(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas POL�TICA

Bolsonaro estimula celebra��o do golpe militar de 64

Bolsonaro j� declarou ter como �dolo um dos s�mbolos do regime militar, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, morto em 2015


postado em 25/03/2019 11:25 / atualizado em 25/03/2019 19:14

(foto: Marcos Correa/PR)
(foto: Marcos Correa/PR)

O presidente Jair Bolsonaro orientou os quart�is a comemorarem a "data hist�rica" do anivers�rio do dia 31 de mar�o de 1964, quando um golpe militar derrubou o governo Jo�o Goulart e iniciou um regime ditatorial que durou 21 anos. Generais da reserva que integram o primeiro escal�o do Executivo, por�m, pedem cautela no tom para evitar ru�dos desnecess�rios diante do clima pol�tico acirrado e dos riscos de pol�micas em meio aos debates da reforma da Previd�ncia.

Em um governo que re�ne o maior n�mero de militares na Esplanada dos Minist�rios desde o per�odo da ditadura (1964-1985) - o que j� gerou insatisfa��o de parlamentares -, a comemora��o da data deixou de ser uma agenda "proibida". Ainda que sem um decreto ou portaria para formaliz�-la, a efem�ride volta ao calend�rio de comemora��es das For�as Armadas ap�s oito anos.

Em 2011, a ent�o presidente Dilma Rousseff, ex-militante torturada no regime ditatorial, orientou aos comandantes da Aeron�utica, do Ex�rcito e da Marinha a suspens�o de qualquer atividade para lembrar a data nas unidades militares.

O Planalto pretende unificar as ordens do dia, textos preparados e lidos separadamente pelos comandantes militares. Pelos primeiros esbo�os que est�o sendo feitos pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, o texto �nico ressaltar� as "li��es aprendidas" no per�odo, mas sem qualquer autocr�tica aos militares. O per�odo ficou marcado pela morte e tortura de dezenas de militantes pol�ticos que se opuseram ao regime.

O texto tamb�m deve destacar o papel das For�as Armadas no contexto atual. De volta ao protagonismo no Pa�s, militares s�o os principais pilares de sustenta��o do governo Bolsonaro. Por isso, generais da reserva disseram � reportagem que no entendimento da c�pula das For�as Armadas e do pr�prio presidente, a mensagem precisa ser "suave". Eles afirmam que n�o querem nenhum gesto que gere tumulto porque n�o � hora de fazer alarde e/ou levantar a poeira. O momento, dizem, � de acalmar e focar em reverter os problemas econ�micos, como reduzir o n�mero de desempregados.

Investiga��es

A suspens�o da festa em comemora��o a 1964 por Dilma coincidiu com a cria��o da Comiss�o Nacional da Verdade. O grupo foi criado pela presidente em meio � press�o da Organiza��o dos Estados Americanos (OEA), que condenou o Estado brasileiro pelo desaparecimento de guerrilheiros na regi�o do Araguaia, e da Justi�a Federal, que cobrava a entrega de restos mortais a familiares de v�timas da ditadura.

Embora n�o tenha avan�ado nos esclarecimentos dos epis�dios mais emblem�ticos do per�odo, a comiss�o desagradou aos militares. Na �poca, segundo relato de oficiais, ficou estabelecido uma esp�cie de acordo informal com o Ex�rcito - comandado � �poca pelo general Enzo Peri - de que n�o haveria "persegui��o". Oficiais afirmam que Dilma, na ocasi�o, chegou a dizer: "N�o farei persegui��o, mas em compensa��o n�o quero exalta��o".

Do outro lado, integrantes da comiss�o chegaram a demonstrar desconforto com a postura do ent�o ministro da Defesa, Celso Amorim, e dos comandantes das For�as Armadas de, segundo eles, n�o se esfor�arem na busca de informa��es. O relat�rio final do grupo foi entregue em dezembro de 2014 e considerado um fiasco por pesquisadores e parentes de desaparecidos pol�ticos.

A partir da�, as comemora��es nas unidades militares minguaram. A lembran�a da passagem do 31 de mar�o ficou limitada �s atividades do Clube Militar, com sede no Rio, formado por oficiais da reserva.

Em janeiro de 2016, o ent�o chefe do Comando Militar do Sul, o atual vice-presidente Hamilton Mour�o, deixou o posto com um discurso em que citava a derrubada de Goulart. Ele lembrou que assumiu o cargo em 31 de mar�o de 2014. "31 de mar�o, grande data", disse. Ao lado dele estava o substituto, general Edson Pujol, hoje comandante do Ex�rcito.

Cabeceira

O pr�prio Bolsonaro j� declarou ter como �dolo um dos s�mbolos do regime militar, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, morto em 2015. Ustra foi comandante do DOI-Codi do II Ex�rcito, em S�o Paulo, onde teriam morrido 45 prisioneiros.

Durante a campanha, o presidente disse que seu livro de cabeceira � A verdade sufocada, uma vers�o de Ustra para os assassinatos de opositores do regime. Na �poca da campanha eleitoral, generais chegaram a sugerir que Bolsonaro n�o repetisse a afirma��o.

Ao votar pelo impeachment de Dilma, Bolsonaro citou Ustra no discurso, causando pol�mica. "Perderam em 64, perderam agora em 2016. Pela fam�lia, pela inoc�ncia das crian�as em sala de aula, que o PT nunca teve, contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de S�o Paulo, pela mem�ria do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo Ex�rcito de Caxias, pelas For�as Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto � sim", declarou na ocasi�o em plen�rio.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)