O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, afirmou nesta sexta-feira, 2, que os ju�zes brasileiros assumem o cargo ainda jovens "sem ter socializado" e antes de adquirir "conhecimento da realidade". "N�s recrutamos ju�zes no Brasil que s�o rec�m-formados, 23, 24, 25 anos, sem experi�ncia de vida, sem socializa��o, o que significa que o juiz se socializa, conhece o mundo j� tendo uma caneta com peso enorme de poder, mas ainda sem a socializa��o que lhe d� a devida responsabilidade", afirmou Toffoli.
Como presidente do Conselho Nacional de Justi�a (CNJ), Toffoli defendeu a �nfase no di�logo com universidades e a forma��o dos bachar�is de direito que v�o assumir cargos p�blicos, especialmente dos ju�zes. "Aquele garoto se torna uma autoridade aos 25 anos de idade, que ainda n�o tem conhecimento geral do que � a realidade, ele ainda est� se formando e passa a ter o poder de afastar uma lei, um contrato, em nome de princ�pios constitucionais sem ter ideia do impacto daquele ato para toda a sociedade e n�o s� para as partes que est�o ali em um espec�fico lit�gio", afirmou o ministro, em Nova York.
Ele participa nos Estados Unidos do evento II Law and Economics, organizado pela Funda��o Get�lio Vargas (FGV) em parceria com a Universidade de Columbia, com apoio do jornal Financial Times, do Brazilian American Chamber of Commerce e da CLS Brazil. Ele n�o comentou nos seus discursos a indica��o do juiz S�rgio Moro para o Minist�rio da Justi�a no futuro governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro.
"Fico imaginando um magistrado formado em direito no Brasil quando pega a revista da Universidade de Chicago, cheia de f�rmulas. Quando eu recebi a primeira revista, eu n�o entendi 'lhufas'", disse Toffoli. "Mas que maluquice � essa? Direito com economia e com f�rmula matem�tica? Praticamente todos os artigos t�m uma f�rmula matem�tica", afirmou o presidente do Supremo, em refer�ncia � sua rea��o ao ler a revista de Chicago pela primeira vez e ao citar que "f�rmulas" e "intelig�ncia artificial" s�o usadas para medir a efici�ncia do judici�rio.
Segundo ele, a intelig�ncia artificial ser� cada vez mais utilizada para monitorar as consequ�ncias das decis�es judiciais para a sociedade. "No Brasil temos que come�ar a nos acostumar com essa ideia de que o direito n�o � mais ensimesmado, o direito n�o � feito s� para n�s, � feito para toda a sociedade. E a sociedade ter� cada vez mais instrumentos de fiscaliza��o", afirmou ele, voltando a falar que o Judici�rio deve se pautar por transpar�ncia, efici�ncia e "accountability" - no que definiu como a responsabilidade perante a sociedade.
Na quinta-feira (1�) Toffoli defendeu, tamb�m em Nova York, que a pol�tica "volte a liderar o desenvolvimento do Pa�s" em substitui��o ao que considerou como o protagonismo do Judici�rio desde 2014. "� necess�rio que, com a renova��o democr�tica ocorrida nas elei��es, a pol�tica volte a liderar o desenvolvimento nacional. Passamos por v�rios anos com o judici�rio sendo protagonista, � necess�rio restaurar a confian�a da pol�tica", disse Toffoli, se dizendo um otimista. "N�o s� sou um otimista, como estou otimista", afirmou.
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