
Durante a solenidade de formatura de cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ), ontem, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciou que considera a possibilidade de n�o estabelecer um teto de gastos para as For�as Armadas em seu governo e aumentar os sal�rios dos militares. “Nosso contingente � pequeno, mas sabemos das dificuldades que a na��o atravessa. O que n�s devemos � dar um sal�rio compat�vel para com eles, botar em vota��o a medida provis�ria 2215; n�o foi votada ainda, isso � uma excresc�ncia, � um descaso para com as For�as Armadas”, disse. Al�m do soldo, os militares recebem adicionais por habilita��o, moradia em regi�es in�spitas e desgastes f�sicos e gratifica��es por tempo de perman�ncia extra na ativa, al�m de representa��o para comandos.
A MP prev� a reestrutura��o da remunera��o dos militares das For�as Armadas. A PEC 2215/2001 acabou com a promo��o autom�tica dos militares que passam para a reserva, o aux�lio-moradia e o adicional de inatividade dos militares. As maiores remunera��es dos oficiais da ativa s�o de almirante de esquadra, general de ex�rcito e tenente-brigadeiro do ar, que, a partir do dia primeiro de janeiro, passar�o a receber R$ 14.031. Hoje, o soldo � de R$ 13.294. Guardas ou aspirantes a oficial em in�cio de carreira hoje recebem R$ 6.625 e t�m aumento previsto na tabela para R$ 6.993. “Essa quest�o tem sido conversada com o (economista e futuro ministro da Fazenda) Paulo Guedes. N�s temos um or�amento diminuto, mas precisamos entender que aportes para as For�as Armadas s�o investimento e n�o despesa”, disse Bolsonaro.
Durante a solenidade, 427 cadetes receberam a gradua��o de bacharel em ci�ncias militares e a espada de oficial do Ex�rcito, depois de quatro anos de estudos. Bolsonaro estudou na Aman entre 1974 e 1977, sendo companheiro de turma do futuro comandante do Ex�rcito, general Edson Leal Pujol. Tamb�m participou da mesma equipe de pentatlo militar do futuro ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz. Cercou-se de militares no governo, entre os quais o almirante de esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque J�nior, rec�m-anunciado ministro de Minas e Energia; e os generais Augusto Heleno (GSI) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa), al�m do tenente-coronel da Aeron�utica Marcos Pontes (Ci�ncia e Tecnologia), cujo soldo � ainda menor que o dos demais: de R$ 10.652,00 passar� a R$ 11.250.
As declara��es de Bolsonaro v�o na contram�o dos estudos realizados pela equipe econ�mica, que trabalha com a hip�tese de aprovar uma Emenda Constitucional para desvincular as despesas obrigat�rias das receitas da Uni�o e, assim, salvar a lei do teto de gastos, cuja revoga��o teria p�ssima repercuss�o no mercado financeiro. Outra medida em estudos � o desatrelamento de aposentadorias e pens�es do aumento do sal�rio-m�nimo. Essas propostas, por�m, enfrentar�o resist�ncia no Congresso.
Com tantos militares mandando no governo, a press�o para melhorar os sal�rios e aumentar os investimentos nos programas de moderniza��o das For�as Armadas tamb�m se intensificou. Os principais projetos em andamento s�o: submarino nuclear (Prosub), programa nuclear (reator at�mico) e sistema de monitoramento de Amaz�nia Azul (SisGAAz), da Marinha; Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), nova fam�lia de blindados Guarani e o supercomputador do Sistema de Defesa Cibern�tica, do Ex�rcito; e o avi�o cargueiro argueiro KC-390, avi�es de ca�as Gripen NG e m�sseis ar-ar de 5a. gera��o (A-Darten).
Meio Ambiente
Questionado sobre o nome do novo ministro do Meio Ambiente, Bolsonaro n�o abriu o jogo, disse que todos os nomes em an�lise s�o bons, mas ainda n�o fez a escolha. Criticou a atua��o do Ibama: “N�o haver� mais aquela briga do Minist�rio da Agricultura e do Meio Ambiente. Eu quero defender, sou defensor do meio ambiente, mas n�o dessa forma xiita como acontece, n�o”. Entretanto, admitiu que foi multado por crime ambiental em 2012, no valor de R$ 10 mil: “Vou pagar essa multa? Vou. Mas eu sou uma prova viva do descaso, da parcialidade e do p�ssimo trabalho prestado por alguns fiscais do Ibama e ICMBio. Isso vai acabar”, afirmou.
Bolsonaro tamb�m falou sobre a nova pol�tica indigenista que pretende adotar: “Eu quero o bem-estar do �ndio, eu quero integrar o �ndio � sociedade. O nosso projeto para o �ndio � faz�-lo igual a n�s. Eles t�m as mesmas necessidades de n�s. Agora, n�o podemos admitir que, via Funai, o �ndio n�o possa ter o tratamento adequado. O �ndio quer m�dico, quer dentista, quer televis�o, quer internet. Ele � igualzinho a n�s”, concluiu.
"O que devemos � dar um sal�rio compat�vel para com eles (militares). A MP 2215 n�o foi votada ainda, isso � uma excresc�ncia, � um descaso para com as For�as Armadas", Jair Bolsonaro, presidente eleito