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Estado de Minas POL�TICA

Facada deu novo rumo � candidatura de Bolsonaro

Fl�vio Bolsonaro, filho do hoje presidente eleito profetizou: "Voc�s acabaram de eleger o presidente"


postado em 29/10/2018 08:33 / atualizado em 29/10/2018 08:58

(foto: Reprodução da Internet)
(foto: Reprodu��o da Internet)

O dia 6 de setembro ainda nem havia terminado quando, da porta da Santa Casa de Miseric�rdia de Juiz de Fora (MG), um dos filhos de Jair Bolsonaro profetizou: "Voc�s acabaram de eleger o presidente!". A fala de Fl�vio Bolsonaro, direcionada ao que ele chamou genericamente de "bandidos", era uma rea��o � facada no abd�men recebida pelo seu pai e presidenci�vel pelo PSL, horas antes, durante ato de campanha no centro da cidade mineira.

�quela altura, o candidato � Presid�ncia liderava as pesquisas de inten��o de voto, mas enfrentava alta rejei��o e era atacado pelos oponentes.

Na v�spera do feriado de Independ�ncia, Jair Bolsonaro era carregado na regi�o central da cidade quando foi alvo do servente de pedreiro Adelio Bispo de Oliveira, de 40 anos. Ap�s o golpe de faca, o presidenci�vel levou as duas m�os ao peito e foi colocado deitado na entrada de uma lanchonete a cinco metros de onde foi atingido.

"Ele n�o falava nada, apenas gemia muito e suava bastante", lembrou uma funcion�ria do estabelecimento na quarta-feira passada, quando a reportagem voltou ao local do atentado. Eleitora de Fernando Haddad (PT), ela, que n�o quis se identificar, considerou que a facada decidiu a elei��o. "Aquilo ferrou tudo."

O atentado, de fato, mudou o rumo da campanha eleitoral. Ao mesmo tempo em que Bolsonaro era levado �s pressas � Santa Casa da cidade para uma cirurgia de emerg�ncia, outros candidatos ao Planalto tiveram que rever suas estrat�gias. Eventos foram suspensos nos primeiros dias, e os ataques � candidatura do l�der das pesquisas foram interrompidos - sobretudo os que eram feitos pela campanha de Geraldo Alckmin (PSDB). Aconselhados por seus marqueteiros, os demais candidatos n�o queriam aparecer atacando um concorrente que lutava por sua pr�pria vida.

"Era um momento decisivo da campanha, e uma continuidade dos ataques a Bolsonaro muito provavelmente teria elevado ainda mais os �ndices de rejei��o que j� ostentava", diz o cientista pol�tico Paulo Roberto Figueira Leal, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Para M�rcio Gon�alves, professor de marketing do Ibmec-RJ, n�o � poss�vel dizer que o epis�dio tenha sido decisivo, mas ele concorda que a repercuss�o ajudou a candidatura de Bolsonaro. "Nessa hora, quem mais contribuiu foram os opositores. Esses eleitores esqueceram que, quanto mais mencionavam Bolsonaro, mais volume de informa��o era gerado para movimentar os motores de busca na internet. Esqueceram que Bolsonaro � fruto das estrat�gias de marketing mais obscuras da internet."

Outra consequ�ncia imediata do atentado foi a empatia que Bolsonaro conseguiu suscitar. "(A facada) humaniza o personagem e permite que talvez ele dialogue com setores que at� ent�o n�o dialogava", avalia Paulo Leal.

Coordenador do Movimento Direita Minas, de apoio ao presidenci�vel, Leonardo Valle tamb�m v� o atentado como um fator que acabou encurtando o caminho ao Planalto. "Pessoas que talvez tinham um r�tulo dele como homof�bico, racista, come�aram a querer entender e conhecer um pouco mais", considera.

Na semana passada, Valle acompanhava outros integrantes do movimento em um ato a poucos metros de onde Bolsonaro fora atacado. O grupo estampava camisetas com a imagem do rosto do presidenci�vel de gra�a. O servi�o n�o parava. Desde o atentado, a regi�o tem sido ponto frequente da circula��o de curiosos, que param para tirar fotos.

Perto dali, pessoas que estiveram pr�ximas a Adelio Bispo de Oliveira logo ap�s ele ser detido por policiais militares � paisana preferem esquecer aquele dia. Um chaveiro que trabalha no pr�dio para onde Oliveira foi levado - o autor da facada foi agredido e corria o risco de ser linchado - e trancou o port�o naquele dia n�o comenta o assunto. Outras testemunhas at� falam sobre o que aconteceu, mas preferem manter o anonimato.

� o caso do funcion�rio de uma escola profissionalizante que fica no mesmo pr�dio. Em 6 de setembro, ao ver o tumulto na entrada do edif�cio, ele desceu alguns lances de escada at� o segundo andar para impedir que desconhecidos acessassem outros pavimentos. Foi l� que viu Adelio sentado no ch�o, com os punhos algemados �s costas. O funcion�rio ent�o fez a primeira foto do suspeito, que circulou em sites noticiosos e redes sociais.

O autor do clique nunca ganhou o cr�dito pela imagem. "Foi instinto. Antes de eu me mudar pra c� (Juiz de Fora), trabalhei com imagem. Ent�o eu sabia que uma hora ia explodir e eu teria a imagem a�, na minha m�o, no meu celular", afirma.

Ele repassou a imagem para amigos e em grupos de WhatsApp. Foi a partir da� que a foto tornou-se p�blica. Quase dois meses depois, ele prefere manter o anonimato sobre a autoria da foto em raz�o do clima pol�tico do Pa�s.

Para especialistas, o staff de Bolsonaro soube tirar proveito do epis�dio. "Da opini�o vinda das massas passou a ser valorizado aquilo que a m�dia contribuiu publicando o fato sob diferentes an�lises. Na sociedade em que a informa��o ganha destaque, a guerra de narrativas imposta em redes sociais na internet, na TV, no r�dio e nas revistas s� contribuiu para que Bolsonaro ganhasse popularidade sem ter que aparecer em debates com opositores", considera o professor M�rcio Gon�alves.

A aus�ncia dos debates por alegada necessidade m�dica foi outro fator que ajudou Bolsonaro. "Mesmo sem a presen�a dele, os pr�prios candidatos em duelo � futura Presid�ncia do Brasil constru�ram hist�rias sobre Bolsonaro. � a pior das estrat�gias em tempos de populariza��o do acesso � internet", frisa Gon�alves.

O cientista pol�tico Paulo Leal concorda. "Em ambientes mais conflitivos de debate, ele teria mais dificuldades de manter essa enorme colcha de retalhos que o apoia, porque teria que explicitar sua plataforma de governo. Qual � a plataforma de governo do Bolsonaro? Ningu�m pode dizer com muita clareza", afirma.

Interna��o durou 23 dias

O ent�o candidato � Presid�ncia pelo PSL, Jair Bolsonaro, caminhava carregado nos ombros de um correligion�rio no meio de uma multid�o, durante um ato de campanha em Juiz de Fora quando recebeu uma facada na regi�o do abd�men, na tarde de 6 de setembro.

Diante de um estado cl�nico cr�tico, o deputado foi submetido a duas cirurgias - a primeira ainda na cidade mineira e a segunda no hospital Albert Einstein, em S�o Paulo, para onde Bolsonaro foi transferido no dia seguinte ao atentado.

O candidato deixou o hospital na tarde de 29 de setembro, rumando para o Rio de Janeiro. A partir do atentado, Bolsonaro acelerou seu crescimento nas inten��es de voto do primeiro turno. Bolsonaro alegou que sua sa�de debilitada n�o permitiria ir a debates no segundo turno.


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