
Em viagem a Manaus, onde foi se encontrar com secret�rios estaduais de Justi�a de todo o pa�s, o ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica, Sergio Moro, negou, nesta segunda-feira (10/6), que tenha dado orienta��es aos procuradores que integram a opera��o Lava-Jato. "N�o h� orienta��o nenhuma", disse Moro, em refer�ncia a trocas de mensagens pelo celular divulgadas no domingo pelo site The Intercept Brasil.
Segundo o site, uma fonte an�nima repassou um conjunto de conversas mantidas por Moro, ent�o juiz federal, com o coordenador da for�a-tarefa, Deltan Dallagnol, por meio do aplicativo Telegram. Foram publicados tamb�m di�logos entre os procuradores. O Intercept publica trechos em que Moro teria passado a Dellagnol o contato de poss�veis testemunhas, sugerido a torca de ordem nas opera��es que ainda seriam realizadas e at� mesmo perguntado se a Lava-Jato n�o estava demorando muito para fazer uma nova opera��o.
Ao ser perguntado sobre o assunto, Moro tamb�m questionou a autenticidade das conversas, embora n�o tenha desmentido a veracidade das informa��es. "N�o tem nenhuma orienta��o ali naquelas mensagens. E eu nem posso dizer que s�o aut�nticas porque, veja, s�o coisas que aconteceram, e se aconteceram, foram h� anos. Eu n�o tenho mais essas mensagens. Eu n�o guardo, eu n�o tenho registro disso. Mas ali n�o tem orienta��o nenhuma", disse.
Para o ministro, as conversas entre juiz e procuradores s�o algo normal. "Veja, os ju�zes conversam com procuradores, conversam com advogados, conversam com policiais. E isso � algo normal. Se houve alguma coisa nesse sentido, s�o opera��es que j� haviam sido autorizadas e isso � quest�o de log�stica de saber como fazer."
Moro, no entanto, ficou nitidamente incomodado com as perguntas, abandonando a coletiva de imprensa depois de os jornalistas tocarem no assunto. "Senhores eu vim aqui para falar do Amazonas e se n�o tem pergunta a esse respeito eu encerro", concluiu.
Foi a primeira vez que Moro falou com a imprensa sobre o assunto. No domingo, o ministro divulgou nota na qual disse que "n�o se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atua��o enquanto magistrado".
Autoridades e juristas reagem
A divulga��o das conversas fez com que, na noite de domingo e ao longo desta segunda-feira, juristas e pol�ticos se manifestassem, tanto para sair em defesa de Moro e da Lava-Jato quanto para criticar a postura do ent�o juiz e dos promotores.
Para especialistas ouvidos pelo Correio ainda no domingo, os di�logos indicam um comportamento, no m�nimo, anti�tico dos envolvidos. Para Conrado Gontijo, criminalista e doutor em direito penal pela Universidade de S�o Paulo (USP), se for confirmada a autenticidade das mensagens, ser� um dos maiores esc�ndalos da hist�ria do pa�s. “Se houve este tipo de comunh�o entre o Poder Judici�rio e o Minist�rio P�blico � uma viol�ncia ao estado democr�tico de direito”, afirmou.
J� o vice-presidente da Rep�blica, Hamilton Mour�o, preferiu questionar a divulga��o das conversas e reafirmar a confian�a do governo em Sergio Moro. "Vou responder de forma muito simples, conversa privada � conversa privada, descontextualizada ela traz qualquer n�mero de ila��es. Ministro Moro � um cara da mais ilibada confian�a do presidente, � uma pessoa que dentro do Pa�s tem um respeito enorme por parte da popula��o, visto as pesquisas de opini�o sobre a popularidade dele", disse Mour�o. Com informa��es da Ag�ncia Estado.