Alguns parlamentares cobraram que o posicionamento dos militares seja apurado, para esclarecer se houve uma orienta��o do comando com objetivo de censurar as manifesta��es durante os desfiles dos blocos. “Essa foi uma atitude isolada ou um procedimento institucional? Porque, se foi institucional, n�s teremos que debat�-lo”, questionou o deputado Andr� Quint�o (PT).
“Seja no carnaval, em jogos de futebol, ou qualquer aglomera��o de pessoas, todos t�m liberdade de expressar suas opini�es. Os blocos de BH t�m como marca de surgimento uma caracter�stica contestat�ria sobre o fechamento das ruas, um discurso pela cidadania em BH”, disse o petista.
Na sexta-feira (1), os organizadores do Tchanzinho Zona Norte reclamaram que o bloco foi censurado pela PM ap�s o vocalista entoar canto cr�tico ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). Eles afirmaram que os militares amea�aram deixar o local caso o bloco n�o parasse com manifesta��es pol�ticas.
No dia seguinte, o porta-voz da PM, major Fl�vio Santiago disse que manifesta��es pol�tico-partid�rias e com cunho depreciativo podem gerar problemas no controle de grandes multid�es. Ele confirmou que houve uma orienta��o aos organizadores dos blocos para que evitassem manifesta��es pol�ticas durante os desfiles. Horas depois, o Minist�rio P�blico e a Defensoria P�blica se manifestaram contra a proibi��o dos discursos pol�ticos no carnaval.
O deputado Guilherme da Cunha (Novo), vice-l�der de governo na Assembleia, pediu apura��o sobre os acontecimentos da sexta-feira e defendeu o respeito � liberdade de express�o.
“Ideias e discursos devem ser combatidos por ideias e discursos, jamais pelo uso da for�a. Na sexta-feira passada infelizmente tivemos not�cia de um caso que pode ter havido repress�o de ideias e discurso. Foi reportado que o comando da PM no local em que desfilava o bloco teria impedido que seus organizadores proferissem livremente suas ideias”, criticou o parlamentar. Ele ressaltou que poderia discordar de tudo que foi dito pelos foli�es, mas que defende o direito de expressarem seus pensamentos.
Cunha ressaltou que pode discordar de todas as manifesta��es feitas no bloco, mas que defende o direito dos foli�es se expressarem livremente. Ele apresentou requerimento pedindo explica��es sobre as medidas tomadas pelo comando da PM.
“Vamos tentar sair desse epis�dio com mais toler�ncia e respeito pela liberdade de express�o. Estamos em Minas Gerais, somos livres e a liberdade n�o pode ser apenas uma palavra em nossa bandeira”, disse.
Para o deputado Bruno Engler (PSL), no entanto, n�o houve censura aos manifestantes, uma vez que a PM estava preocupada com a seguran�a do evento.
“A quest�o ali n�o foi de liberdade de express�o, mas de seguran�a p�blica. A PM faz controle de massa e viu ali milhares de pessoas com credos diferentes, pessoas que j� estavam bebendo, outras at� utilizando outras drogas e o discurso pol�tico poderia gerar viol�ncia. Todos t�m direito de falar mal do governo, mas a PM faz um trabalho preventivo, de evitar a confus�o. � complicado vir aqui e descer a lenha no policial”, rebateu Engler.
Outros deputados destacaram a redu��o no n�mero de crimes durante os dias de festa e parabenizaram a pol�cia mineira pela atua��o no combate � viol�ncia no carnaval. “Temos que enaltecer o servi�o muito bem executado pela gloriosa Pol�cia Militar de Minas Gerais, que deu um show mais uma vez”, disse o deputado Coronel Henrique (PSL).
A maioria dos blocos que desfilaram pelas ruas da capital mineira adotou tom pol�tico de cr�ticas ao governo Bolsonaro e a seus filhos e ministros. Alguns blocos tamb�m se manifestaram contra a pris�o do ex-presidente Lula (PT).