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Estado de Minas

Levy � a primeira baixa na equipe econ�mica do governo Bolsonaro

Ap�s recado de Bolsonaro, presidente do BNDES se demite em pleno domingo. Desligamento repercute no meio pol�tico e econ�mico e pode provocar reflexos hoje no mercado financeiro


postado em 17/06/2019 06:00 / atualizado em 17/06/2019 08:00

Desde sua nomeação no início do governo, Joaquim Levy enfrentou resistência de Bolsonaro e seus filhos (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 24/12/15)
Desde sua nomea��o no in�cio do governo, Joaquim Levy enfrentou resist�ncia de Bolsonaro e seus filhos (foto: Marcelo Camargo/Ag�ncia Brasil 24/12/15)
Menos de 24 horas depois de ser criticado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) em entrevista, o economista Joaquim Levy pediu demiss�o da presid�ncia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES). Na manh� de ontem, ele enviou sua carta de demiss�o ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pedindo para ser desligado do banco. A queda de Levy foi a primeira baixa no alto escal�o da equipe econ�mica montada por Guedes, que � considerado, ao lado do ministro da Justi�a S�rgio Moro, um dos principais pilares do governo Bolsonaro. Seu substituto deve ser um nome t�cnico da iniciativa privada, segundo integrantes da equipe de Guedes, o que deve aliviar o mercado financeiro, que se preocupa com o uso pol�tico do banco federal.

“Solicitei ao ministro da Economia meu desligamento do BNDES. Minha expectativa � de que ele aceda. Agrade�o ao ministro o convite para servir ao pa�s e desejo sucesso nas reformas”, disse Levy em sua mensagem a Guedes. Segundo uma fonte, os dois teriam conversado na manh� de ontem sobre o pedido de desligamento do executivo. O di�logo “foi cordial e houve muita concord�ncia", de acordo com a mesma fonte.

A perman�ncia do economista � frente do banco tornou-se insustent�vel desde a tarde de s�bado, quando o presidente Bolsonaro afirmou que estava “por aqui” com ele e condicionou sua continuidade no cargo � demiss�o de Marcos Barbosa Pinto, que atuou no governo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), e havia sido indicado por Levy para uma diretoria do BNDES.

Desde que foi indicado por Guedes para assumir o comando do banco, Levy enfrentava resist�ncia dentro do Pal�cio do Planalto. Ap�s a elei��o, ainda durante a transi��o, Bolsonaro afirmou que aceitaria a indica��o por “acreditar em Guedes”, mas que na equipe de governo houve rea��o ao nome de Levy por ele ter “servido a Dilma” – foi ministro da Fazenda do governo da petista em 2015 – e ao ex-governador do Rio de Janeiro S�rgio Cabral – foi secret�rio de Finan�as. Com doutorado em economia na Universidade de Chicago, reduto do pensamento econ�mico liberal, Levy era uma indica��o pessoal de Guedes.

Em v�rias oportunidades de entrevista e "lives", por�m, Bolsonaro e seus filhos n�o perdiam oportunidade, de olho em seus seguidores nas redes sociais, de cutucar o presidente do BNDES. Repetia sempre que era preciso abrir a "caixa-preta" do banco, que foi marcado pela pol�tica econ�mica dos governos petistas por empr�stimos bilion�rios para grupos empresariais envolvidos em esc�ndalos de corrup��o. Bolsonaro cobrava nos bastidores uma posi��o mais firme de Levy sobre os empr�stimos feitos para bancar obras na Venezuela, Cuba, Mo�ambique e Angola durante o governo do PT e que n�o est�o sendo honrados. O presidente do BNDES insistia que n�o havia nada que n�o tivesse sido mostrado.

Os problemas com o pr�prio Guedes come�aram com a resist�ncia de Levy em n�o devolver antecipadamente os empr�stimos do Tesouro. Para o ministro da Economia, o dinheiro do BNDES era importante no objetivo de redu��o da d�vida, uma promessa de campanha de dif�cil execu��o diante do avan�o dos gastos. Um caminho mais f�cil e r�pido, j� que do lado de cortes das despesas n�o seria poss�vel.

Ainda na noite de s�bado, Marcos Barbosa (piv� da insatisfa��o de Bolsonaro com Levy) j� havia apresentado sua carta de ren�ncia ao cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco federal de fomento. Ele afirmou que deixou o cargo por causa do “descontentamento manifestado” pelo presidente Bolsonaro e afirmou sentir orgulho de sua carreira nos setores p�blico e privado.  Entre 2005 e 2007, no governo Lula, ele foi assessor e chefe de gabinete da presid�ncia do BNDES. Passou pela Comiss�o de Valores Imobili�rios (CVM) e foi s�cio de Arm�nio Fraga, ex-presidente do Banco Central, na G�vea Investimentos.

REPERCUSS�O IMEDIATA


A demiss�o de Joaquim Levy teve repercuss�o imediata no meio pol�tico e econ�mico. O presidente da comiss�o especial da reforma da Previd�ncia, deputado Marcelo Ramos (PR), avaliou que a queda de Levy joga contra os interesses do pa�s. Embora tenha ressaltado que o caso n�o deve impactar na tramita��o da reforma, Ramos afirmou que o epis�dio mostra que o governo desconsidera o fato de que h� bons quadros capazes de contribuir com qualquer governo.

“O presidente n�o entendeu que alguns quadros s�o suprapartid�rios. Eles n�o contribuem com um ou outro governo. Contribuem com o pa�s”, disse Ramos. “� uma pena. No fim das contas, quem perde � o Brasil.” Segundo o parlamentar, o Congresso seguir� trabalhando para “blindar a pauta econ�mica” e impedir que eventuais crises no governo impactem na tramita��o de projetos importantes.

Para o cientista pol�tico da Funda��o Getulio Vargas (FGV) Marco Antonio Carvalho Teixeira, a postura do presidente de se meter em “bolas divididas”, como no caso da demiss�o de Levy, pode levar o governo a perder protagonismo em quest�es como a reforma da Previd�ncia. “N�o sabemos o futuro do governo desse jeito. O governo perdeu capacidade de articula��o e a impress�o que tenho � que o protagonismo em rela��o � reforma vai sair do Congresso e n�o do Planalto”, analisou.

A economista Elena Landau usou as redes sociais para criticar a postura de Bolsonaro no epis�dio. Segundo ela, Levy jamais teria anunciado a admiss�o de um diretor sem que o nome tivesse passado pela aprova��o do ministro Paulo Guedes. "BNDES n�o tem essa independ�ncia. Todos os diretores passam pelo crivo do ministro. Deveriam ter demitido logo Levy, mas esperaram essa historinha sem sentido para ter apoio da malta das redes", escreveu Elena no Twitter. Ela foi diretora do BNDES durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e hoje preside o movimento Livres, que defende o liberalismo econ�mico.


MERCADO TEME NOME POL�TICO


A sa�da de Levy do comando do BNDES n�o abalou analistas de mercado. Eles j� esperavam que, diante da personalidade de Bolsonaro, nem mesmo t�cnicos de alta compet�ncia sobreviveriam nos cargos se n�o partilhassem do pensamento do presidente. Para eles, o que vai interferir ou n�o na confian�a do investidor � a escolha do sucessor.

“� claro que nunca � boa a sa�da de um homem como o Levy. Mas somente haver� problema se, em vez de manter um t�cnico, o presidente resolver indicar um pol�tico”, avalia o economista C�sar Bergo, s�cio consultor da Corretora OpenInvest. “H� um temor no ar, porque n�o se sabe at� que ponto o BNDES servir� de moeda de troca para a aprova��o da reforma da Previd�ncia”, diz Bergo.

O economista menciona a proposta de retirar recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), fonte de recursos do BNDES, para cobrir despesas com aposentadorias e pens�es, medida que est� no relat�rio do deputado Samuel Moreira (PSDB) sobre a PEC da Previd�ncia. “A sa�da de Levy pode ser mesmo resultado da insatisfa��o com a presen�a de ex-integrantes dos governos do PT, mas pode ser tamb�m a brecha que precisava para uma poss�vel inger�ncia pol�tica. � esperar para ver”, assinala.

Para Eduardo Velho, s�cio executivo da GO Associados, “a sa�da de Levy � uma quest�o pontual, embora ningu�m tenha entendido muito bem os argumentos para tirar algu�m de um lugar onde est� atuando com compet�ncia”. “Todo mundo, agora, est� esperando para saber qual ser� o perfil do escolhido. Se n�o for um louco, a vida do banco continuar� sem maiores arranh�es”, destaca Velho.

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, afirma que o que deu uma certa tranquilidade ao mercado foi a percep��o de que a demiss�o de Levy n�o foi apenas uma coisa da cabe�a de Bolsonaro. “Ao que tudo indica, a decis�o passou tamb�m pelo crivo do ministro da Economia, Paulo Guedes. Com isso, o mercado vai passar ao largo dessa discuss�o pol�tica”, salienta. (Com Vera Batista e ag�ncias)
 
 



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