
Um �cone mundialmente conhecido da luta dos povos ind�genas brasileiros pela preserva��o da Amaz�nia, o cacique Raoni, foi duramente criticado pelo presidente Jair Bolsonaro, na manh� desta ter�a-feira, durante seu discurso na abertura da 74ª Assembleia Geral das Organiza��es das Na��es Unidas (ONU). Leia mat�ria sobre discurso do presidente.
"A vis�o de um l�der ind�gena n�o representa a de todos os �ndios brasileiros. Muitas vezes alguns desses l�deres, como o Cacique Raoni, s�o usados como pe�a de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avan�ar seus interesses na Amaz�nia. Infelizmente, algumas pessoas, de dentro e de fora do Brasil, apoiadas em ONGs, teimam em tratar e manter nossos �ndios como verdadeiros homens das cavernas", disse Bolsonaro. Leia aqui a �ntegra do discurso
Bolsonaro endossou a cr�tica por meio de uma carta, lida por ele, e assinada pelo Grupo de Agricultores Ind�genas do Brasil, formado por diversas etnias, que afirmam representar lideran�as ind�genas em todas as unidades da federa��o. "Acabou o monop�lio da era Raoni", decreta o texto da carta lida pelo presidente.
De acordo com Bolsonaro, o povo ind�genas n�o quer ser pobre morando em terras vasto potencial de riquezas naturais e que n�o aceitar� "instrumentaliza��o internacional" da quest�o ambiental ou p�l�tica ind�genista "em prol de interesses pol�ticos e econ�micos externos".
Quem � Raoni
N�o h� registro da data de nascimento do Cacique Raoni, que h� mais de quatro d�cadas milita pela manuten��o do territ�rio e da cultura ind�gena.
Estima-se que ela tenha nascido na d�cada de 1930, num vilarejo chamado Krajmopyjakare, lugar que hoje se chama Kap�t, no cora��o do Mato Grosso, no Centro-Oeste do pa�s.
De uma tribo chamada de Caip�, n�mades, Raoni n�o fugiu � regra, com sua inf�ncia sendo marcada por v�rios deslocamentos.
Em 1954, ele conheceu os irm�os Villas Boas, famosos indigenistas brasileiro. Naquela �poca, Raoni j� usava seu labret, adorno portado sobre o l�bio inferior, marca de reconhecimento dos guerreiros prontos a morrer por sua terra. Com os irm�os Villas Boas, o cacique aprendeu a l�ngua portuguesa.
No fim dos anos 1950, encontrou-se com o primeiro presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek. Do Brasil para o mundo, por meio da tela do cinema, Raoni fica conhecido em um document�rio feito pelo belga e jovem cineasta Jean Pierre Dutilleux, que fica fascinado pela personalidade e o carisma do cacique.
O filme Raoni � apresentado no festival de Cannes em 1977. Foi um sucesso de cr�tica mas Jean Pierre Dutilleux transforma o teste conseguindo implicar Marlon Brando, filmando-o para uma vers�o inglesa.
Raoni foi ent�o indicado aos Oscars e exibido no Mann's Chinese Theatre de Los Angeles. O Brasil aclama o filme e Raoni torna-se o �ndio mais famoso do pais continente. Este toma ent�o consci�ncia de que Kritako, o homem do nariz de faca, apelido ind�gena de Dutilleux, e sua c�mera deram para ele o poder de divulgar as preocupa��es do povo Caiap� quanto ao desmatamento que amea�a seu meio ambiente.
Sting
Em 1989, com ajuda do cantor Sting, que o conheceu por meio de Dutilleux, Raoni deixa o Brasil pela primeira vez e lan�a, em 17 pa�ses, um pedido de ajuda. Divulgado pela maior parte das redes de televis�o, a campanha de conscientiza��o da import�ncia da Amaz�nia, em especial pela preserva��o das terras ind�genas, ganha o apoio de organiza��es internacionais.
Doze Funda��es Rainforest (Selva Virgem) s�o ent�o criadas, com o primeiro objetivo de obter recursos para ajudar na cria��o, na Amaz�nia, na regi�o do Xingu, de um parque nacional com uma superf�cie de mais ou menos 180 000 km2 (cerca de um ter�o da Fran�a).
A miss�o foi cumprida em 1993, coma cria��o do parque situado nos estados do Mato Grosso e do Par�, que constitui hoje uma das maiores reservas de florestas tropicais do planeta.
O projeto do imenso complexo de barragens, batizada de Belo Monte, no Par�, que amea�a diretamente o territ�rio que Raoni sempre protegeu que o fez, em 2009, lan�ar-se em nova campanha para procurar apoio na Europa e dar um novo impulso ao Instituto Raoni.