
Depois de ler os nomes das obras inscritas e o texto de apresenta��o delas, o presidente falou: "Outro filme: 'Afronte. Mostrando a realidade vivida por negros homossexuais no Distrito Federal'. Confesso que n�o entendi nada". Em seguida, prosseguiu: "Olha, a vida particular de quem quer que seja, ningu�m tem nada a ver com isso, mas fazer um filme Afronte, mostrando a realidade vivida por negros homsesexuais no DF, n�o d� para entender. Mais um filme que foi para o saco. Se a Ancine n�o tivesse, sua cabe�a toda, mandato, j� teria degolado todo mundo".
Afronte � o t�tulo de um curta-metragem produzido por Azevedo e Santos como projeto de conclus�o de curso em audiovisual na Universidade de Bras�lia (UnB). O filme foi exibido no Festival de Bras�lia do Cinema Brasileiro em 2017 e ganhou o Pr�mio Saru�, concedido pela equipe de Cultura do Correio Braziliense. Para a produ��o foram arrecadados R$ 10 mil por via de doa��es via internet. O deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) e a atriz Leandra Leal ajudaram na arrecada��o.
Neste ano, a dupla de diretores entrou com um pedido de patroc�nio para uma s�rie de mesmo nome, derivada do filme. Ao Correio, Santos disse que n�o houve ainda resposta da Ancine. Pela fala de Bolsonaro nesta quinta-feira, por�m, as chances de aprova��o parecem n�o existir.
O diretor lamentou a postura do presidente. "Estou surpreso que ele tenha tido conhecimento sobre conte�dos de qualidade. Ele � extremamente ignorante ao pensar que filmes como esse, que falam sobre n�s, n�o deveriam ser produzidos. � importante que ele assista a esse filme, para que ele tenha o m�nimo de conhecimento sobre a realidade brasileira", afirmou. "Se o racismo fosse levado a s�rio no Brasil n�o ter�amos um presidente como esse. Falta ele estudar. O cinema est� a� para refletir todas as realidades”, completou.
Outras produ��es barradas
Na transmiss�o ao vivo, o presidente disse que tinha uma lista de dezenas de filmes que, em sua opini�o n�o deveriam contar com verba p�blica ou patroc�nios que se convertem em abatimento de impostos. Al�m da produ��o brasilense, os outros t�tulos citados foram Transversais, que segundo o presidente conta a hist�ria de "sonhos e realiza��es de cinco pessoas transg�neros que vivem no Cear�"; Sexo reverso, que abordaria "sexo grupal, sexo oral e certas posi��es sexuais"; e Religare queer, sobre "uma ex-freira l�sbica". "� pra cair para tr�s", disse Bolsonaro.
Para o presidente, a interven��o na Ancine n�o � censura. "N�o censurei nada. Quem quiser pagar, se a iniciativa privada quiser fazer filme da Bruna Surfistinha, fique � vontade. S�o milh�es de reais que s�o gastos com esse tipo de tema", disse. "E outra: geralmente, esses filmes n�o t�m audi�ncia, n�o t�m plateia, tem meia d�zia ali. Agora, o dinheiro � gasto", afirmou.