
No mesmo dia em que compartilhou em suas redes sociais um v�deo no qual o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) critica a decis�o do Supremo Tribunal Federal (STF) de remeter para a Justi�a Eleitoral crimes ligados � pr�tica de caixa 2, como corrup��o e lavagem de dinheiro, o presidente Jair Bolsonaro fez nesse s�bado (16) um apelo pela "uni�o" entre os Poderes.
Convidado para um churrasco na casa do presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com integrantes do Executivo, Legislativo e Judici�rio, Bolsonaro discursou na contram�o de sua pr�pria postagem e pregou o di�logo em um momento marcado por conflitos com o Supremo.
A ideia foi a de mostrar a imagem de estabilidade na v�spera de seu embarque para Washington, onde ele se encontrar� com o presidente Donald Trump. Participantes do almo�o disseram ao jornal O Estado de S. Paulo, por�m, que, apesar do pedido de unidade, Bolsonaro n�o deu sinais concretos de que quer a pacifica��o do Pa�s. O presidente saiu sem dar declara��es.
Coube a Maia condenar publicamente os ataques de parlamentares ao STF. Anfitri�o do encontro - que reuniu os chefes dos tr�s Poderes, 15 ministros, deputados e senadores, al�m do governador de Goi�s, Ronaldo Caiado (DEM) -, o presidente da C�mara tentou promover ali uma aproxima��o, mas indicou a necessidade da corre��o de rumos.
"A cr�tica n�o pode passar para agress�o, principalmente em rela��o a um Poder que tem como fun��o resguardar a Constitui��o", disse Maia, numa refer�ncia ao Supremo. "N�o se pode atacar e desrespeitar os ministros do Supremo. Isso � muito grave e � muito importante que a gente respeite a decis�o dos Poderes, mesmo que ela desagrade", completou ele.
A portas fechadas, o presidente do STF, Dias Toffoli, fez um aceno na dire��o do Pal�cio do Planalto. "Estamos aqui, presidente, de mangas arrega�adas, para ajudar a destravar o Brasil e retomar o crescimento", afirmou Toffoli, que defende um pacto entre os Poderes para votar a reforma da Previd�ncia e mudan�as tribut�rias. O uso da express�o "mangas arrega�adas" foi uma refer�ncia ao traje informal da maioria dos presentes. O pr�prio Bolsonaro estava com camisa de manga curta, azul clara.
Toffoli foi o �ltimo a deixar o churrasco. Ap�s a sa�da de todos, ficou conversando a s�s com Maia. O encontro havia sido originalmente planejado apenas para um bate-papo entre Bolsonaro, Maia, Toffoli e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O presidente da C�mara queria um petit comit� para que todos pudessem falar abertamente sobre os problemas.
Era uma tentativa de promover um freio de arruma��o nas tensas rela��es com o Planalto para facilitar a vota��o de projetos considerados priorit�rios para o ajuste das contas p�blicas. Bolsonaro, por�m, avisou na �ltima hora que ministros o acompanhariam e chegou a dar carona ao titular da Justi�a, S�rgio Moro.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que um dos chefes de Poder disse ao presidente que ou ele dava "um basta" na guerra promovida nas redes sociais ou a situa��o ficaria complicada para o governo. O recado foi o de que at� mesmo ele poderia ser considerado como avalista das agress�es virtuais. Bolsonaro respondeu ao interlocutor que n�o tinha como controlar seus seguidores.
N�o foi apenas Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, que manifestou irrita��o ap�s o STF definir a Justi�a Eleitoral como foro competente para julgar crimes ligados � pr�tica de caixa 2. Integrantes do PSL, partido de Bolsonaro, aumentaram o coro dos protestos, como mostrou reportagem do Estad�o na edi��o de ontem.
A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), por exemplo, chegou a ir para a frente do Supremo, com um alto-falante, amea�ar os ministros da Corte de impeachment. "N�o vamos aceitar que voc�s acabem com a Lava Jato", disse Carla. J� Eduardo afirmou, em v�deo no Twitter, que o pacote anticrime enviado por Moro ao Congresso "sanar� isso", porque prev� pris�o ap�s condena��o em segunda inst�ncia.
Respons�vel pela articula��o pol�tica do Planalto com o Congresso, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o encontro de ontem foi uma demonstra��o de que h� di�logo entre os tr�s Poderes. "O Brasil precisa sair do conflito. As autoridades m�ximas precisam saber sentar � mesa para conversar." Esse pacto, por�m, parece longe de sair do papel. No Senado, um grupo de parlamentares ainda tenta criar a chamada CPI da Lava Toga, com o objetivo de investigar poss�veis excessos de tribunais superiores, mas o foco � mesmo o Supremo.