
Numa tentativa de assumir o discurso da terceira via encampado pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB), o presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (MDB), de 52 anos, candidato ao governo de Minas, anuncia: “Minas precisa acabar com a ditadura do PT e do PSDB. � preciso dar oportunidade para outras op��es”.
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Segundo ele, falta lideran�a ao governador Fernando Pimentel para coordenar a bancada federal mineira. O candidato do MDB diz que foi o PT que escolheu Michel Temer (MDB) como vice na chapa de Dilma Rousseff por duas vezes, e, por fim, insinua que Pimentel negocia mal com o governo federal porque se comportaria como “representante de uma sigla partid�ria” e n�o como “governador de Minas”.
Veja o v�deo com a entrevista completa
O sr. est� no exerc�cio de seu quarto mandato como deputado estadual. Em sua carreira pol�tica, nunca teve experi�ncia no comando do Poder Executivo, seja numa prefeitura ou no estado. Caso eleito, essa condi��o poder� prejudicar uma eventual gest�o?
Na �ltima elei��o, depois do quarto mandato, fui eleito e reeleito presidente da Assembleia por unanimidade. Em termos de gest�o, a experi�ncia na Assembleia � de muita economia, uma administra��o dentro do or�amento, sem nenhum tipo de suplementa��o. A Assembleia est� muito bem gerida economicamente.
O sr. declarou � Justi�a Eleitoral um patrim�nio de pouco mais de R$ 38 mil, no qual se inclui um ve�culo automotor. Isso gerou coment�rios de todo tipo nas redes sociais, uma vez que � de conhecimento p�blico que os parlamentares t�m um sal�rio relevante. Como explica isso ao eleitor?
Seria estranho se tivesse muito dinheiro. Vivo rigorosamente com o que recebo. E minhas despesas n�o s�o pequenas, porque tenho dois filhos que estudam em escolas boas. Meus recursos, gasto todos para me manter. E n�o � tanto como as pessoas acham. Ganho realmente R$ 16 mil l�quidos, quando tira Imposto de Renda e outros descontos.
Nesse valor est� inclu�do o aux�lio-moradia que o sr. recebe?
N�o. S�o R$ 16 mil l�quidos, mais o aux�lio-moradia que eu recebo. � o que recebo e com o que mantenho a minha fam�lia. Fiz uma op��o de n�o ter bens, tenho uma casa, um apartamento em que moro, um apartamento bom, em nome de minha mulher, e tenho um carro. Essa � a verdade.
O pr�ximo governador de Minas vai enfrentar um d�ficit fiscal de R$ 5,6 bilh�es previsto na Lei Or�ament�ria de 2019, montante que sup�e, em princ�pio, uma melhora na arrecada��o, portanto, a retomada do crescimento. Os mais pessimistas projetam um d�ficit de R$ 30 bilh�es. Diante desta realidade, qual � o seu plano de a��o para colocar sal�rios em dia, investir na educa��o, na sa�de e na seguran�a, principais itens da pauta do eleitor mineiro?
Em primeiro lugar, queria colocar a situa��o da minha candidatura. Eu era candidato a vice-governador. O candidato era o ex-prefeito Marcio Lacerda. O PT fez um acordo com o PSB e n�o deixou em hip�tese alguma que o Marcio fosse candidato. Tinha medo da terceira via. Foi formado grupo com sete partidos que vinha trabalhando outra alternativa, uma outra op��o, outro projeto e topei o desafio. Falo que a minha candidatura � de f�, coragem e de esperan�a. Essa foi a circunst�ncia que me levou a ser candidato. Quanto � quest�o de enfrentar o d�ficit, a primeira op��o � enxugamento geral, at� como demonstra��o do que fizemos na Assembleia. Reduzimos os custos, trabalhamos dentro do planejado e a situa��o � muito tranquila. No estado � a mesma coisa. Tem os concursados, que s�o muitos, e t�cnicos de primeira linha que podem ocupar chefias, secretarias. Temos hoje R$ 140 bilh�es de compensa��o da Lei Kandir a receber do governo federal. O estado deve R$ 100 bilh�es. Temos a receber R$ 40 bilh�es. Precisamos buscar isso de forma firme. Reunir todos os representantes de Minas para buscar esse recebimento do governo federal. O que a popula��o n�o aguenta mais � a guerra entre PT e PSDB. Est� todo mundo cansado disso.
At� mar�o deste ano o sr. estava na base de sustenta��o do governador e projetava fazer parte da chapa majorit�ria como candidato ao Senado. O que aconteceu para a ruptura?
N�o houve isso. Nunca me coloquei como vice de Pimentel, pelo contr�rio, viajei o estado inteiro com o meu partido pregando candidatura pr�pria. Inclusive, todo o MDB defendendo candidatura pr�pria. � l�gico que os mais pr�ximos achavam que eu poderia ser candidato ao Senado por um motivo: tive 100% dos votos dos deputados, fui reeleito presidente por unanimidade. Todo mundo dizia: se Adalclever for candidato ao Senado com duas vagas, os deputados teriam facilidade para votar. Fizemos depois uma grande composi��o com Marcio Lacerda e essa era a chapa. Como n�o permitiram que fosse candidato, assumi o projeto de uma terceira via. Minas precisa acabar com a ditadura do PT e do PSDB. � dar oportunidade para outras op��es.
Quais s�o as suas propostas para a mobilidade na Grande BH e no resto do estado, considerando que rodovias como a BR-381 n�o recebem os investimentos necess�rios?
Por causa dessa dicotomia entre o PT e o PSDB, h� 16 anos n�o recebemos nenhuma obra: o metr�, a 381. Como governador do estado, vou chegar em Bras�lia n�o como representante de uma sigla partid�ria, mas como governo de Minas. A primeira coisa a fazer, ap�s a elei��o, antes mesmo da posse, � reunir todos os representantes de Minas para que se tenha unidade nos pedidos essenciais para o estado nas obras de infraestrutura. O governo federal nos deve muito, mas � preciso ter cobran�a de todos deputados, senadores e principalmente do governador do estado.
O que o sr. do MDB e a bancada do partido em Minas fizeram para cobrar do governo Michel Temer, tamb�m do MDB, obras que n�o foram realizadas no estado em seu governo?
Primeiro, criei na Assembleia uma comiss�o especial para discutir o encontro de contas do governo do estado com o governo federal. Fomos ao presidente da Rep�blica, fizemos um trabalho grande na Assembleia. Agora, Minas est� sem prest�gio pol�tico por falta de unidade. A bancada mineira est� dispersa porque falta l�der e quem lidera a bancada sempre foi o governador do estado. Falta lideran�a com pulso forte para levar a Bras�lia pleitos de que Minas precisa.
Tanto no plano nacional como no caso mineiro, os vices do MDB, respectivamente, Michel Temer e Antonio Andrade, romperam com os titulares e articularam abertamente para derrub�-los. At� que ponto na pol�tica o MDB � confi�vel?
De minha parte n�o houve nenhum rompimento com o governador. Tanto que o dia em que fomos l� comunic�-lo de que ter�amos um novo projeto, achamos que o MDB pode apresentar, porque � o maior partido do estado, fizemos grande composi��o. Quero s� deixar claro que quem escolheu por duas vezes o presidente Michel Temer como vice foi o PT.
Mas ele � do seu partido, n�o? Os candidatos a presidente, embora da base de sustenta��o de Temer, t�m negado essa rela��o pol�tica com o presidente...
Sim, � do meu partido, sou MDB e sou respons�vel por minhas a��es. Sou do MDB e nunca tive mandato por outro partido. � o meu quarto mandato. Estou e permane�o no MDB.