O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), foi hostilizado na chegada ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A historiadora Ana Vit�ria Sampaio, doutoranda na Universidade de Bras�lia (UnB), acusou o pesselista de caixa 2 e de dissemina��o de fake news durante a campanha eleitoral. Entre palavras de baixo cal�o e desabafos, responsabilizou Bolsonaro de ter feito uma campanha de persegui��o e dito que o regime militar deveria ter matado ela e outros manifestantes ligados a movimentos sociais.
Foi o primeiro protesto contra Bolsonaro no CCBB desde que o presidente eleito passou a despachar semanalmente no gabinete de transi��o. A visita��o � livre de ter�a a sexta-feira, das 9h �s 21h. Por esse motivo, a entrada de populares n�o foi vedada e Ana Vit�ria p�de entrar no complexo cultural, onde o presidente eleito e a equipe de transi��o trabalham. Ao entrar no carro para sair, teve a imagem do rosto e da placa do carro capturada por um integrante da seguran�a do presidente eleito.
As acusa��es feitas por Ana Vit�ria remetem a 2013. Ela declarou que, naquele ano, em manifesta��o de movimentos LGBTs, feministas e negros na Comiss�o de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da C�mara, Bolsonaro teria dito a ela que “o erro da ditadura foi n�o t�-la matado”. “Bolsonaro se fez presente em cada reuni�o quando ocupamos aquele tempo e, um belo dia, quando protest�vamos, chegou na minha frente e disse que a ditadura militar deveria ter me matado. E o erro da ditadura foi n�o ter matado a gente”, declarou.
Na ocasi�o, a estudante e outros manifestantes protestavam contra a elei��o do deputado Marco Feliciano (Podemos-SP), � �poca filiado ao PSC, para a presid�ncia da CDHM. A estudante ainda acusou Bolsonaro de perseguir amigos. “Fez uma campanha de persegui��o a um amigo meu professor homossexual da secretaria de Educa��o do Distrito Federal e a uma professora que, hoje, � da UnB. � absurdo o que est� acontecendo neste pa�s”, criticou. Para ela, � um erro o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) n�o ter “feito nada” em rela��o �s den�ncias de caixa 2 durante a campanha.
O TSE deu prosseguimento a uma a��o do PT para apurar se empresas estariam pagando pelo envio de mensagens em defesa da ent�o candidatura de Bolsonaro. A pr�tica, segundo avalia��o de alguns especialistas, pode ser considerada doa��o de empresas por meio dos servi�os, pr�tica que, por n�o ser declarada, configura caixa 2. Ou seja, � vedada pela legisla��o eleitoral. Para Ana Vit�ria, as elei��es foram fraudadas. “Vim aqui lamentar o futuro do meu pa�s. Ser� um futuro de choro e ranger de dentes.”
A estudante ainda acusou Bolsonaro e aliados de articularem um fundamentalismo crist�o. Ana Vit�ria afirmou que pesquisa o fundamentalismo religioso na pol�tica e acredita que h� similaridades entre os estudos e a coordena��o pol�tica do governo de Bolsonaro. “Esse pa�s vai virar o Ir� neopentecostal. � �bvio o que est� acontecendo no pa�s. � um grupo totalmente articulado de fundamentalistas crist�os, grandes latifundi�rios. As empresas armamentistas tamb�m est�o de olho e isso n�o � coincid�ncia que esteja acontecendo no mundo todo”, sustentou.