
Um n�cleo estrat�gico do Planalto entrou na mira de influenciadores das redes sociais do entorno do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos. O vice-presidente Hamilton Mour�o e os militares passaram a enfrentar uma onda de cr�ticas por n�o darem apoio p�blico, por exemplo, � ofensiva pela libera��o de armas.
Novo alvo da artilharia do escritor Olavo de Carvalho, Mour�o prefere ignorar as cr�ticas. "O senhor Olavo n�o me conhece, nunca conversou comigo. N�o sabe quais as minhas ideias e, por conseguinte, n�o vou polemizar com ele", afirmou ele ao jornal O Estado de S. Paulo, sobre o "guru" do presidente Jair Bolsonaro.
O mais recente petardo foi desferido no s�bado � noite, ap�s um encontro com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, em Washington. "Mour�o � um idiota", afirmou Olavo a jornalistas.
O ataque faz parte de uma ofensiva do escritor e seus seguidores contra o general da reserva - que assumiu a Presid�ncia interinamente com a viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos. Dos 287 posts de Olavo no Twitter nas duas primeiras semanas deste m�s, 77 (27%) s�o cr�ticos a Mour�o e a militares de forma geral. Nas mensagens, o escritor alimenta a especula��o de que o vice atua para derrubar o presidente.
No dia 11, Olavo chamou a aten��o de seus seguidores para um projeto de lei apresentado pelo ex-deputado e senador Veneziano Vital do R�go (PSB-PB), que d� mais poderes ao vice. O texto n�o � tratado como prioridade pelo Senado, mas mereceu a aten��o de Olavo. "O deputado que quer 'ampliar as fun��es do vice-presidente da Rep�blica' � do PSB, pertencente ao Foro de S�o Paulo. O Mour�o vive no cora��o dessa gente", disse Olavo pelo Twitter.
Pela proposta, o vice-presidente deve dar assist�ncia "direta e imediata" na coordena��o das a��es de governo, no monitoramento dos �rg�os, na supervis�o dos ministros e nas an�lises de pol�ticas p�blicas. Na contram�o de Olavo, Mour�o gostou da ideia por tra�ar um "norte" para o cargo que ocupa atualmente. "O vice poderia ser, por exemplo, um coordenador de determinadas a��es governamentais, para utilizar melhor o potencial dele", afirmou ele.
Autor do texto, Veneziano disse que sua inten��o foi apenas a de "preencher a lacuna constitucional". "Hoje, a Carta Magna s� fala em substitui��o e sucess�o como atribui��o do vice-presidente", justificou.
Rede
Em reportagem publicada neste domingo, 17, o Estado mostrou que, ao lado de Bolsonaro, Olavo integra o n�cleo central de uma rede bolsonarista "jacobina". O grupo atua na internet na promo��o de linchamentos virtuais at� mesmo de aliados do governo. As p�ginas desses influenciadores t�m em comum a defesa da libera��o de armas e os ataques a todos os que se op�em a isso, o que explica o fato de os militares terem virado alvo.
No in�cio do m�s, Olavo escancarou sua ira contra Mour�o. "Por que, durante a campanha, o general Mour�o jamais mostrou sua verdadeira face de desarmamentista, de adepto do abortismo, de protetor de comunistas, de inimigo visceral do bolsonarismo, de amante da m�dia inimiga? Ele fingiu-se de companheiro fiel at� chegar ao cargo", escreveu.
Entre os generais do c�rculo de Bolsonaro, n�o se costuma comentar a��es dos filhos do presidente em rela��o � ind�stria de armas. Na �ltima quarta-feira, por exemplo, o senador Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ) apresentou um projeto - o primeiro de seu mandato - para autorizar a instala��o de f�bricas civis de armas de fogo e muni��es e evitar restri��es � participa��o de empresas privadas estrangeiras do setor. O controle de armas no Pa�s � hoje de responsabilidade do Ex�rcito. H� um movimento para flexibilizar essa prerrogativa.
Interlocutora de Olavo, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) se incomoda com as cr�ticas p�blicas do escritor ao governo. "Olavo sempre foi oposi��o e n�o est� sabendo lidar agora, na situa��o. Se ele tem o telefone do Bolsonaro e quer realmente ajudar, poderia fazer uma liga��o para aconselhar o presidente", afirmou Carla ao Estado. "Se fosse guru, falaria no privado, e n�o de forma a desestabilizar o governo."
A pr�pria deputada foi alvo do escritor, que a chamou de "caipira" e "semianalfabeta" por ter viajado para a China numa comitiva com outros colegas, no in�cio do ano. Carla � pr�xima de Bolsonaro e costuma frequentar o Pal�cio do Planalto.