
Bras�lia – O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) tenta isolar ao m�ximo os partidos na forma��o do governo. At� o momento, integram a equipe ministerial o PRTB, do vice, general Hamilton Mour�o, o DEM, do futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e PRP, do general Augusto Heleno, indicado ao Minist�rio da Defesa.
O primeiro escal�o na Esplanada ser� composto por poucas legendas e por profissionais de confian�a escolhidos pelo pr�prio capit�o da reserva, como Paulo Guedes e S�rgio Moro, que assumir�o os superminist�rios da Economia e da Justi�a, e correligion�rios, como o astronauta Marcos Pontes, que conduzir� a Ci�ncia e Tecnologia. A op��o pelo afastamento das legendas, contudo, n�o � uma op��o a m�dio e longo prazo.
O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) calcula que Bolsonaro come�ar� o governo com apoio de 119 deputados. A conta inclui o suporte de parlamentares do PSL, PRB, DEM e PSC.
A essa alian�a, pode-se incluir outros 14 nomes, de PTB, que apoiou formalmente a candidatura no segundo turno, e PRP, de Heleno, o que elevaria a base para 133 parlamentares. As legislaturas passadas apontam que o presidente eleito costuma contar com a boa vontade de parte do Congresso no in�cio do mandato, mas isso n�o � autom�tico e tem prazo.
O namoro com o Congresso dura, em m�dia, seis meses, alerta Ba�a. � o per�odo que, normalmente, um presidente tem de bom conv�vio com o Parlamento. O principal desafio � manter o relacionamento por mais tempo.
Para isso, Bolsonaro precisar� ser mais do que cir�rgico nas propostas encaminhadas para aprova��o. “As urnas mostraram a derrota das alian�as tradicionais. Ele vai se manter fiel ao discurso at� encontrar entraves. Embora comece com apoio para aprovar leis ordin�rias, ainda n�o tem base para aprovar PECs (propostas de emenda � Constitui��o)”, destaca o professor da UFRJ.
ARTICULA��O Passados seis meses de governo, Bolsonaro precisar� de uma boa articula��o para assegurar a governabilidade. � a� que se abre o espa�o para negociar os cargos de segundo e terceiro escal�o, avalia o cientista pol�tico Enrico Ribeiro, coordenador legislativo da Queiroz Assessoria Parlamentar e Sindical.
“Ou ele recorre ao fisiologismo pol�tico, ainda que de outra forma, ou se inviabiliza. A partir do momento que subir a rampa, botar a faixa e sentar na cadeira de presidente, ele precisar� jogar igual os donos do poder, ou perder�”, destaca.
Aliados de Bolsonaro admitem a possibilidade de conversar com as legendas que n�o integram a equipe de primeiro escal�o, mas ressaltam que isso ser� feito com parlamentares da base dos partidos e n�o com caciques como Romero Juc� (MDB), Ciro Nogueira (PP), Valdemar Costa Neto (PR) e Roberto Jefferson (PTB). Dessa forma, eles esperam evitar transparecer qualquer negociata do ‘toma l� da c�’ que o presidente eleito jurou combater.
A exclus�o de figur�es da pol�tica tradicional do balc�o de neg�cios, no entanto, � uma situa��o dif�cil de acreditar, pondera Ribeiro. “Existem lideran�as do Centr�o que sabem jogar bem o jogo pol�tico. Sabem a hora de pressionar, tensionar e aliviar. O que Bolsonaro pode fazer � negociar de maneira parcelada. Em primeiro momento, sinaliza para a popula��o o que prometeu em campanha. Depois, cumpre o que sempre foi feito e coloca indica��es nos cargos de 2º e 3º escal�es”, ressalta.
INDICA��O O presidente eleito ter� 24,9 mil cargos de livre nomea��o � disposi��o, entre Fun��es Comissionadas do Poder Executivo (FCPE) e Dire��o e Assessoramento Superior (DAS).
Do total, 18,8 mil postos s� poder�o ser ocupados por servidores p�blicos e 6,1 mil por pessoas sem v�nculo p�blico. O deputado eleito coronel Tadeu (PSL-SP), integrante da coordena��o pol�tica de Bolsonaro em S�o Paulo, admite que muitas pessoas ser�o consultadas eventualmente para indicar. Mas alerta que isso n�o significa que participar�o do governo. “Partido nenhum ser� lembrado, mas, sim, profissionais competentes. Ser� avaliado o hist�rico da pessoa em um trabalho cuidadoso”, diz.
Os quase 25 mil cargos n�o ser�o preenchidos, adianta Tadeu. A promessa de Guedes em cortar as despesas deve implicar uma redu��o de postos dispon�veis para abarcar indicados. “Eles n�o ser�o preenchidos na totalidade. O ajuste fiscal � uma das bandeiras do Jair e ele n�o vai abrir m�o disso”, alerta.
