
Chamado no Congresso de "primeiro ministro" e com o nome no jogo de 2022, o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou "mais responsabilidade" dos pr�-candidatos � sucess�o do presidente Jair Bolsonaro e disse que ningu�m sobreviver� a tr�s anos de campanha. "N�o est� na hora de tratar de elei��o. Isso � um suic�dio coletivo", afirmou Maia ao Estado. Nos bastidores, por�m, o deputado se movimenta para organizar a centro-direita em torno de uma agenda liberal e conversa com v�rios outros prov�veis concorrentes ao Planalto, como o apresentador de TV Luciano Huck e o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB).
A crise no PSL, partido do presidente, pode atrapalhar as vota��es no Congresso?
N�o porque briga pol�tica acontece em todos os partidos. Agora, os deputados do PSL foram eleitos com uma agenda de moderniza��o do Estado e ningu�m vai votar contra o eleitor. Suic�dio na pol�tica eu nunca vi.
A reforma da Previd�ncia foi aprovada ap�s oito meses de tramita��o. O que vem pela frente?
O resultado da Previd�ncia marca um novo tempo na pol�tica. A gente pode pensar em solu��es para reduzir a pobreza, a desigualdade, a qualidade do ensino, da seguran�a p�blica. Ent�o, quando a gente fala na reforma administrativa como segundo item (da pauta), j� vem na cabe�a de muitos: "Vai cortar sal�rio". E n�o � isso.
� poss�vel votar uma reforma administrativa em ano eleitoral?
N�o vejo problema nenhum. O eleitor que vai votar em 2020, 2022 est� contra esse Estado, que cobra muito, serve pouco e ainda tira dele. Essa � a verdade. N�o podemos esquecer que o sal�rio do servidor p�blico federal, na m�dia, � o dobro do setor privado.
O l�der do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), disse que a reforma tribut�ria ficar� para 2020...
Se ele fala pelo governo, n�o fala por todo o Senado. A gente � t�o duro na Previd�ncia e quer ser generoso na tribut�ria? N�o � poss�vel que a gente, vendo o que est� acontecendo no Chile, ache que a reforma tribut�ria n�o seja urgente. N�o � economizando R$ 800 bilh�es em dez anos (na Previd�ncia) que vamos ativar a economia. A reforma tribut�ria estimula o investimento e � a mais importante para garantir o crescimento sustent�vel.
O Brasil pode enfrentar os mesmos protestos do Chile?
N�s precisamos ter uma agenda que destrave a economia. O nosso tempo n�o � t�o longo. N�o d� para dizer "Ah, n�o vou enfrentar o auditor fiscal nem o servidor do Congresso, do Judici�rio, do Minist�rio P�blico." Foi assim que a gente foi fazendo e deixou para brigar depois. N�s pioramos a situa��o do Estado brasileiro. Ent�o, est� na hora de enfrentar. Esse � o caminho para que o eleitor amanh� n�o coloque nas ruas os problemas e frustra��es de hoje.
Uma reforma ministerial � necess�ria para melhorar a articula��o pol�tica do governo?
Essa preocupa��o em construir um governo de coaliz�o eu tive at� abril, quando vi que o presidente n�o tinha interesse. Estou convencido de que, para o Parlamento, tem sido muito melhor assim do que com um governo de coaliz�o.
Por que?
Governo de coaliz�o reduzia a nossa import�ncia. Veja que hoje a nossa preocupa��o em n�o entrar em pautas-bomba � muito maior do que foi no passado. Se estamos reduzindo despesas de um lado, fica estranho votar projetos que aumentem gastos de outro.
Mas o presidente Jair Bolsonaro voltou atr�s e agora quer uma alian�a com os partidos. Ele cedeu � chamada "velha pol�tica"?
Quando converso com o presidente, eu n�o trato desses assuntos. No in�cio do governo eu tratei e n�o foi bom. Eu trato da pauta. Procurar partidos para conversar n�o significa voltar atr�s. O di�logo � fundamental.
O sr. j� teve v�rios atritos com Bolsonaro. Passados quase dez meses de governo, entende melhor a cabe�a dele?
A gente est� tendo um bom di�logo, transparente, aberto. O tema das armas, por exemplo, eu sou contra, mas vou pautar. N�o sei qual a maioria que o governo tem para as armas, mas vou cumprir minha palavra.
E o pacote anticrime do ministro da Justi�a, S�rgio Moro?
Ser� votado neste ano. Em mais uma ou duas semanas estar� pronto para ir ao plen�rio.
Bolsonaro disse ao Estado que pediu para o sr. p�r em vota��o um projeto de transformar Angra em Canc�n. O que o sr. acha ?
N�o � um projeto simples. Tem um impacto muito grande no meio ambiente. � preciso tomar um certo cuidado, no atual momento, com esses temas. Isso tem, inclusive, prejudicado o Brasil na tramita��o do acordo Mercosul-Uni�o Europeia.
E agora ainda h� o derramamento de �leo no Nordeste...
Temos de cobrar do governo a estrutura necess�ria para que trag�dias como essa sejam evitadas. E pensar no que pode ser feito no curto prazo pelo Parlamento para reduzir o dano de fam�lias que vivem do turismo.
O sr. tem conversado muito com o apresentador de TV Luciano Huck. Pode sair da� um acordo para a elei��o de 2022?
Converso com o Luciano Huck, com o Doria (Jo�o Doria, governador de S�o Paulo e pr�-candidato do PSDB) e com todo mundo. N�o est� na hora de tratar de elei��o. Isso � um suic�dio coletivo. N�s estamos com a desigualdade social e a pobreza aumentando e preocupados com elei��o?
O que o sr. acha de uma poss�vel fus�o do DEM com o PSL?
Eu acho que o PSL tem de resolver o seu problema primeiro. N�s temos bons candidatos a governador, poderia ser uma sinergia daqui a dois, tr�s anos. Voc� tem um partido (PSL) que n�o possui estrutura pol�tica, mas tem tempo de TV e como bancar as campanhas. Mas ningu�m faria uma fus�o com o PSL atropelando o presidente da Rep�blica.
S� que as pessoas t�m pretens�es pol�ticas...
Pretens�o pol�tica � uma coisa, mas ficar dizendo "Ah, n�o aprovo as coisas do Bolsonaro porque ele pode ser candidato � reelei��o" n�o d�. Se a desigualdade no Brasil estiver menor, �timo que ele seja reeleito. Espero que o motivo de uma eventual reelei��o dele seja o de que o Brasil mudou, e n�o a polariza��o com o PT, ele contra Lula. Que seja ele, que seja o Luciano, que seja qualquer um. Desculpe, mas com todo respeito a todo mundo que j� est� pensando em 2022, vamos colocar responsabilidade na nossa agenda.
Mas foi o pr�prio presidente que se lan�ou � reelei��o...
Ele j� entendeu que n�o est� na hora de pol�tica eleitoral. N�o � bom para ningu�m. Quem come�ar agora n�o vai chegar ao final. N�o h� ser humano que sobreviva a tr�s anos de campanha.
O sr. mencionou o ex-presidente Lula, que est� ineleg�vel. Acha que a condena��o ser� derrubada e ele poder� ser candidato?
Acho dif�cil ele ficar eleg�vel.
E em 2022 o sr. ser� candidato a presidente?
� t�o dif�cil voc� avaliar quem vai ter condi��o de ser candidato a presidente. Agora, se voc� me perguntar se eu pretendo ser candidato a governador do Rio, eu respondo: "N�o".
Ent�o, por exclus�o...
Gosto de ser deputado (risos).
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.