
O governo comemora a vit�ria da aprova��o da reforma da Previd�ncia na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) da C�mara — o presidente Jair Bolsonaro, inclusive, agradeceu a Rodrigo Maia, presidente da C�mara, pelo empenho, em rede nacional. Por�m, a admissibilidade do texto � apenas a ponta do iceberg da articula��o pol�tica.
Os l�deres partid�rios alertam: a interlocu��o na Comiss�o Especial exigir� um di�logo completamente diferente do que foi feito at� o momento. Os mais insatisfeitos com o Planalto argumentam que, na verdade, a articula��o deve ter in�cio com a reforma na “casa” e mexendo nas pr�prias lideran�as respons�veis pelo contato com o Parlamento.
As cr�ticas ecoam, sobretudo, entre os novatos. A C�mara foi renovada em 53% por deputados que, por n�o serem remanescentes da �ltima legislatura, n�o t�m emendas impositivas a receber. O governo trabalha para liberar R$ 500 milh�es dessa verba — esp�cie de restos a pagar. Embora sejam recursos que o governo � obrigado a executar, a libera��o � um gesto importante, mas s� atende os parlamentares reeleitos. Ou seja, congressistas de primeiro mandato n�o ter�o como oferecer �s bases eleitorais recursos para sa�de e educa��o em um per�odo em que os di�logos sobre as elei��es municipais evoluem.
Os novatos teriam, em tese, cargos para negociar com o governo. A conversa sobre postos vinha sendo feita pelos coordenadores de bancadas nos estados com a l�der do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). O modelo se esgotou e, agora, de forma incipiente, come�a a ser feito junto �s lideran�as partid�rias dispostas a compor a base governista nos estados. Nada de concreto, entretanto, aconteceu. Soma-se a isso a insatisfa��o de que, por decreto publicado pelo governo, as indica��es precisam atender a especificidades t�cnicas. Na pr�tica, a an�lise de l�deres � de que os pormenores criar�o entraves para a nomea��o.
Sem mudar a articula��o, o discurso propagado por lideran�as, sobretudo do Centr�o, � de que o governo sofrer� derrotas mais duras na Comiss�o Especial do que na CCJ. H� quem diga que, sem mudan�as na articula��o, o texto ser� aprovado, mas bem alterado. Outros bancam que a reforma sequer passa no colegiado. “Se j� foi esse parto todo para aprovar a admissibilidade, imagina discutir o m�rito”, comentou um l�der partid�rio. O argumento � de que n�o � poss�vel aceitar o desgaste de um texto impopular com a oposi��o e a pr�pria base eleitoral sem benesses e aten��o.
Press�o
A atual tend�ncia aponta para a evolu��o da cobran�a, at� com mudan�as na articula��o, como a sa�da do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e at� na lideran�a do governo na C�mara, representada pelo deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), e no Congresso, sob a tutela de Hasselmann. O pedido de mudan�as ecoa at� mesmo no PSL, partido de Bolsonaro, que acumula a passos largos um movimento de dissidentes, deputados dispostos a migrar para outros partidos.
O governo est� ciente das press�es e tenta ajustar o di�logo. A Secretaria de Comunica��o (Secom) trabalha em uma nova publicidade para divulgar a reforma da Previd�ncia � sociedade, de modo a evitar o desgaste junto aos parlamentares. A Casa Civil articula com o Minist�rio da Economia a inje��o de recursos para atender a antecipa��o de emendas a deputados novatos. E Bolsonaro adotou um tom de afago ao presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o grande articulador da aprova��o do texto na CCJ. “Agrade�o o empenho e o trabalho da maioria dos integrantes da comiss�o (CCJ) e tamb�m o comprometimento do presidente Rodrigo Maia”, disse, ontem, em pronunciamento em cadeia nacional.
Em defesa da reforma, Bolsonaro disse que, se nada for feito, o pa�s n�o ter� recursos para garantir uma aposentadoria para todos os brasileiros e n�o vai dispor de condi��es para investir em �reas importantes para as fam�lias, como sa�de, educa��o e seguran�a. Cobrou, no entanto, “esp�rito patri�tico” dos parlamentares. O recado que ser� dado na Comiss�o Especial, entretanto, � de que s� patriotismo n�o dialoga com as bases eleitorais.