
O presidente Jair Bolsonaro sentiu o peso da pol�mica levantada por ele sobre o advogado Fernando Santa Cruz, desaparecido pol�tico da ditadura militar e pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.
Depois dos controversos coment�rios da segunda-feira, reuniu-se nesta ter�a-feira (30) com o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no Pal�cio da Alvorada.
Ele se justificou e pediu o apoio do parlamentar para n�o deixar que as declara��es contaminem o clima na vota��o em segundo turno da reforma da Previd�ncia, no retorno das atividades do Congresso, ter�a-feira.
N�o � para menos que Bolsonaro est� preocupado. A c�pula do Planalto o alertou para os diferentes impactos provocados com as declara��es. Alguns a curto prazo, com advert�ncias para o risco de os coment�rios contaminarem o alinhamento entre a agenda governista e alguns parlamentares. Outros, a m�dio prazo, com dificuldades para a constru��o da base depois da vota��o da reforma previdenci�ria.
O problema, analisam aliados, � que Bolsonaro continua dando de ombros �s pol�micas e se desgastando desnecessariamente. Nesta ter�a-feira (30), ele questionou a veracidade dos documentos produzidos pela Comiss�o Nacional da Verdade (CNV), que apurou crimes cometidos durante a ditadura militar, entre 1964 e 1985.
“Voc� acredita em Comiss�o da Verdade? Qual foi a composi��o da Comiss�o da Verdade? Foram sete pessoas indicadas por quem? Pela Dilma”, minimizou, em rela��o � ex-presidente Dilma Rousseff. Para ele, os documentos sobre as mortes atribu�das aos militares s�o “balela”. “N�s queremos desvendar crimes. A quest�o de 64, existem documentos de matou, n�o matou, isso a� � balela”, declarou.
Responsabilidade
O presidente tenta se resguardar com o Congresso se ancorando em Maia, mas pessoas pr�ximas ao demista dizem que n�o ser� ele a mobilizar l�deres partid�rios a darem um “voto de confian�a” a Bolsonaro. Dada a pol�mica gerada, ponderam at� que, embora ele n�o queira discutir eventuais pedidos de impeachment do chefe do Executivo, n�o se negaria, em respeito � oposi��o, a discutir com lideran�as um eventual pedido de impeachment, caso haja um robusto embasamento jur�dico.
Para o advogado Cezar Britto, ex-presidente da OAB, Bolsonaro cometeu crime ao insinuar que sabe o que ocorreu com Fernando Santa Cruz, mas n�o mobilizou o Estado a identificar o corpo. “Bolsonaro estaria cometendo crime de responsabilidade n�o s� pela quest�o de fazer acusa��o p�blica, mas ao tomar conhecimento de crime contra a humanidade e n�o tomar decis�o de ajudar. O Estado tem o dever de achar os corpos de v�timas desses crimes”, declarou.