
Cerca de 50 prefeitos mineiros se reuniram com o governador eleito Romeu Zema (Novo) ontem, para tratar de assuntos referentes aos munic�pios. O encontro foi realizado na sede da Associa��o Mineira de Munic�pios (AMM) e durou cerca de uma hora. Zema n�o assumiu compromisso de pagar os repasses em dia para as prefeituras e afirmou que s� poder� prometer algo quando “souber o tamanho da bomba” na qual vai sentar”. Apesar disso, ambos os lados prometeram coopera��o para que a situa��o or�ament�ria de Minas seja resolvida. Mesmo assim, alguns prefeitos sa�ram frustrados do encontro.
O clima come�ou com festa: v�rios prefeitos cumprimentaram o empres�rio de Arax� pela vit�ria. Uma prefeita chegou a tirar selfie com Zema e dizer :“Isso aqui � pra postar no grupo da prefeitura e falar que o pagamento t� chegando!”. As primeiras palavras ditas pelo presidente da AMM e prefeito de Moema, Julvan Lacerda (MDB), foram de cumplicidade. “J� come�o parabenizando o senhor por esse seu jeito simples de ser”, disse.
“A primeira vez de muitas que virei aqui”, come�ou Romeu Zema. O governador eleito ressaltou que vai visitar regularmente a associa��o e que a t�nica de sua gest�o ser� o di�logo. “Acertei com o Adalclever Lopes (MDB) que a cada 60 dias estarei na Assembleia para que todos se situem no que est� acontecendo. Pretendo fazer o mesmo com a AMM”, afirmou.
Zema pediu paci�ncia aos prefeitos e argumentou que ainda n�o tem conhecimento sobre a real situa��o or�ament�ria de Minas Gerais. Ele prometeu trabalhar para retomar o pacto federativo e cortar verbas. “Vamos fazer o maior esfor�o poss�vel para cortar despesas e vou dar o exemplo. J� estou olhando um apartamento perto da Cidade Administrativa. Em vez de gastar helic�ptero, morando no pal�cio, vou gastar dois ou tr�s litros por dia de gasolina”, disse. Ele tamb�m disse que vai enxugar os cargos p�blicos e que o governo do estado se transformou em um “cabide gigantesco de empregos”. “A maior estatal de Minas � a Cabidemg”, brincou.
Em resposta ao tom evasivo de Romeu Zema, um dos prefeitos presentes ressaltou que a d�vida acumulada do estado com os munic�pios chega a R$ 10 bilh�es e que servi�os p�blicos como sa�de, educa��o e assist�ncia social est�o sendo prejudicados pela falta de repasses. “O estado chegou num ponto de ser uma montaria nos munic�pios. N�o � s� deixar de pagar, mas tamb�m pegar dinheiro que � do munic�pio”, afirmou.
Zema disse novamente que n�o quer, por hora, assumir nenhum compromisso com os prefeitos. “Entendo perfeitamente, o dinheiro � do munic�pio. Mas preciso saber da situa��o do estado”, argumentou. Ele voltou a prometer que, entre o fim de dezembro e o in�cio de janeiro, dar� posi��o aos gestores municipais. “Sempre fui conservador: vamos prever que tudo vai continuar ruim como est�, para amanh� eu poder vir aqui e dar uma not�cia boa”, disse. Pressionado pelos prefeitos, Zema rebateu: “A transi��o come�ou semana passada, estamos fazendo ainda o levantamento. N�o sei se dentro do ba� que vou estar recebendo tem mil, 10 mil ou um milh�o ou se s� tem uma bomba ali que s� vai me ferir”, disse. Ele ainda prometeu que os repasses ser�o prioridade em seu governo.
Por fim, Zema disse que, assim que a situa��o or�ament�ria de Minas Gerais estiver estabilizada, vai trabalhar para que uma lei credite todos os recursos diretamente aos munic�pios, sem passar pelos caixas do estado. “Mais nenhum governador vai manipular isso como foi manipulado. Isso prometo que vamos fazer.” Os prefeitos ainda pediram um representante da AMM na equipe de transi��o.
Em entrevista depois do encontro, Zema afirmou que come�ar mandato descumprindo os repasses aos munic�pios, que s�o constitucionais, seria “mal exemplo” e que poderia causar impeachment. “Quero evitar ao m�ximo come�ar mandato descumprindo o que � constitucional. J� quero ver com o nosso pessoal da Secretaria da Fazenda se pelo menos os repasses teremos condi��es de assumir e n�o atrasar mais a partir de janeiro”, disse.
Depois que Zema deixou a sede da AMM, alguns prefeitos se disseram decepcionados com o encontro com o governador eleito. Muito se falou nos bastidores que o empres�rio deveria ter sido mais assertivo e ter se comprometido em pagar os repasses aos munic�pios. Uma prefeita, que n�o quis se identificar, afirmou que Zema foi “gen�rico e n�o firmou nenhum compromisso conosco”. Outro, que disse estar frustrado com as esquivas de Zema, lamentou: “Viajei 500 quil�metros para voltar sem nenhuma resposta ao meu munic�pio. Estou muito preocupado”.
* Estagi�rio sob supervis�o do editor Renato Scapolatempore