
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), ensaiou mais movimentos estrat�gicos para come�ar a gest�o em 2019 com o p� direito. A escolha do general Fernando Azevedo e Silva para o Minist�rio da Defesa foi uma decis�o cir�rgica em acenar ao Supremo Tribunal Federal (STF) o desejo de zelar pela democracia e pela Constitui��o, assim como as visitas que tem feito a tribunais em Bras�lia. O futuro chefe das For�as Armadas foi assessor por dois meses do presidente da Suprema Corte, ministro Dias Toffoli, e tem boa conviv�ncia com outros magistrados.
A inten��o do pesselista � sinalizar a busca pela harmonia entre os poderes. Outra prova disso � o estreitamento de la�os com os presidentes da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eun�cio Oliveira (MDB-CE). Ontem, Bolsonaro conversou com os dois por telefone e se re�ne pessoalmente hoje com Maia em um caf� da manh�. Tudo para evitar qualquer mal-estar com o Parlamento. O di�logo estava previsto para acontecer em uma reuni�o formal com ambos. O encontro, no entanto, havia sido cancelado no s�bado, ap�s um mal-entendido na �ltima semana entre congressistas e o coordenador econ�mico do governo de transi��o, Paulo Guedes, que sugeriu dar uma “prensa” no Congresso.
A pavimenta��o de um caminho de respeito com o Parlamento e o Supremo mostra, para ambos, a busca pela harmonia entre os tr�s poderes. Entre correligion�rios, a estrat�gia pol�tica � bem avaliada. Ao passo que d� acenos pol�ticos por uma governabilidade com o Congresso e apresenta um interlocutor com a Suprema Corte, o presidente eleito rebate cr�ticas feitas durante e ap�s a campanha eleitoral de que n�o adotaria um governo democr�tico, de respeito �s institui��es e � Constitui��o.
A escolha do general Azevedo para a Defesa � bem clara nessa busca por harmonia, sustenta o deputado eleito coronel Tadeu (PSL-SP), integrante da coordena��o pol�tica de Bolsonaro em S�o Paulo. “Al�m de ser uma pessoa pr�xima do presidente, possibilita a ele estabelecer um canal direto com o STF. � importante ter essa interlocu��o, porque o presidente � um s�. O futuro ministro certamente poder� auxili�-lo no di�logo com os ministros”, declarou, enquanto o chefe visitava o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e o Superior Tribunal Militar (STM), durante todo o dia de ontem.
O futuro ministro da Defesa foi respaldado por Toffoli. Bolsonaro consultou o magistrado sobre a indica��o e ele, prontamente, o recomendou. Em nota, disse que, no per�odo em que o assessorou, Azevedo “conquistou a todos”, ministros e servidores. “E est� sendo um grande colaborador nos temas envolvendo pol�ticas de seguran�a”, destacou o presidente do STF.
As chances de interlocu��o que a indica��o do general garante podem ser prop�cias para Bolsonaro e para o Supremo, avalia Tadeu. “� percept�vel essa m�o dupla que um poder pede e o outro cede em prol da harmonia entre eles”, ponderou. H� fundamentos na an�lise do futuro parlamentar, uma vez que o reajuste aos ministros do STF est� causando um rebuli�o no Judici�rio e no Minist�rio P�blico (Veja mat�ria na p�gina 9).
A real efetividade da escolha de Azevedo para a Defesa em busca de uma boa interlocu��o com o STF � analisada com desconfian�a pelo cientista pol�tico Homero de Oliveira, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). As recentes decis�es dos magistrados, ressalta, n�o tem sido “un�nimes”, o que sugere uma n�tida divis�o interna. “O Supremo n�o � s� o presidente, tem outros ministros que n�o se entendem. Acho que nem a indica��o do general � un�nime”, disse. O professor acredita que a decis�o de indicar o general Azevedo para o minist�rio foi do n�cleo duro do governo. Afinal, nomes de integrantes da Marinha estavam sendo cotados para o cargo. “Com certeza, houve uma discuss�o precisa sobre o assunto, inclusive para tentar n�o deixar arestas com a Marinha”, acredita.
Relacionamento
O relacionamento com o Congresso tamb�m est� bem desenhado. A op��o por evitar o encaminhamento da reforma da Previd�ncia ainda este ano, seja por modifica��o � Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) que atualmente est� na C�mara, ou por medidas infraconstitucionais, sugere respeito aos parlamentares. N�o apenas da pauta econ�mica, mas tamb�m de propostas conservadoras.
A equipe de transi��o de Bolsonaro e o presidente eleito articulam com Maia o apoio para a recondu��o dele � Presid�ncia da C�mara. Em contrapartida, pedem empenho para o destravamento de pautas como Escola sem Partido, a revoga��o do Estatuto do Desarmamento e a redu��o da maioridade penal. “O Rodrigo ter� o apoio do PSL. Isso est� acertado dentro do partido”, afirmou Tadeu.
Ao apoiar a recondu��o de Maia � Presid�ncia da C�mara, Bolsonaro refor�a o posicionamento de abertura para articula��o com o Parlamento. O mesmo vale para o Senado. Interlocutores do PSL querem evitar o apoio a Renan Calheiros (MDB-AL) � Presid�ncia do Senado, mas admitem a possibilidade de dar suporte � candidatura de algum senador com experi�ncia na Casa. O apoio a um senador do MDB n�o est� descartado, diz Tadeu. Nas duas situa��es, o PSL abdicaria de ambas as presid�ncias, mas garantiria espa�o nas mesas diretoras das duas Casas.