O Brasil tem de ser soberano e n�o pode aceitar interven��es externas de "interesses escusos". A opini�o � de Luiz Ant�nio Nabhan Garcia, de 60 anos, presidente da Uni�o Democr�tica Ruralista (UDR), sobre eventuais resist�ncias dos pa�ses signat�rios do Acordo de Paris a mudan�as na legisla��o ambiental brasileira, como desmatamento - inclusive na Amaz�nia -, e � fus�o dos minist�rios da Agricultura e do Meio Ambiente, em caso de uma vit�ria de Jair Bolsonaro (PSL).
O C�digo Florestal prev� que propriet�rios de terra no bioma t�m de preservar 80% de florestas dentro de suas terras na chamada Reserva Legal. Nabhan Garcia disse ainda que "a base dos produtores rurais que est� com Bolsonaro" n�o aceita interven��es do Acordo de Paris - esfor�o internacional assinado por 195 pa�ses em 2015 para conter o aquecimento do planeta. "H� interesses de outros pa�ses, de ONGs e interesses comerciais. O que o Acordo de Paris nos oferece? Nada."
Segundo o dirigente, a UDR defende ainda que Bolsonaro, se eleito, tome medidas contra "cart�is e monop�lios" que, segundo ele, lucram com as exporta��es de produtos agr�colas brasileiros nestes tempos de d�lar valorizado. De acordo com Nabhan Garcia, que afirmou falar pela UDR, enquanto se fazem an�ncios de safra recorde no Pa�s, "o produtor prim�rio fica cada vez mais pobre". "Estamos � merc� dos grandes frigor�ficos e de poucas empresas de exportadores de gr�os."
Impacto
Para um alto executivo de setor exportador do agroneg�cio, qualquer atitude que acabe levando a uma redu��o da fiscaliza��o ambiental ou � sa�da do Acordo de Paris vai ser um mau neg�cio para o pr�prio produtor. "� preciso convencer Bolsonaro de que o trabalho de fiscaliza��o do Ibama, embargando o desmatamento ilegal, e o Acordo de Paris ajudam os produtores rurais, n�o o contr�rio. S� n�o sabemos quem vai explicar isso a ele", disse, pedindo para n�o ser identificado.
O executivo lembrou que as metas com as quais o Brasil se comprometeu no Acordo de Paris se referem, basicamente, ao cumprimento da legisla��o hoje existente. Pelo C�digo Florestal, j� se pressup�e que n�o pode haver desmatamento ilegal no Pa�s. Para ele, "cumprir o Acordo de Paris � cumprir a lei". "O Pa�s se prop�s a fazer o que j� vinha fazendo."
Sobre a jun��o do Minist�rio do Meio Ambiente com o da Agricultura, analistas argumentaram que a formula��o de pol�ticas p�blicas que busquem a sinergia das duas �reas � algo positivo, mas a uni�o total, n�o. A preocupa��o � que deixar o Ibama sob o guarda-chuva do Minist�rio da Agricultura seria colocar em uma mesma pasta quem fiscaliza e quem � fiscalizado.
'Saia-justa'
Para o diplomata Rubens Ricupero, ex-ministro do Meio Ambiente e da Fazenda e hoje diretor da Faap, as propostas do presidenci�vel do PSL podem promover uma alta do desmatamento e afetar o pr�prio agroneg�cio. "Isso vai nos colocar em uma saia-justa enorme no mundo. Enchem a boca, como se apenas n�s export�ssemos soja, carne. Mas temos muitos concorrentes. A Uni�o Europeia j� n�o tem boa vontade nenhuma em nos fazer concess�es. Imagine em um governo que confirme seus piores temores. Seremos marginalizados. V�o dizer que � carne e soja produzidas � base da destrui��o da Amaz�nia", declarou o ex-ministro.
"� de interesse do produtor preservar. E a sustentabilidade � um fator diretamente ligado � competitividade. Hoje, os consumidores do mundo inteiro querem saber como a coisa foi produzida. Para sermos competitivos, � preciso ter essa preocupa��o", afirmou o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Estudos do Agroneg�cio da Funda��o Getulio Vargas (FGV).
Rodrigues tamb�m criticou a ideia de o Pa�s abandonar o Acordo de Paris. "O Brasil � muito grande, agricolamente falando, e do ponto de vista de contribui��o ambiental que pode dar, para dizer que simplesmente n�o quer mais jogar esse jogo."
Al�m de Nabhan Garcia, outros nomes j� estariam sendo sondados para a pasta. A deputada Tereza Cristina (DEM-MS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecu�ria (FPA), o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) e at� o atual ministro, Blairo Maggi, s�o cotados para o cargo. "Isso tudo � especula��o", disse Nabhan Garcia.