
Numa esp�cie de ato p�blico de desagravo ap�s desentendimentos recentes, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica, Sergio Moro, participaram nesta quinta-feira, 29, lado a lado, de evento no Pal�cio do Planalto para lan�ar uma s�rie de medidas na �rea de seguran�a. Em seu discurso, o presidente tratou o auxiliar - que chegou a ter o status de "superministro" - como "patrim�nio nacional".
O primeiro sinal de reaproxima��o ocorreu logo no come�o do evento. Anunciado pelo cerimonialista, Moro atrasou a sua descida pela rampa do Planalto que leva ao sal�o do evento para acompanhar Bolsonaro. Na rampa, os dois se abra�aram e foram aplaudidos. Depois, sentaram um ao lado do outro. Os demais ministros desceram separadamente.
"Obrigado, S�rgio Moro. Vossa Senhoria abriu m�o de 22 anos de magistratura para n�o entrar em uma aventura, mas para entrar na certeza de que todos n�s juntos podemos, sim, fazer melhor pela nossa p�tria", disse Bolsonaro no discurso. O presidente afirmou mais de uma vez que os ministros t�m "liberdade". "Eles devem satisfa��o a voc�s, povo brasileiro. Eles t�m uma coisa importante: iniciativa. T�m essa liberdade de buscar solu��es ao nosso Brasil", disse.
A declara��o destoa do tom adotado pelo presidente nos �ltimos dias ao se referir a Moro. A rela��o ficou estremecida ap�s Bolsonaro anunciar, em entrevista a jornalistas no dia 15, a troca do superintendente da Pol�cia Federal no Rio de Janeiro por "quest�o de produtividade". A declara��o surpreendeu a c�pula da PF que, horas depois, em nota, contradisse o presidente ao afirmar que a substitui��o j� estava planejada e n�o tem "qualquer rela��o com desempenho".
Nos dias seguintes, Bolsonaro subiu o tom. Declarou que "quem manda � ele" e, se quisesse, poderia trocar o diretor-geral da PF, Maur�cio Valeixo, nome de confian�a de Moro. Internamente, as "amea�as" do presidente foram vistas como uma tentativa de interfer�ncia pol�tica no �rg�o respons�vel por investiga��es.
Na semana passada, o presidente chegou a responder irritado a um coment�rio de internauta de que ele n�o poderia abandonar Moro. A mensagem dizia: "Jair Bolsonaro, cuide bem do ministro Moro. Voc� sabe que votamos em um governo composto por voc�, ele e o Paulo Guedes". Em resposta, escreveu: "Todo respeito a ele, mas o mesmo n�o esteve comigo durante a campanha, at� que, como juiz, n�o poderia".
Numa tentativa de contornar a situa��o, Bolsonaro e Moro se reuniram na ter�a-feira, fora da agenda. Conforme revelou o Estado, no encontro, falou-se em uma "rede de intrigas" que teria como objetivo desgastar a rela��o entre os dois. Horas depois, o ministro abriu evento da PF no qual reiterou compromisso com o combate � corrup��o e elogiou o diretor-geral, Maur�cio Valeixo, amea�ado de demiss�o por Bolsonaro. Mais tarde, tamb�m trocaram afagos pelas redes sociais. Moro tuitou que Bolsonaro tem compromisso com o combate � corrup��o. O presidente respondeu: "Vamos, Moro!".
As cr�ticas sobre amea�as de interfer�ncia de Bolsonaro na pol�cia eram pontos de desgaste e inc�modo do presidente, de acordo com interlocutores. Fontes pr�ximas a Bolsonaro disseram que, antes da reaproxima��o, ele havia se incomodado com a resist�ncia do ministro a atender algumas das sugest�es dele.
Os dois lados sempre negaram, contudo, que a rela��o estivesse pr�xima de uma ruptura. Bolsonaro e o ministro admitem ainda a pessoas pr�ximas que a sa�da do titular do Minist�rio da Justi�a e Seguran�a P�blica seria ruim para o governo e o pr�prio Moro.
Durante o evento desta quinta-feira, o ministro da Justi�a tamb�m fez acenos ao presidente. Afirmou que o programa para combater a seguran�a foi desenvolvido com orienta��es de Bolsonaro. "� certo que n�o devemos ignorar esfor�os que governadores e prefeitos est�o fazendo, mas � ineg�vel m�rito do governo federal e do presidente Jair Bolsonaro", disse.
Programa
O programa lan�ado hoje por Moro e Bolsonaro, batizado de "Em frente Brasil" prev� a uni�o das for�as de seguran�a municipal, estadual e federal para atacar o problema de viol�ncia urbana.
O projeto-piloto ser� feito em cinco cidades, uma em cada regi�o do Pa�s: Ananindeua (PA), Paulista (PE), Cariacica (ES), S�o Jos� dos Pinhais (PR) e Goi�nia (GO). A ideia � aliar medidas de seguran�a p�blica e a��es sociais e econ�micas.
Moro disse que a concep��o do projeto �, al�m de reduzir crimes violentos, trabalhar de forma preventiva ao melhorar pol�ticas p�blicas nas cidades. "Tamb�m temos de enfrentar causas da criminalidade, eventualmente relacionadas a degrada��o urbana e abandono", disse.
Moro afirmou que a criminalidade tem ca�do em ritmo mais r�pido no governo Bolsonaro, o que, segundo ele, n�o tem sido corretamente observado pela imprensa. "N�o me lembro de outro per�odo com redu��o de 20% dos homic�dios nos quatro primeiros meses de governo", afirmou.