O Minist�rio P�blico de S�o Paulo investiga um suposto esquema de desvio e lavagem de dinheiro envolvendo o deputado estadual Coronel Nishikawa (PSL). Parlamentar de primeiro mandato, ele � suspeito de arrecadar parte do sal�rio de assessores do seu gabinete na Assembleia Legislativa paulista (Alesp), pr�tica conhecida como "ped�gio" ou "rachadinha".
A abertura do inqu�rito, que tamb�m investiga dois assessores de Nishikawa, foi autorizada no dia 11 de julho pelo desembargador Augusto Francisco Mota Ferraz de Arruda, do �rg�o Especial do Tribunal de Justi�a de S�o Paulo (TJ-SP), a pedido do procurador C�cero Jos� de Morais, coordenador do n�cleo que investiga deputados na segunda inst�ncia por causa do foro privilegiado. A decis�o foi revelada ontem pelo jornal Di�rio do Grande ABC. O inqu�rito est� sob sigilo.
Na representa��o encaminhada � Justi�a, � qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, o MP informa que recebeu uma den�ncia an�nima por e-mail dizendo que o deputado do PSL recolhe metade dos sal�rios dos funcion�rios do seu gabinete, onde est�o lotados 18 servidores comissionados. Segundo a den�ncia, os valores seriam arrecadados pelo assessor David Monteiro de Mello e depositados nas contas banc�rias dos filhos de Nishikawa e da tia de uma sobrinha adotiva dele. O esquema seria coordenado pelo chefe de gabinete Walter Resende Filho.
Resende � presidente do PSL em S�o Bernardo do Campo, cidade da Grande S�o Paulo onde reside Nishikawa. No ano passado, segundo a presta��o de contas eleitorais, ele trabalhou como motorista na campanha do deputado, que teve 23.094 votos - a vota��o mais baixa entre os 94 eleitos - e assumiu uma cadeira na Alesp gra�as � vota��o recorde da deputada Jana�na Paschoal (PSL), que ajudou o partido do presidente Jair Bolsonaro a ter a maior bancada da Assembleia, com 15 deputados.
Segundo registros oficiais da Alesp, Resende recebe sal�rio bruto mensal de R$ 17,9 mil como assessor especial, enquanto que Mello ganha R$ 6,5 mil por m�s como auxiliar parlamentar. Coronel da Pol�cia Militar aposentado, Nishikawa recebe R$ 25,3 mil como deputado e R$ 24 mil de aposentadoria. Nas elei��es de 2018, declarou patrim�nio de apenas R$ 28,3 mil, incluindo uma casa e um jazigo em S�o Bernardo.
Queiroz
As suspeitas envolvendo o gabinete de Nishikawa s�o semelhantes �quelas investigadas pelo Minist�rio P�blico do Rio no antigo gabinete do senador Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ) na Assembleia fluminense (Alerj). A investiga��o foi deflagrada depois que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou movimenta��o at�pica de R$ 1,2 milh�o nas contas banc�rias de Fabr�cio Queiroz, ex-assessor de Fl�vio na Alerj e amigo da fam�lia Bolsonaro.
A Justi�a do Rio chegou a decretar a quebra de sigilo banc�rio e fiscal de Fl�vio, Queiroz e outras 84 pessoas e nove empresas, mas a investiga��o foi suspensa no m�s passado depois que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, acolheu um pedido da defesa do filho do presidente e decidiu suspender todas as investiga��es criminais que receberam dados do Coaf sem pr�via autoriza��o judicial.
Procurado pela reportagem, Nishikawa negou ter arrecadado qualquer recurso de seus assessores e disse que vai provar sua inoc�ncia na Justi�a. "Essa � uma acusa��o infundada feita de forma an�nima que, infelizmente, o Minist�rio P�blico decidiu aceitar e abrir processo. N�o existe isso. Eu n�o tomei dinheiro de ningu�m", disse.
O deputado afirmou que j� juntou todos os extratos banc�rios para provar que n�o recebeu dinheiro de assessores e que vai pedir para que seus funcion�rios fa�am o mesmo para acabar com as suspeitas. "N�o tenho o que esconder. Tenho 30 anos de Pol�cia Militar e nunca fui acusado de tomar dinheiro de ningu�m", afirmou o parlamentar, que j� foi assessor militar do ex-governador Luiz Ant�nio Fleury Filho e chefe de gabinete de subprefeitura na gest�o do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) na capital paulista.
A reportagem n�o conseguiu localizar na segunda-feira os assessores Walter Resende e David Mello. O Minist�rio P�blico paulista informou que n�o pode dar informa��es sobre o inqu�rito porque ele est� sob sigilo.
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