
A articula��o pol�tica do governo segue batendo cabe�a na tentativa de construir uma base de apoio para a aprova��o da reforma da Previd�ncia. A Casa Civil e o l�der do governo na C�mara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), est�o sem se entender. A falta de unidade no di�logo incomoda aliados, que esperavam uma interlocu��o mais c�lere. Sem que o Pal�cio do Planalto assuma o protagonismo, quem tem dado as cartas � o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O parlamentar est� em conversas para compor uma base de suporte � reforma com deputados do bloco que o reelegeu.
O descontentamento com a articula��o do governo � disseminado. Parlamentares ainda evitam demonstrar a insatisfa��o abertamente, mas o desconforto � crescente at� mesmo dentro do pr�prio PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Parlamentares criticam a interlocu��o capitaneada por Vitor Hugo, mas tamb�m relutam em deixar a costura pol�tica toda com a Casa Civil, do ministro-chefe Onyx Lorenzoni (DEM).
A base do PSL critica as interfer�ncias diretas de Lorenzoni nas disputas pela Presid�ncia da C�mara e do Senado. No Senado, o apoio franco � candidatura de Davi Alcolumbre (DEM-AP) e a resist�ncia em apoiar Maia despertaram a insatisfa��o de correligion�rios de Bolsonaro. O pr�prio l�der do partido na Casa, Major Olimpio (PSL-SP), declarou que Lorenzoni n�o fala em nome do chefe do Executivo. “Onyx � interlocutor pol�tico do governo, mas n�o � o governo”, ponderou.
O sentimento em rela��o ao ministro da Casa Civil n�o � diferente na C�mara. N�o � toa, mesmo depois de uma reuni�o entre Major Vitor Hugo e Lorenzoni, na segunda-feira, o relacionamento entre l�der do governo e Planalto continua conturbado. A ponto de Vitor Hugo ter negado oferecer um espa�o no gabinete da lideran�a do governo � Secretaria Especial para a C�mara, pasta subordinada � Casa Civil.
A estrutura foi um pedido do titular da secretaria, Carlos Manato, filiado ao PSL. A negativa de Vitor Hugo repercutiu mal entre correligion�rios. A avalia��o � de que o l�der do governo e o secret�rio deveriam articular juntos, a fim de dar unidade ao processo. “Deveria haver um alinhamento na interlocu��o. A costura feita pelo Manato n�o interfere na do l�der”, criticou um deputado do partido.
Com o Planalto e a lideran�a do governo batendo cabe�a, a aposta � de que a pacifica��o e o estabelecimento de uma diretriz no processo de articula��o ocorram somente ap�s o retorno de Bolsonaro para Bras�lia. At� l�, Maia seguir� ditando o ritmo da interlocu��o.
Arestas
O di�logo diuturno com os deputados � um diferencial de Maia no processo, reconheceu o l�der do PR na C�mara, Jos� Rocha (BA). “Rodrigo � uma pe�a importante para quebrar as arestas”, destacou. O parlamentar ressalta, no entanto, que Vitor Hugo est� come�ando a se entrosar com as demais lideran�as. “Tivemos uma reuni�o de l�deres (ontem) com a presen�a dele para discutir a pauta da semana. A constru��o da base governista ser� feita naturalmente. Tudo � uma quest�o de tempo”, ponderou.
A costura pol�tica de Maia nos bastidores � importante para a composi��o de uma base de apoio � reforma da Previd�ncia. Para o cientista pol�tico Enrico Ribeiro, coordenador legislativo da Queiroz Assessoria Parlamentar e Sindical, ser� mais f�cil o governo atingir o n�mero de votos necess�rios para a aprova��o da mat�ria se der o protagonismo ao presidente da C�mara. “Se deixar nas m�os dele, � capaz de ele entregar ao governo uma reforma mais afinada com a idealizada pela equipe econ�mica em menos tempo”, sustentou.
Dar o protagonismo a Maia, entretanto, significa esvaziar o trabalho de interlocu��o da Casa Civil e pagar o pre�o da articula��o feita pelo deputado. Resistir a isso pode comprometer a celeridade da vota��o, analisa Ribeiro. “A�, o Maia poderia fazer igual fez com o Temer (ent�o presidente): imp�e o poder da agenda e dificulta a tramita��o da reforma”, justificou. Mesmo com o antigo governo sinalizando que poderia alcan�ar os votos colocando o texto em plen�rio, ao fim de 2017, Maia segurou a mat�ria. “Ele fez isso e pode voltar a fazer algo parecido”, acrescentou o cientista pol�tico.
A busca por um meio termo entre a articula��o feita pela Casa Civil e Maia � ideal, mas exigiria uma reconcilia��o entre Lorenzoni e o presidente da C�mara. Uma alternativa � substituir Vitor Hugo por algu�m com mais capacidade de lideran�a e alinhamento com Maia, avaliou o cientista pol�tico David Fleischer, professor da Universidade de Bras�lia (UnB). “� preciso algu�m com mais capacidade de lideran�a para montar uma ampla coaliz�o”, ressaltou.