O ministro do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) Walton Alencar Rodrigues atua nos bastidores para emplacar a magistrada Isabel Gallotti, com quem � casado, na pr�xima vaga do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os movimentos de Rodrigues s�o discretos, mas j� observados por integrantes da Corte. No s�bado, dia 27, ele ofereceu um almo�o para comemorar o seu anivers�rio e convidou o presidente Jair Bolsonaro, que, a partir do ano que vem, ter� direito de indicar dois nomes para o Supremo.
Foi Rodrigues quem indicou a Bolsonaro, na transi��o de 2018, o t�cnico Tarc�sio Gomes de Freitas, sob o argumento de que ele faria o governo "dar certo". Freitas foi nomeado ministro da Infraestrutura, ap�s ter sido diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) na gest�o da petista Dilma Rousseff e secret�rio do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) na administra��o de Michel Temer (MDB).
Descontra�do, Bolsonaro se serviu de tambaqui vindo do Amazonas e tamb�m aproveitou a comemora��o para se reaproximar do presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Entre as v�rias autoridades presentes na casa de Rodrigues - que tem prest�gio nos tr�s Poderes -, estavam ainda o subprocurador-geral da Rep�blica Paulo Gonet e Ives Gandra Martins Filho, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e outro potencial candidato a uma cadeira no Supremo.
Na Corte, os ministros Celso de Mello e Marco Aur�lio Mello se aposentam, respectivamente, em novembro de 2020 e julho de 2021. Ex-juiz da Lava Jato, o titular da Justi�a e Seguran�a P�blica, S�rgio Moro, tamb�m � cotado para assumir uma das vagas. Bolsonaro ainda n�o tomou uma decis�o, mas, a portas fechadas, sempre diz ser agradecido a Rodrigues pela indica��o de Freitas, um dos nomes que t�m se sobressa�do no governo, e de Adalberto Vasconcelos, atual secret�rio do PPI.
Fam�lia
Isabel chegou ao STJ em agosto de 2010, por escolha do ent�o presidente Luiz In�cio Lula da Silva, hoje condenado e preso na Opera��o Lava Jato. Ela pertence a uma linhagem familiar com tradi��o no Supremo: al�m de filha de Oct�vio, a magistrada � neta de Luiz Gallotti. O pai foi nomeado para o posto pelo general Jo�o Baptista Figueiredo e o av�, por Eurico Gaspar Dutra.
Dona de perfil detalhista, t�cnico e conservador, Isabel � respeitada por seus pares no STJ, mas as articula��es de seu marido t�m incomodado integrantes do tribunal. Em conversas reservadas, magistrados dizem que Bolsonaro afirma rejeitar a velha pol�tica, mas sinaliza um pacto com a "velha Justi�a", em uma refer�ncia � dinastia Gallotti.
Em fevereiro, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que Isabel entrou na mira da Receita Federal em uma apura��o sobre ind�cios de irregularidades tribut�rias. Na ocasi�o, ela afirmou que a varia��o patrimonial era compat�vel com heran�a recebida da m�e, em 2014. "A simples cautela de verificar minha declara��o teria evitado esse constrangimento", disse ela, � �poca.
O Fisco informou em nota, depois, que a ministra foi "objeto de an�lise t�cnica e impessoal e a conclus�o dos auditores fiscais � de que os ind�cios originalmente apontados n�o se confirmaram, raz�o pela qual os procedimentos de fiscaliza��o n�o foram instaurados".
Rodrigues tamb�m se movimentou no governo Dilma para tentar emplacar Isabel em uma vaga no Supremo. Ela n�o conseguiu o posto, mas a ent�o presidente indicou o irm�o dele, Douglas Alencar Rodrigues, para o cargo de ministro do TST.
Procurado, Rodrigues n�o quis se manifestar sobre o assunto. Isabel tamb�m n�o se pronunciou. "N�o tenho nada a declarar", afirmou ela.