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Estado de Minas POL�TICA

Eleitor de 2� turno descola mais r�pido de Bolsonaro, diz pesquisa

A desaprova��o da atual administra��o tem como eixo central a persist�ncia da crise econ�mica e do desemprego em n�veis elevados


postado em 02/06/2019 13:16 / atualizado em 02/06/2019 16:59

Um dos argumentos apresentados para o recuo no apoio a Bolsonaro é o desconhecimento das propostas (foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Um dos argumentos apresentados para o recuo no apoio a Bolsonaro � o desconhecimento das propostas (foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag�ncia Brasil)
Desde que o presidente Jair Bolsonaro tomou posse, h� cinco meses, pesquisas mediram aumento em sua taxa de desaprova��o. O mais recente levantamento do instituto Ideia Big Data mostra que o desembarque do bolsonarismo tem sido mais significativo em parte expressiva do eleitorado que votou no ent�o candidato do PSL apenas no segundo turno da elei��o presidencial de 2018. Essa parcela de eleitores, em tese, aderiu a Bolsonaro com o objetivo de evitar a volta do PT ao governo federal.

A desaprova��o da atual administra��o tem como eixo central a persist�ncia da crise econ�mica e do desemprego em n�veis elevados.

Segundo a pesquisa da Ideia Big Data, a maior parte dos eleitores que optaram por Bolsonaro e hoje rejeita o governo � formada por mulheres com idade entre 25 e 40 anos, integrantes das classes B e C, n�o evang�licas e que vivem em cidades com mais de 200 mil habitantes nas regi�es Norte e Nordeste.

Eles votaram no presidente apenas no segundo turno e representam cerca de 10 pontos porcentuais dos 18 que Bolsonaro perdeu desde a posse, conforme a s�rie mensal de pesquisas do Ideia Big Data.

Um dos argumentos apresentados para o recuo no apoio a Bolsonaro � o desconhecimento das propostas do ent�o candidato durante a campanha eleitoral, segundo o economista e pesquisador Maur�cio Moura, fundador do instituto. De acordo com Moura, a este argumento se somam outros fatores: os ru�dos provocados por integrantes do governo nas redes sociais e a aus�ncia de medidas para gerar empregos e combater a crise econ�mica.

Moradora da Lomba do Pinheiro, bairro perif�rico de Porto Alegre, a empreendedora Elaine Lima, de 36 anos, votou no 17 (o n�mero do PSL) de Bolsonaro em busca de mais seguran�a. Mas se diz agora decepcionada. "O que me atraiu, principalmente, foi o discurso do Bolsonaro de combate � viol�ncia. Ele parecia ser porreta naquilo que falava. Aqui na regi�o a criminalidade tomou conta, � um bangue-bangue di�rio. Eu tenho medo de andar nas ruas e acreditei nele durante as elei��es. Mas o Bolsonaro assumiu como presidente e a gente n�o v� nada. Eu j� perdi as esperan�as. N�o vejo um bom futuro para n�s", afirmou.

Para Moura, essa camada da popula��o, que ele chama de "classe m�dia-m�dia", � "mais sens�vel �s quest�es econ�micas". "Muito do apoio que Bolsonaro teve no segundo turno foi mais por rejei��o ao PT do que por identifica��o com a plataforma dele. Bolsonaro n�o exp�s de maneira plena suas plataformas durante a campanha e muitos est�o conhecendo s� agora as propostas do presidente para diversas �reas."

O pesquisador reiterou que muitos eleitores votaram em Bolsonaro sem conhecer bem as ideias do presidente. "Isso d� um apoio muito fr�gil." Um exemplo disso � o decreto que facilita o acesso a armas de fogo. Nos �ltimos dias, Bolsonaro passou a refor�ar a ideia de que, no Planalto, n�o vai abandonar as promessas de campanha.

Moura afirmou que a aprova��o ao governo sofreu uma queda abrupta nos dois primeiros meses de mandato e, agora, se estabilizou. Mas a dificuldade em cumprir promessas de crescimento econ�mico a m�dio prazo e as investiga��es envolvendo o senador Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ) podem causar um descolamento ainda maior, atingindo o n�cleo duro do bolsonarismo.

A Ideia Big Data vem consultando eleitores sobre o desempenho do governo desde o in�cio do ano, sempre entre os dias 3 e 6 de cada m�s. O acompanhamento mostra forte queda na aprova��o do presidente. A soma dos eleitores que aprovam ou aprovam totalmente o governo era de 49% em janeiro. Hoje, � de 31%.

J� a soma dos que desaprovam ou desaprovam totalmente o governo subiu de 21% para 36% entre janeiro e maio. A Ideia Big Data ouviu 1.660 pessoas. A margem de erro � de 3,2 pontos, para mais ou para menos.

‘Antissistema’. Para o publicit�rio Renato Meirelles, presidente do instituto Locomotiva, especializado na classe C, o eleitorado que votou em Bolsonaro no segundo turno n�o era apenas antipetista, mas antissistema. "� um voto que foi para Bolsonaro a partir da facada", afirmou ele, numa refer�ncia ao atentado sofrido por Bolsonaro durante campanha de rua em Juiz de Fora (MG), em setembro passado.

Segundo ele, presidente e governo entram na zona de risco ao optar por um discurso no qual mant�m os ataques a advers�rios e fazem acenos � sua base fiel. "A popula��o est� cansada desse processo de divis�o e o governo perde todas as oportunidades de sair dele. No governo, Bolsonaro mant�m o discurso de candidato a deputado, em que o apoio de apenas uma parcela da sociedade j� � suficiente."

A insatisfa��o de Elaine aumentou com a decis�o tomada pelo governo, em mar�o, de n�o renovar a perman�ncia do efetivo da For�a Nacional no Rio Grande do Sul. Ela deixou de acompanhar o notici�rio pol�tico. "A pol�tica me deixa muito triste e irritada. N�o vejo mais televis�o e, quando escuto no r�dio as not�cias de pol�tica, n�o consigo mais acompanhar. Olha o que o aconteceu com a Educa��o? � s� besteirol."

‘Ele d� prioridade a coisas n�o necess�rias’, diz turism�loga

"Eu estava colocando muita expectativa nele. Com tudo que vem acontecendo, estou um pouco decepcionada." A afirma��o da turism�loga Luciana Leal condensa, em grande parte, a avalia��o de eleitores que votaram no ent�o presidenci�vel do PSL para evitar a elei��o do petista Fernando Haddad e que se dizem agora frustrados depois de cinco meses de governo.

"Achava que ele fosse mudar. At� entendo que a gente n�o consegue arrumar a casa em pouco tempo pela bagun�a que foi deixada. Mas acho que ele est� dando prioridade a coisas que n�o s�o necess�rias agora, o porte de arma, por exemplo. Fiquei esperando mais, e ele est� me decepcionando", acrescentou Luciana, de 42 anos.

Como ela, o jornal O Estado de S�o Paulo consultou ao menos 40 pessoas que circulavam na tarde da �ltima sexta-feira nas proximidades do Viaduto do Ch�, regi�o central da capital paulista. Uma �rea densamente povoada por eleitores de todas as classes sociais e regi�es do Pa�s. A todos eles, a reportagem fez as seguintes perguntas: votou em Bolsonaro? Por qu�? O que acha destes cinco primeiros meses de governo?

A maioria disse ter votado em Bolsonaro como alternativa ao PT - partido que, embora n�o tenha sido o �nico, teve sua imagem mais diretamente relacionada aos recentes esc�ndalos de corrup��o. Entre esses eleitores, h� quem continue dando apoio incondicional ao governo. "Precis�vamos de mudan�as. Para cinco meses, ele j� fez muito", disse Pedro Borges, consultor em tecnologia para sa�de. "Acredito plenamente no governo e na equipe."

Entre os entrevistados, predominou, por�m, um misto de decep��o e resigna��o, seja por n�o conhecer por completo as propostas de Bolsonaro ou por discordar das prioridades escolhidas at� agora seja pelos resultados, principalmente na economia.

Luciana critica as prioridades do governo, diante do que chama de necessidades mais imediatas da popula��o. "Est� tudo muito caro, as coisas est�o aumentando e, em vez de melhorar, est� piorando a situa��o. A gente sente a inseguran�a, o desemprego est� muito grande. Trabalho no centro, vejo filas e filas de gente procurando emprego, muitos pais de fam�lia", disse.

Ela tamb�m critica a reforma da Previd�ncia, principal proposta de Bolsonaro nos seus cinco primeiros meses. "Acho que tem de ter reforma, mas por que ser pior para os pobres? Os ricos, nada mexe, tem aux�lio para tudo. Os deputados, a gente sabe que ganham bem, t�m todos os aux�lios, e a gente n�o."

‘Sem op��o’. Funcion�rio de uma empresa de presta��o de servi�os, Ad�o Alfredo Vieira, de 48 anos, votou em Bolsonaro nos dois turnos "por falta de op��o". "� um erro como forma de protesto, n�? N�o querer votar no outro e acaba votando nesse. Foi uma decep��o", disse. Hoje, Vieira diz estar sem perspectiva. "A gente esperava mais, s� que do jeito que a coisa vai estou quase sem perspectiva. Voc� v� que a coisa n�o evoluiu, principalmente para o lado do social, n�?"

Severino Alexandre, que n�o quis revelar a idade, trabalha com resgate de pessoas em situa��o de rua em S�o Paulo. Por atuar junto � popula��o mais vulner�vel, diz ter autoridade para reclamar das prioridades do governo. "Como ele estava prometendo a��es novas, n�o s� eu, mas a maioria que elegeu deu voto de confian�a. S� que o discurso que ele fez na campanha e est� fazendo, n�o batem", afirmou. "Ele n�o fez nada. Fala muito, usa as redes sociais para atacar e se defender, mas fazer mesmo, trabalhar, ele n�o faz. Estou do lado dos mais necessitados, e esse lado � o que eles querem mais cortar."

Tamb�m eleitor de Bolsonaro nos dois turnos, Alexandre considera que o atual governo erra quando contingencia recursos da Educa��o. "O PT cometeu erros, mas investiu naqueles que mais necessitam. Agora ele faz o contr�rio. Tira o dinheiro das universidades, das pesquisas, tudo aquilo que � preciso... Como um Pa�s vai ter futuro se n�o tem educa��o, se n�o investe? Minha indigna��o � que � um governo sem perspectiva." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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