
A resposta a Macron e a outros chefes de Estado que, em algum momento, Bolsonaro deu declara��es controversas – e, por vezes, atravessadas –, ser� feita mediante explica��es sobre o que o Brasil tem feito para controlar os inc�ndios na Amaz�nia. Sustentar� ainda que as queimadas n�o s�o t�o graves, al�m de outras medidas relacionadas � fiscaliza��o e o combate ao desmatamento ilegal. A rea��o a Bachelet, com quem travou embates recentemente, ser� feita por meio da cita��o de queda de homic�dios no Brasil em cerca de 20% no primeiro semestre.
Al�m de medidas para proteger a soberania, Bolsonaro refor�ar� ainda uma vis�o de proximidade do Brasil com a Organiza��o para a Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE) e a Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte (Otan), destaca o l�der do governo na C�mara, Major Vitor Hugo (PSL-GO). “O presidente certamente ter� um grande destaque na defesa a essas mat�rias, com uma vis�o altiva e independente em rela��o � ONU”, sustenta.
O presidente defender� ainda a democracia e as institui��es, tema em que ele deve alfinetar o ditador da Venezuela, Nicol�s Maduro, e procurar desmistificar a imagem de um governo autorit�rio e n�o-democr�tico que algumas na��es possam ter. Nessa toada, ele refor�ar� os feitos que o governo, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) t�m feito pelo pa�s, como a aprova��o da reforma da Previd�ncia. O aceno tem por objetivo mostrar os esfor�os brasileiros para a retomada econ�mica, em sinaliza��o � busca por investimentos estrangeiros.
O aceno em busca dos recursos estrangeiros ser� feito na dose certa, mas � certo que a ideia ufanista de defesa � soberania brasileira na Amaz�nia estar� no centro das aten��es. E Bolsonaro far� isso com um vi�s protecionista, mas mais simb�lico do que comercial. Em entrevista publicada ontem pelo EM, o presidente em exerc�cio, Hamilton Mour�o, deu o tom do que pode esperar do discurso. “Eu acho que o recado n�mero um (ser� de que) a Amaz�nia � nossa. Isso a� n�o podemos admitir em hip�tese alguma essa quest�o de soberania limitada ou uma inger�ncia al�m daquilo que os tratados internacionais, ao qual o Brasil subscreve, prev�. Ent�o essa � uma. O segundo recado: ela � nossa e compete a n�s proteg�-la e preserv�-la. Acho que s�o as duas mensagens que ele (Bolsonaro) tem que integrar”, destaca.
Riscos
A �nfase � Amaz�nia � destacada pelo ministro-chefe do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI) da Presid�ncia, Augusto Heleno. Para ele, � positivo que o mundo esteja observando o Brasil no momento do discurso. “As informa��es sobre a Amaz�nia, na maioria do mundo, s�o t�o prec�rias, s�o t�o ing�nuas, s�o t�o desprovidas de conte�do, que � �timo que se voltem para o Brasil, que voltem os olhos para o que � a Amaz�nia e o que representa a Amaz�nia para o Brasil. Primeira coisa tem que deixar muito claro que n�o tem esse neg�cio de que a Amaz�nia � o patrim�nio da humanidade”, comentou, em entrevista � Rede Vida.
O Itamaraty monitora o risco de boicote ao discurso de Bolsonaro, mas n�o demonstra preocupa��o. � reportagem, comunicou que os movimentos ser�o ignorados. Internamente, no entanto, o Minist�rio das Rela��es Exteriores est� dividido. O gabinete do chanceler, Ernesto Ara�jo, acompanha de forma mais pragm�tica as amea�as. N�cleos n�o t�o pr�ximos, entretanto, veem com preocupa��o a possibilidade de boicote a produtos brasileiros por parte de consumidores e empresas internacionais, como retalia��es � importa��o de couro brasileiro.
Os boicotes n�o devem trazer tanto impacto pr�tico, mas mostrar�o uma mudan�a mais radical � imagem multilateralista que o Brasil transmitia at� 2018, pondera o analista pol�tico Ricardo Mendes, s�cio-diretor da Prospectiva. “N�o acredito em uma repercuss�o muito grande, mas, de qualquer forma, devemos ver alguma mobiliza��o. Ser� um discurso relativamente curto, onde tentar� ressaltar coisas sendo feitas e a agenda positiva e aberta a neg�cios”, pondera.
O cientista pol�tico Lucas Fernandes, analista pol�tico da BMJ Consultores, concorda com a previs�o. “O risco n�o � t�o elevado. Fran�a, Irlanda e Luxemburgo devem se retirar, mas n�o acho que ser� um movimento acompanhado por delega��es de outras grandes lideran�as mundiais. N�o ser� algo visto em grandes propor��es”, avalia.
Retomada no exterior
A ida do presidente Bolsonaro a Nova York ser� a retomada da agenda externa brasileira. Est�o previstas viagens do chefe do Executivo federal para Jap�o, China, Emirados �rabes e Ar�bia Saudita. E, em novembro, o Brasil sediar� a c�pula do Brics, bloco formado com a participa��o da R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul.
A presen�a de Bolsonaro no Jap�o ainda est� sob avalia��o do Itamaraty. A reportagem apurou que o gabinete de Ernesto Ara�jo, ainda avalia a ida de Bolsonaro � coroa��o do imperador japon�s, Naruhito. Como foi � c�pula do G-20, em Osaka, onde tratou acordos comerciais com o primeiro-ministro japon�s, Shinzo Abe, a ida ao pa�s pode ser postergada. Entretanto, avaliam tamb�m que seria uma boa possibilidade para Bolsonaro, presidente pro-tempore do Mercosul, negociar o acordo entre o bloco e o Jap�o.
As viagens � �sia ter�o como objetivo abrir portas e emplacar outros setores n�o t�o bem aproveitados. O Brasil mostrar� que cumpre os padr�es de qualidade exigidos pelos parceiros comerciais. A visita � China � uma das mais esperadas. Depois de um in�cio de rela��o desgastada, com algumas desaven�as em raz�o da proximidade sinalizada pelo governo brasileiro com os EUA, Bolsonaro ter� a oportunidade de aprimorar o relacionamento com o principal parceiro comercial do pa�s. (Colaborou Ingrid Soares)
Bate-papo com a filha e visita de Moro
Por for�a da tradi��o

Desde ent�o, o chefe de Estado brasileiro sempre inaugura a Assembleia Geral, em reconhecimento ao papel desempenhado por Aranha. A fala do presidente brasileiro � sucedida pelo discurso do presidente dos Estados Unidos. Ao todo, 193 estados-membros comp�em a Assembleia Geral. A ordem de pronunciamento dos demais chefes de Estado, tradicionalmente, � baseada em alguns crit�rios, como n�vel de representa��o e prefer�ncia.