Dois meses ap�s a edi��o de um decreto que instituiu o Sistema Integrado de Nomea��es e Consultas, mais conhecido como "banco de talentos", o governo ainda n�o preencheu a maioria das vagas de segundo escal�o nos Estados, mas promete "destravar" as indica��es e acelerar a distribui��o dos cargos para partidos que apoiaram a primeira etapa da reforma da Previd�ncia na C�mara. At� agora, a maior parte dos compromissos assumidos pelo Planalto foi com o Centr�o, grupo que atuou como fiel da balan�a para a aprova��o das mudan�as na aposentadoria.
As negocia��es t�m sido feitas com as bancadas estaduais, e n�o com os l�deres dos partidos, mas at� hoje a libera��o dos espa�os nas reparti��es federais foi a conta-gotas. A ideia � que, al�m da Codevasf, superintend�ncias do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), da Funda��o Nacional de Sa�de (Funasa), do Instituto Nacional de Coloniza��o e Reforma Agr�ria (Incra) e do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) sejam preenchidas no p�s-Previd�ncia.
�s v�speras da vota��o da reforma, vista pela equipe econ�mica como fundamental para o ajuste das contas p�blicas, deputados come�aram a pressionar o Planalto n�o apenas pelo pagamento de emendas or�ament�rias, mas tamb�m por nomea��es.
O governo garantiu um cr�dito suplementar para obras em redutos de parlamentares bem antes das elei��es municipais de 2020 e empenhou R$ 2,5 bilh�es em emendas apenas nos cinco primeiros dias deste m�s, mas a promessa de mais recursos dificilmente ser� cumprida a curto prazo, por causa do aperto fiscal.
Desconfiados, deputados iniciaram, ent�o, um movimento para cobrar os cargos represados. Antes mesmo de o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, perder o posto de articulador pol�tico do Planalto, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), l�der do governo no Congresso, j� estava recolhendo as indica��es de seus pares.
"No caso da Bahia, nada foi tratado com a bancada e os cargos ainda s�o ocupados pelas mesmas pessoas que estavam no governo anterior", disse o deputado Jos� Rocha (PL-BA), que � vice-l�der do governo na C�mara. "Pelo que sei, n�o houve mudan�as e, na maioria dos �rg�os, continuam os nomeados da gest�o Temer, mas o pessoal est� dando um cr�dito de confian�a para o governo Bolsonaro", afirmou o ex-coordenador da bancada do Maranh�o, Hildo Rocha (MDB-MA), escolhido para presidir a Comiss�o Especial da reforma tribut�ria.
Fervura
Bolsonaro foi aconselhado por aliados a abandonar o uso do termo "velha pol�tica" para se referir ao Congresso. Diante da provoca��o do presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para quem o chefe do Executivo foi "muito competente" ao representar a "nova pol�tica" depois de cumprir sete mandatos ininterruptos de deputado, at� o novo ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, tentou jogar �gua na fervura.
"Quando se fala em velha e nova pol�tica se busca o antagonismo, a divis�o. Pol�tica � pol�tica. Quando � feita essa diferen�a, gera calor", argumentou Ramos em caf� da manh� com jornalistas, na sexta-feira. "N�o � que o presidente tenha se dobrado � velha pol�tica. Ningu�m escondeu nada, foi tudo transparente. N�o estou vendo esse processo como se estivesse sendo um toma l�, d� c�. Se o deputado recebe (emendas) n�o � para ele; � para a sua cidade", completou o ministro.
Ex-comandante militar do Sudeste e h� poucos dias na articula��o pol�tica do governo, general Ramos disse que quer servir de "ponte" entre o Pal�cio do Planalto e o Congresso. "No andar da carruagem, vou arrumar as melancias que est�o em cima", brincou ele.
O apoio da maioria dos deputados do Nordeste � reforma da Previd�ncia, por�m, provocou estranheza nos advers�rios. Nos bastidores, muitos pol�ticos comentavam que promessas de cargos e emendas estavam por tr�s do "sim" � Previd�ncia na bancada nordestina.
"Os governadores do PT falaram contra, mas atuaram pesadamente pela reforma. Somente isso explica essa explos�o de votos", comentou o ex-ministro Ciro Gomes, candidato derrotado na disputa presidencial do ano passado pelo PDT. "S� o Cear� n�o deu maioria", acrescentou. Joice negou qualquer acordo com os governadores dos partidos de oposi��o. "Eles n�o ajudaram em nada. Foi trabalho nosso e muito duro", reagiu.