A Pol�cia do Rio investiga a morte do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Henrique Serrano do Prado Valladares, delator da Opera��o Lava-Jato que revelou supostas propinas para o deputado A�cio Neves (PSDB-MG) e para o ex-senador Edison Lob�o (MDB-MA), ex-ministro dos governos Lula e Dilma. O registro oficial da 14ª Delegacia, no Leblon, aponta "causa indeterminada". O corpo foi encontrado na ter�a-feira, no apartamento onde o delator morava. A pol�cia abriu uma guia de remo��o para que os bombeiros levassem o corpo ao Instituto M�dico-Legal (IML) As primeiras investiga��es indicam que n�o havia sinais de arrombamento no apartamento, nem evid�ncias de luta. O corpo j� passou por necropsia e foi liberado para a fam�lia.
Valladares foi apontado por outros delatores da empreiteira como um dos negociadores de R$ 30 milh�es de propina para A�cio atuar a favor dos projetos do Rio Madeira (usinas hidrel�tricas de Santo Ant�nio e Jirau, em Rond�nia) e, assim, atender a interesses da empreiteira e tamb�m da Andrade Gutierrez. Valladares contou que a empreiteira pagava presta��es de R$ 1 milh�o a R$ 2 milh�es, repassados pelo Setor de Opera��es Estruturadas, o departamento de propinas do grupo, para "Mineirinho", codinome atribu�do a A�cio. O delator tamb�m dedicou parte de suas revela��es a Lob�o, ou "Esqu�lido", como o ex-ministro e ex-senador era rotulado nas planilhas de propinas da empreiteira.
Segundo Valladares, o ex-ministro recebeu R$ 5,5 milh�es para rever o leil�o da usina de Jirau e a Odebrecht assumisse o empreendimento. O delator contou que "Esqu�lido" teria cobrado uma "contrapartida" ap�s reuni�o com os executivos da empreiteira. "Ele sinalizava que iria nos ajudar. E que precisava de nossa ajuda, de propina", declarou Valladares.
O executivo tamb�m afirmou que o ent�o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, "acreditou nisso". "Sem que ele (Lob�o) entregasse nada, simplesmente para que ele fizesse um esfor�o de, usando nossos argumentos, que eram verdadeiros e absolutamente legais, ele criasse um contraponto na Casa Civil, para isso surgiu um pagamento de R$ 5,5 milh�es. Com certeza, caixa 2", afirmou o delator. O pagamento da propina, relatou Valladares, foi feito em algumas ocasi�es, com entrega de dinheiro diretamente na casa do filho de Lob�o, M�rcio Lob�o, no Rio.
Contrapartidas
O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura disse, ainda, que em encontros em S�o Paulo, Lob�o Filho falava que podia "ajudar a Odebrecht em obras, mas que isso exigia contrapartidas da empreiteira". Em suas reuni�es com o ministro Lob�o em Bras�lia, Valladares disse que era recebido no gabinete com gaspacho, uma tradicional sopa espanhola. "Ele � magro que nem um palito, e se alimenta � base de gaspacho", disse. Depois de acertar os pedidos e propinas, disse o delator, Lob�o pedia para que o "fiscal" entrasse no gabinete, para registrar os temas e discuss�es feitas durante o encontro.
Tanto o deputado A�cio Neves quanto o ex-ministro Edison Lob�o sempre negaram enfaticamente a pr�tica de il�citos e o recebimento de propinas da Odebrecht.
