
O promotor tamb�m alegou no pedido de suspei��o que, apesar de n�o ser amigo ou inimigo de nenhuma pessoa mencionada nos autos, se encontrou pessoalmente com Fl�vio quando este estava na condi��o de deputado estadual e senador eleito ainda n�o diplomado. A reuni�o teria sido antes dos fatos investigados serem publicados pela m�dia, no dia 30 de novembro, e intermediado por amigos do promotor que estudaram Direito na mesma sala do parlamentar na universidade.
O objetivo do encontro, segundo ele, era tratar “exclusivamente de quest�es relacionadas com a Seguran�a P�blica, precisamente com o combate � corrup��o e o combate � lavagem de capitais, assim como projetos de leis relacionados com crimes contra Administra��o P�blica e lavagem de capitais”. Ele disse que na ocasi�o sugeriu ao parlamentar, dentre v�rias outras sugest�es, o aumento das penas m�nima dos crimes que causam les�o ao er�rio assim como dificultar a progress�o de regime de cumprimento de pena.
“Neste encontro estiveram presentes este Promotor de Justi�a, o referido parlamentar e dois amigos em comum que promoveram o contato pessoal com fins jur�dicos, sendo que o contato, repise-se, ocorreu antes mesmo da divulga��o pela m�dia dos fatos ora investigados.”, disse.
As publica��es foram reveladas pelo jornal O Globo e confirmadas pelo Estado. As postagens repercutiram nas redes sociais por pessoas que questionaram a imparcialidade do promotor. Ao jornal O Estado de S. Paulo, Calo disse que deixou o caso por uma quest�o t�cnica e n�o por press�o, em raz�o do Twitter, ou por quest�o de simpatia ou antipatia pela fam�lia.
“J� denunciei pessoas de v�rios partidos MDB, DEM, PT, PRTB dentre outros”, disse. No documento em que pede a sua suspei��o, o promotor disse que tomou a decis�o “ap�s profunda reflex�o jur�dica, em respeito � imagem do MPRJ, �s investiga��es e at� mesmo diante da repercuss�o que o epis�dio vem tendo na m�dia”.
“Juridicamente, entendi ser mais oportuno que a investiga��o sobre o senador Fl�vio Bolsonaro seja conduzida pela Promotoria de Justi�a de Investiga��o Penal tabelar. N�o se trata de decl�nio de atribui��o, pois a atribui��o, como se sabe, � da 24ª PIP, mas trata-se de quest�o de cunho pessoal. Desta forma, desligo-me do caso referido”, afirmou.
No entanto, afirmou que continuar� na condu��o das investiga��es sobre os outros dez epis�dios apontados pelo Coaf envolvendo servidores da Alerj e deputados estaduais n�o reeleitos.
Em uma das publica��es feitas no Twitter que originaram a pol�mica, Calo disse que o relat�rio do Coaf n�o necessariamente indica crime. “Tecnicamente, o crime de lavagem de capitais � um crime parasit�rio, acess�rio, pressup�e uma infra��o penal antecedente. O fato de haver fracionamento de dep�sitos banc�rios e em dinheiro gera suspeitas, mas, por si, n�o � crime de lavagem, pois pode a origem do dinheiro ser l�cita”, escreveu no �ltimo dia 21.
Ele tamb�m compartilhou posts feitos por Fl�vio Bolsonaro anunciando que ele iria dar entrevistas � imprensa e um feito pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC), em que ele critica a abordagem dada pela imprensa � viagem de seu pai para Davos.
Antes de se declarar suspeito, Calo havia dito que suas manifesta��es no Twitter “s�o de professor de direito, palestrante e articulista”. “N�o trato de casos em rede social e nem de investigados. Sequer me identifico como membro do MPRJ. Sigo v�rios parlamentares e governadores, a fim de fazer sugest�es”, argumentou.
O promotor ressaltou que � integrante de uma associa��o denominada de Movimento de Combate � Impunidade, que tem membros do MP e do Judici�rio e que suas mensagens no Twitter n�o demonstram prefer�ncias pol�ticas, “mas cr�ticas jur�dicas, sugest�es legislativas e preocupa��o com er�rio”. “Essa � a pauta”, afirmou.
Sobre o retu�te de Carlos Bolsonaro, o promotor disse que a sua interpreta��o sobre a mensagem principal do vereador n�o foi a da cr�tica a m�dia, mas, “aparentemente, os poucos gastos com a viagem e menos gastos para o er�rio”. “N�o rtt (retu�te) a mensagem do Carlos Bolsonaro porque criticou a imprensa, mas porque afirmou que a viagem a Davos foi pouco onerosa para o er�rio”, disse.
A investiga��o estava a cargo do procurador-geral de Justi�a do Minist�rio P�blico do Rio de Janeiro (MP-RJ), Eduardo Gussem, mas o caso deixou de ser de sua al�ada porque Flavio Bolsonaro, que era deputado estadual no Rio de Janeiro, assumiu uma cadeira no Senado. O ex-assessor de Fl�vio foi identificado pelo Coaf em movimenta��es financeiras at�picas de R$ 1,2 milh�o, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, conforme revelado pelo Estado, em dezembro do ano passado.
Nos bastidores do MP, entre os promotores, houve um indicativo de que Calo dificilmente ficaria no caso.
“N�o h� clima para isso”, disse um integrante do �rg�o ao Estado que n�o quis se identificar. “� muita press�o para quem de alguma forma j� externou posi��es sobre um dos envolvidos”, completou.
J� o PSOL entrou com um requerimento no MP do Rio em que pede a suspei��o do promotor no caso. No documento, o partido alega que Claudio Calo “� um apoiador costumaz dos pol�ticos Bolsonaro do ministro S�rgio Moro e de outras figuras da direita brasileira - e faz quest�o de mostrar isso nas redes sociais”.
“O caso precisa ser redistribu�do por conta da gravidade do caso e das potenciais consequ�ncias caso o promotor continue � frente do processo”, alegou o partido.
No ano passado, Claudio Calo assinou a den�ncia contra os ex-chefes da Pol�cia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa e Carlos Leba, acusados de crimes contra a Lei de Licita��es. Na ocasi�o, o Minist�rio P�blico pediu o afastamento de Barbosa do cargo, o que a Justi�a acabou negando. At� o in�cio da noite desta ter�a-feira, 5, a assessoria de imprensa do MP n�o respondeu oficialmente sobre o assunto.