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Estado de Minas

Atua��o do vice-presidente agrada aos partidos de oposi��o a Bolsonaro

Vice-presidente n�o se esconde na hora de dar opini�es e chama a aten��o da oposi��o. Especialista e alguns aliados acreditam que atitudes do militar podem ajudar Bolsonaro


postado em 07/03/2019 07:55

As declara��es do vice-presidente, Hamilton Mour�o, em contraposi��o aos posicionamentos de integrantes do Pal�cio do Planalto, incluindo o do chefe, Jair Bolsonaro, t�m agradado a uma turma improv�vel: os partidos do centro e da esquerda. Se trechos de entrevistas do general incomodam determinados representantes do governo, que defendem unidade nas respostas � imprensa ou nas redes sociais, pol�ticos da oposi��o veem em Mour�o uma �ncora para propostas controversas e, ao mesmo tempo, uma chance de mostrar a fragilidade de a��es governistas.

Em contradi��o a algumas alega��es de representantes do governo, o vice-presidente chegou a declarar, recentemente, que o aborto deve ser uma escolha pessoal da mulher e tamb�m defendeu a investiga��o e a puni��o dos comprometidos no caso que envolve o senador Fl�vio Bolsonaro (PSL). Tamb�m criticou o recuo do ministro da Justi�a, S�rgio Moro, em rela��o ao convite � cientista pol�tica Ilona Szab� para a pasta. Al�m disso, o general comentou a decis�o do ex-deputado Jean Wyllys de n�o assumir o terceiro mandato e se mudar do pa�s ao afirmar que a amea�a a um parlamentar � um crime � democracia.

“Quem amea�a parlamentar est� cometendo um crime contra a democracia. Nela, voc� tem sua opini�o e a liberdade para express�-la”, declarou, pelo Twitter, em janeiro. As falas de Mour�o mencionadas em entrevistas e em outros momentos s�o exemplos que, se n�o agradam, ao menos chamam a aten��o dos opositores.

“N�o me iludo com Mour�o, afinal, � um personagem que cultua personagens da ditadura militar, mas � preciso reconhecer que a presen�a dele no governo impede que Bolsonaro e integrantes da equipe ministerial possam cometer loucuras, como a��es militarizadas na Venezuela”, disse o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). O discurso de Juliano Medeiros, presidente nacional do PSol, � semelhante ao do deputado petista. “Historicamente, ele representou posi��es muito conservadoras e n�o h� nenhuma raz�o que nos levem a consider�-lo como um potencial aliado. N�o alimentamos nenhuma ilus�o com o Mour�o”, afirmou.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ) acredita que todo o governo fala muito e diz que � preciso cautela. “Diante das declara��es do vice-presidente, n�s, como oposi��o, n�o podemos perder o foco sobre o que interessa, que s�o as atitudes do governo que atingem a democracia”, reitera. Outros parlamentares da esquerda defendem estrategicamente que Mour�o, em determinado momento, possa se tornar t�o forte a ponto de substituir Bolsonaro. “� uma guerra de guerrilha, n�o deixa de ser um cen�rio futuro, provocaria um enfraquecimento da turma de Bolsonaro. Depois, o jogo recome�a em rela��o ao desgaste do atual vice”, disse um deputado que preferiu n�o se identificar.

Mais preparado

O cientista pol�tico Aninho Irachande acredita que Mour�o tem uma percep��o mais plural e consegue entender a diversidade da sociedade brasileira. “Surpreendentemente, e contr�rio ao temor generalizado de que a presen�a maci�a dos militares no governo poderia representar uma esp�cie de amea�a � democracia, o vice-presidente se mostra mais preparado para o debate democr�tico e � mais plural do que o pr�prio presidente”, afirma.

O professor do Instituto de Ci�ncia Pol�tica da Universidade de Bras�lia (UnB) cogita a possibilidade do discurso adotado pelo vice ser algo estrategicamente combinado para Bolsonaro poder continuar “jogando para a plateia que o elegeu”. “No entanto, pode ser algo oriundo realmente de um presidente de pouca capacidade de di�logo diante do vice que � uma pessoa instru�da, preparada e que me parece mais equilibrada”, contrap�e Aninho.

O general da reserva do Ex�rcito de 65 anos deixou a ativa em fevereiro de 2018, filiou-se ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) em maio do mesmo ano e iniciou a carreira pol�tica. A figura de Mour�o ficou mais conhecida pela m�dia em 2015, quando foi afastado do comando Militar do Sul. Na �poca, o agora vice-presidente foi transferido para a Secretaria de Economia e Finan�as do Ex�rcito, em Bras�lia, por causa de declara��es na qual fez cr�ticas ao governo e chegou a convocar o pa�s para “o despertar de uma luta patri�tica”.

O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP), colega de Mour�o, n�o v� as falas recentes do vice como uma forma de se aproximar da oposi��o. “Mour�o fala algumas coisas, �s vezes, meio sem pensar. Acho extremamente dif�cil ele estar se aproximando da esquerda. Foi mais um momento de provocar e arrancar algum clamor da imprensa”, acredita o parlamentar. Coronel Tadeu afirma que outros aliados t�m mais condi��es e perfil para tentar certa aproxima��o. “A Joice Hasselmann, que � nossa l�der do Congresso, tem muito mais propriedade para isso”, cogita.

Elogios minimizados

Mour�o minimiza os elogios da oposi��o. Para ele, cumpre apenas um papel institucional. “Eu recebo as pessoas para apresentarem as demandas e as encaminho ao presidente (Bolsonaro). Hoje (na sexta-feira passada), veio a turma do sindicato de S�o Bernardo, todos preocupados com a quest�o (do fechamento) da f�brica da Ford. Ouvi as demandas e depois fui falar com o presidente para saber como podemos ajudar. E, a�, o presidente disse que conversaria com o Paulo Guedes”, contou o vice-presidente.

A mod�stia de Mour�o n�o esconde o fato de que entidades ligadas � oposi��o procuram ele e n�o Bolsonaro para despachar assuntos de interesse. Na sexta-feira, o general se encontrou com o presidente do Sindicato dos Metal�rgicos do ABC, Wagner Firmino de Santana, com o Secret�rio-Geral da Central �nica dos Trabalhadores (CUT), Adalto Oliveira, e outros sindicalistas. Em 7 de fevereiro, ele havia se reunido com Santana e tamb�m recebeu o presidente da CUT, Vagner Freitas.
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A CUT e o Sindicato dos Metal�rgicos do ABC t�m uma liga��o muito pr�xima com o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e o PT. Afinal, o petista foi um dos fundadores da central. Desde a primeira campanha de Lula como candidato, nas elei��es de 1989, os metal�rgicos sempre deram eco � voz do petista. Ao receber os sindicalistas, Mour�o se mostra aberto ao di�logo com opositores. Na reuni�o com Freitas, o vice-presidente ouviu cr�ticas duras sobre o sistema de capitaliza��o e sobre a reforma da Previd�ncia, mas, novamente, se disp�s a conversar com a categoria.

Tendo como exemplo as conversas que o general teve com entidades ligadas � oposi��o, o cientista pol�tico Aninho acredita que Bolsonaro pode tirar vantagem das declara��es que t�m agradado opositores. “Se o presidente reconhecer as suas limita��es e se articular com o vice, ele pode abrir espa�o para o di�logo e, inclusive, avan�ar nas propostas mais duras. O governo pode usar essa postura do Mour�o para conseguir uma aproxima��o ideol�gica, ou pelo menos pragm�tica”, considera.

O di�logo aberto com a oposi��o n�o agrada a aliados mais pr�ximos de Bolsonaro. Deputados e senadores levaram ao presidente o desconforto com a liberdade com a qual Mour�o encaminha a agenda ao receber pessoas pr�ximas ao PT. Interlocutores do Pal�cio do Planalto admitem um inc�modo na abertura dada pelo vice aos advers�rios pol�ticos, mas minimizam os impactos disso na articula��o pol�tica. “N�o muda em nada. PT, PCdoB, PSol e PDT continuam sem voz no governo. N�o tem conversa com eles”, afirmou uma fonte.


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