
V�spera de ano eleitoral e a amplia��o do metr� de Belo Horizonte volta a ser assunto entre pol�ticos mineiros. Ainda sem prazo e com recursos incertos, a bancada mineira voltou a pressionar para garantir ao metr� da capital mineira cerca de R$ 1,2 bilh�o por meio de uma multa que deve ser paga pela empresa de log�stica VLI – holding que tem entre seus acionistas a mineradora Vale e o grupo Mitsui – pelo abandono de estradas de ferro em Minas. O montante ser� destinado para a constru��o da linha 2, que liga a regi�o do Barreiro ao Bairro Nova Su��a, na Regi�o Oeste. Na manh� de ontem, o governador Romeu Zema (Novo) se reuniu com representantes da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) para conhecer detalhes sobre o trecho.
Em abril, o ministro da Infraestrutura, Tarc�sio Gomes de Freitas, anunciou que o governo federal reservaria dinheiro para o metr� de BH e afirmou que o estado seria contemplado com as arrecada��es provenientes das renova��es de concess�es ferrovi�rias. A prorroga��o por mais 30 anos dos contratos de tr�s estradas de ferro que passam por Minas – a malha sudeste, da MRS Log�stica; a malha centro-oeste, da FCA; e a EFVM, da Vale – surgiu como op��o de recursos para os investimentos. No entanto, a inten��o anunciada pelo governo federal de aplicar os recursos arrecadados com as renova��es na constru��o da ferrovia do Centro-Oeste e em trecho do Ferroanel, em S�o Paulo, gerou grande insatisfa��o nos deputados mineiros, que queriam assegurar a verba para o estado.
“O pleito inicial era de conseguir os recursos da renova��o das ferrovias. Mas, segundo o ministro, o pagamento da multa deve sair antes. Quarta-feira (amanh�), ser� assinado um termo judicial da empresa com a Uni�o definindo como essa multa ser� paga. Nossa inten��o � unir toda a bancada mineira no Senado e na C�mara, o governador Zema e o prefeito Kalil para sensibilizar o governo federal sobre a import�ncia dessa obra para toda a Regi�o Metropolitana de BH”, explicou o deputado Diego Andrade (PSD), coordenador da bancada mineira.

Segundo o parlamentar, os detalhes sobre o termo que ser� firmado amanh� entre a VLI e o governo federal ainda n�o est�o claros, o que pode influenciar diretamente o futuro do metr� da capital. Um acordo que vem sendo falado nos bastidores � que a multa seria paga em 60 parcelas e as 36 primeiras seriam reservadas para a obra escolhida pela bancada mineira. “S�o recursos que tamb�m est�o sendo disputados pela bancada do Rio de Janeiro. Mas, como foi feito o compromisso do ministro Tarc�sio, e existe uma grande mobiliza��o da bancada mineira, esperamos assegurar esses recursos assim que eles chegaram aos cofres da Uni�o”, explica Andrade.
O governador Romeu Zema destacou a import�ncia da obra para BH e para cidades vizinhas, que podem ver seus moradores beneficiados com mais uma op��o de transporte p�blico. Ele reconheceu que ainda n�o � poss�vel marcar uma data para iniciar as obras, mas espera que at� o final de seu governo, em 2022, a amplia��o do metr� comece a sair do papel. “� um projeto interessante para a regi�o metropolitana, porque vai proporcionar atendimento a diversos bairros em regi�es que hoje ainda n�o possuem essa facilidade”, avaliou o governador.
Presidente da comiss�o Pr�-Ferrovias Mineiras, na Assembleia Legislativa, o deputado Jo�o Leite (PSDB) cobrou que os recursos com as renova��es de trechos que cortam Minas fossem destinados para obras no estado e que n�o houvessem investimentos cruzados, com obras em outros estados. O deputado comemorou a verba para o metr� e avaliou que ser� necess�ria press�o da bancada federal para assegurar os recursos. “Esse entendimento com a Uni�o � um avan�o, que essa multa aplicada pelo abandono da linha mineira, aquela que passava em Sabar�, Nova Lima, Raposos, Itabirito e seguia at� pr�ximo a Campos, no Rio, seja destinado para o metr� de BH”, disse o tucano.
Novos estudos e projetos refeitos
Como a estrutura para a constru��o da linha 2 (ligando a linha j� existente ao Barreiro) j� foi iniciada nos anos 1990, os t�cnicos da CBTU avaliaram que o trecho � o mais avan�ado. Algumas esta��es t�m suas estruturas j� inciadas, mas foram paralisadas h� cerca de 20 anos por falta de recursos. No final de 2011 – novamente v�spera de ano eleitoral – a obra de expans�o das linhas 2 e 3 do metr� foi inclu�da no Programa Acelera��o do Crescimento (PAC) e foram gastos a partir do ano seguinte R$ 53 milh�es para a elabora��o de estudos t�cnicos e projetos do metr�. No ano seguinte, a prefeitura de BH cercou v�rios pontos da regi�o central para fazer estudos do solo. Em 2014 os projetos foram conclu�dos e entregues ao governo federal.
No entanto, o governador afirmou ontem que ser�o necess�rios contratar novos estudos t�cnicos para a linha 2. “A linha contar� com sete esta��es e atender� 120 mil passageiros por dia. Os estudos tanto para a linha 2 quanto para a linha 1 j� est�o sendo contratados pelo governo federal via BNDES”, escreveu Romeu Zema em suas redes sociais.

A reportagem do Estado de Minas questionou ao governo de Minas e � CBTU se houve problemas com os projetos que foram feitos anteriormente e que custaram cerca de R$ 50 milh�es dos cofres p�blicos. A CBTU n�o respondeu, mas parlamentares que participaram da reuni�o com t�cnicos da empresa informaram que houve erros t�cnicos nos projetos feitos h� cinco anos e que ser�o necess�rias revis�es.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Infraestrutura de Minas Gerais informou que “foram conclu�dos os servi�os de geotecnia e de topografia para a elabora��o e desenvolvimento dos projetos, al�m dos projetos para as linhas 1 e 2 e dos estudos e projetos da linha 3”, que ligaria a Regi�o da Savassi � esta��o da Lagoinha. “Est�o em fase de conclus�o as consultorias t�cnicas para a elabora��o dos projetos para a linha 4 (Eldorado at� Betim). Cabe ressaltar que a expectativa � que os estudos para a linha 2 sejam considerados, em conjunto com os j� realizados pela CBTU”, diz a nota.
O Minist�rio da Infraestrutura informou que, apesar de ter sido feito um compromisso pol�tico pelo ministro Tarc�sio Gomes, as obras de expans�o do metr� de Belo Horizonte depender�o de um acordo firmado entre v�rios minist�rios e �rg�os do governo federal, que ter� a participa��o do Minist�rio P�blico Federal (MPF). Segundo o minist�rio, ainda n�o � poss�vel falar em verbas reservadas ou prazos para a obra.