmente im�veis nos centros das cidades. “Vamos come�ar pelos pr�dios abandonados pelo Poder P�blico. Toda ocupa��o � resultado de um duplo abandono: de im�veis e fam�lias. Tem mais casa sem gente do que gente sem casa no Brasil”, disse.
Programas de pesquisa
Boulos prop�s a valoriza��o do ensino p�blico, com a cria��o de 1 milh�o de vagas nas universidades, “desde que se mexa em privil�gios”. “D� e sobra. Vai ter dinheiro para pesquisa e manuten��o. Uma das canetas gostosas ser� assinar o fim do aux�lio-moradia para quem tem casa – deputado, juiz”, completou.
Marielle Franco
Boulos disse que quer honrar a mem�ria da vereadora assassinada Marielle Franco, levando adiante seus projetos, como o da creche em tempo integral. “Sou professor, dei aula em escola p�blica, sei o que � isso. Faltam papel higi�nico e giz. Vamos pagar melhor professor, fazer reforma curricular, investir em tecnologia e wi-fi”.
Sal�rio m�nimo
Boulos disse que a meta � elevar o sal�rio m�nimo para R$ 3,8 mil. “Isso � uma meta. N�o ocorrer� em 2019. O nosso horizonte � chegar ali, vamos retomar uma pol�tica de sal�rio m�nimo, pois ele perdeu o poder de compra, porque isso n�o � gasto, � investimento”, disse.
Reajuste do IRPF
Boulos prop�s criar uma al�quota de 35% para os super-ricos e a supertaxa��o. “No Estado brasileiro, quem tem mais, paga menos, e quem tem menos, paga mais. O super-rico tem de pagar imposto. N�s estamos trabalhando com o conceito de renda de R$ 320 mil por ano e a fortuna est� sendo discutida com os economistas que est�o respons�veis pelo programa”.
Agroneg�cio
Boulos destacou que n�o pretende acabar com o agroneg�cio, mas que o motor no campo � a agricultura familiar. “Vamos fortalecer a agricultura familiar. Vamos dar cr�dito ao pequeno agricultor, estimular e permitir que ele chegue ao mercado sem depender de intermedi�rios. N�s queremos um outro modelo de desenvolvimento”, disse, acrescentando que quer banir transg�nicos e agrot�xicos.
Privatiza��es
Boulos disse que ir� suspender todas as privatiza��es. “Em rela��o �s j� privatizadas, vamos ver caso a caso. Vamos fiscalizar e dependendo do caso ser� retomado para o Poder P�blico”, afirmou.
Considera��es finais
Em sua fala final, Boulos voltou a ressaltar a import�ncia de que a comunica��o p�blica seja fortalecida e destacou a atua��o da milit�ncia do PSOL.
Venezuelanos
Ap�s a participa��o em entrevista � EBC, Guilherme Boulos conversou com jornalistas e tratou da imigra��o de venezuelanos para o Brasil. Segundo ele, “a situa��o de Roraima � uma situa��o humanit�ria muito grave”.
O candidato do PSOL disse que esteve em Boa Vista h� dois meses e que a "imigra��o provocada pela crise econ�mica e tamb�m pela situa��o pol�tica muito grave no pa�s. Esses imigrantes t�m que ser acolhidos”, defendeu.
Boulos criticou rea��es violentas e de xenofobia contra os venezuelanos. “Eu fiquei chocado, muito triste, com as cenas que a gente viu em Pacaraima h� poucos dias. Ver fam�lias inteiras, n�o importa a origem, a nacionalidade... S�o crian�as, s�o m�es, s�o pais que estavam l� porque foram for�ados pela situa��o prec�ria tendo seus pertences queimados e sendo amea�ados e escorra�ados do lugar”, condenou.
* Colaboraram Ana Cristina Campos, Gilberto Costa e Luiza Dam�