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Estado de Minas POL�TICA

Ang�stias com pol�tica v�o parar no div�

Segundo o diretor do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Gastalho de Bicalho, a entidade tem recebido um n�mero expressivo de relatos sobre as consequ�ncias psicol�gicas do processo eleitoral


postado em 22/10/2018 07:23 / atualizado em 22/10/2018 07:50

No dia seguinte � realiza��o do primeiro turno das elei��es, a psic�loga Tatiana Bacic Olic atendeu dez pacientes em sua cl�nica, em S�o Paulo. Naquela ocasi�o, todas as consultas, sem nenhuma exce��o, foram pontuadas pelas ang�stias e medos despertados pelo ambiente pol�tico do Pa�s. "Muita gente chegou dizendo que n�o conseguia dormir, com crises de choro, deprimidas ou mesmo tomando medicamentos."

O que aconteceu no consult�rio de Tatiana se repetiu em outras cl�nicas e div�s pelo Brasil. Segundo o diretor do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Gastalho de Bicalho, a entidade tem recebido um n�mero expressivo de relatos sobre as consequ�ncias psicol�gicas do processo eleitoral. "Em 20 anos de profiss�o jamais vi algo parecido, o Pa�s vive um momento bastante complicado de instabilidade ps�quica", diz Bicalho.

O quadro de desequil�brio emocional ficou t�o evidente que psic�logos e terapeutas de diversas correntes est�o promovendo as chamadas rodas de conversa e acolhimento



Eleitores de Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) que buscaram ajuda de psic�logos e terapeutas nas �ltimas semanas est�o com medo do "dia seguinte", do futuro imediato e das consequ�ncias sociais e econ�micas de uma elei��o marcada pela polariza��o e nega��o do outro. "Minha fam�lia procurou ajuda profissional porque o emocional est� muito inst�vel em casa. Meu irm�o menor est� assustado porque ouviu seus colegas falando sobre porte de arma em sala de aula; minha m�e chora todo dia e fala em ir embora do Brasil; fui amea�ada no Facebook por ser contra o Bolsonaro e meus amigos est�o com medo de uma ditadura", afirma uma estudante de 18 anos que, assim como outros pacientes, optaram pelo anonimato.

A psic�loga Fl�via Eug�nio conta que conversou com pacientes que estavam emocionalmente paralisados com receio at� de andar na rua e de outras situa��es cotidianas. "A quest�o da viol�ncia est� muito presente. Os pacientes LGBTs, por exemplo, est�o se sentindo amea�ados pela hostilidade da elei��o." A tamb�m psic�loga Ivani Francisco de Oliveira diz que "a pr�pria din�mica da disputa eleitoral � a de implantar o medo do outro, do advers�rio, nos eleitores."

A terapeuta Maria Vicente, do coletivo Escuta Sedes, afirma que tem acompanhado o aparecimento "das fantasias mais prim�rias relativas ao desamparo e � vulnerabilidade frente �s amea�as que se apresentam". Para ela, chama aten��o a presen�a de sofrimentos mais regressivos, como perturba��es importantes e repentinas do sono (como ins�nias e pesadelos). Ainda segundo Maria, podem ser detectados casos de perda de apetite, de vitalidade e da capacidade de enfrentar desafios corriqueiros da vida.

Medos

Um empres�rio de 49 anos, eleitor de Bolsonaro, disse que as incertezas econ�micas produzidas por uma imagin�ria vit�ria de Haddad s�o motivos de ins�nia e ang�stia. "Eu fico pensando nas empresas que podem deixar o Pa�s, fico pensando na crise que pode estourar se acontecer isso ou aquilo, fico pensando em como vai ficar a minha fam�lia em um ambiente econ�mico ca�tico", diz. Ele confessou que j� tem tomado rem�dios para dormir e que foi aconselhado a evitar o notici�rio pol�tico.

J� um comiss�rio de bordo de 36 anos, eleitor de Haddad, conta como a elei��o interrompeu um longo processo de reaproxima��o entre ele e o pai. "Sou homossexual, mas meu pai nunca aceitou. Depois que passei por uma cirurgia no quadril, meu pai voltou a falar comigo. Inclusive, ficava em casa me ajudando", afirma. "Mas a coisa desandou quando descobrimos o candidato um do outro. N�s voltamos a n�o nos falar. Ele n�o vem mais na minha casa - porque eu sou Haddad e ele Bolsonaro".

Para a psic�loga Adriana Burani Venceslau, "o papel do terapeuta n�o � o de fazer uma interven��o pol�tica, mas ajudar o paciente a descobrir o que foi deflagrado pelo ambiente atual". Ou seja, ajudar a desvendar as quest�es que j� estavam pendentes nos relacionamentos e que vieram � tona, tendo como gatilho uma discuss�o que, na superf�cie, era "apenas sobre pol�tica."

Empatia

O quadro de desequil�brio emocional ficou t�o evidente que psic�logos e terapeutas de diversas correntes est�o promovendo as chamadas rodas de conversa e acolhimento. As a��es funcionam como grupos de terapia coletiva - e s�o a��es abertas e gratuitas. "A ideia � abrir um espa�o de fala e de escuta, principalmente para que as pessoas percebam que n�o est�o sozinhas", diz a psic�loga Fl�via Eug�nio, que tem promovido rodas de conversa em Santo Andr�, na Grande S�o Paulo. "Temos de reinstalar a esperan�a a partir das pr�prias hist�rias de vida de cada um. Tamb�m tentamos promover a empatia entre elas", afirma outra organizadora da roda, a psic�loga Ivani Francisco de Oliveira.

Segundo Tatiana Olic, a ideia � tentar fortalecer a ideia de "pertencimento". "Nesse momento, as pessoas precisam entender que n�o est�o sozinhas, que ainda existe empatia e possibilidade de di�logo", afirma ela.


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