Pressionado pela c�pula do Congresso, por l�deres aliados e por investidores, o presidente Jair Bolsonaro decidiu entrar diretamente no jogo da aprova��o da reforma da Previd�ncia e deu sinal verde neste s�bado, 9, para o presidente da C�mara, Rodrigo Maia, organizar e encaminhar para ele os pedidos de nomea��es para o segundo escal�o do governo nos Estados, uma pr�tica leg�tima e comum a todos os governos. Numa conversa fora da agenda no Pal�cio da Alvorada, Bolsonaro s� fez uma exig�ncia a Maia: que os indicados tenham boa reputa��o.
Foi o primeiro encontro, olho-no-olho, de Bolsonaro com Maia para a articula��o pol�tica e a motiva��o n�o s� dos partidos da base aliada ao governo como tamb�m de siglas que, mesmo n�o sendo da base, apoiam a reforma. Neste s�bado mesmo, Maia j� recebeu na sua resid�ncia oficial a l�der do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), e ambos articulam nomes para ocupar os cargos e a ida de l�deres partid�rios para conversas diretas, a partir desta semana, com o presidente.
Segundo Maia, s� o fato de o presidente receber os parlamentares, conversar com eles e ouvi-los j� vai fazer muita diferen�a no humor de deputados e senadores, que gostam de se sentir prestigiados. Como tem dito Maia, isso faz parte da boa pol�tica e ele usa at� uma pitada de ironia: "O Pal�cio tem um charme danado".
Na conversa, Bolsonaro anunciou que vai liderar pessoalmente os esfor�os de Executivo e Legislativo em favor da reforma e demonstrou preocupa��o, principalmente, com as chances da proposta na sua fase inicial de tramita��o, na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) da C�mara, a partir de quarta-feira. Maia o tranquilizou, dizendo que n�o haver� maiores problemas a�, at� porque as discuss�es de m�rito s� v�o come�ar depois, na Comiss�o Especial.
No cronograma acertado entre Executivo e Legislativo, a C�mara votar� primeiro a reforma geral da Previd�ncia e s� depois analisar� a proposta espec�fica para as For�as Armadas, que dever� chegar ao Congresso no fim deste m�s ou no in�cio de abril, conforme disse ao Estado o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, que se encontrou com Maia na �ltima quinta-feira. Como Bolsonaro reafirmou neste s�bado para o presidente da C�mara, os militares tamb�m dar�o sua cota de sacrif�cio.
Descontra��o
Maia estava na resid�ncia oficial da presid�ncia da C�mara, conversando com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que � do seu partido, o DEM, quando Bolsonaro telefonou convidando-o para a conversa no Alvorada. O encontro com o presidente durou uma hora e 15 minutos. A ministra participou. Maia vestia camisa polo de manga curta e Bolsonaro estava de roupa de gin�stica, num ambiente amistoso.
"Estou otimista", comentou depois o presidente da C�mara � reportagem sobre as possibilidades de vit�ria da reforma da Previd�ncia. Ele vinha reclamando da decis�o do Planalto de lotar mais de cem cargos de segundo escal�o com militares e rejeitar as indica��es pol�ticas, pr�prias da democracia representativa, mas est� convencido de que Bolsonaro compreende a import�ncia da participa��o dos parlamentares e "vai entrar em campo pela aprova��o da reforma".
Tamb�m est� fortemente empenhado na reforma o secret�rio especial de Previd�ncia e Trabalho, Rog�rio Marinho, que come�ou o dia tomando caf� da manh� com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e foi duas vezes � casa de Maia, pela manh� e � tarde. Ele integra a equipe t�cnica do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas, como ex-deputado, participa tamb�m da for�a-tarefa pela aprova��o da reforma no Congresso, que o presidente da Rep�blica promete agora liderar.
Na opini�o dos l�deres pol�ticos e da equipe econ�mica, uma parte ainda "capenga" nessa estrat�gia � a comunica��o, porque o Planalto tem "segurado" a campanha publicit�ria destinada, simultaneamente, � sociedade, � opini�o p�blica, aos atores econ�micos e aos parlamentares que ir�o votar a reforma. Essa investida de comunica��o � essencial, segundo eles, para neutralizar a poderosa press�o de corpora��es do servi�o p�blico que est�o tanto na base eleitoral quanto na base de apoio parlamentar do governo Bolsonaro.
Outra preocupa��o da for�a-tarefa da reforma � com a Frente Evang�lica, que tem uma robusta bancada no Congresso e representa um setor considerado, sen�o decisivo, muito importante para a elei��o do presidente Bolsonaro. A Frente tem se comprometido com a aprova��o do pacote antiviol�ncia do ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica, S�rgio Moro, mas deixando no ar uma posi��o em bloco a favor da reforma da Previd�ncia. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA