
O senador Fl�vio Bolsonaro (sem partido-RJ) reagiu na quinta-feira, 19, � investiga��o sobre um suposto esquema de "rachadinha" em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio com cr�ticas ao juiz Fl�vio Itabaiana Nicolau, respons�vel pelo caso, e provoca��es aos promotores e ao governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). Fl�vio entrou com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal com o objetivo de tentar suspender a apura��o mais uma vez. O recurso foi distribu�do para o ministro Gilmar Mendes.
Na primeira manifesta��o p�blica sobre a opera��o feita anteontem pelo Minist�rio P�blico, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que Witzel pode ter alguma liga��o com o fato de a imprensa ter noticiado detalhes da investiga��o.
Ele afirmou que n�o responde por seus filhos. "Pergunta para o advogado", disse Bolsonaro ao ser questionado sobre o caso. "Eu respondo por mim."
No in�cio do ano, quando surgiram as primeiras den�ncias que envolviam o gabinete de Fl�vio, Bolsonaro dizia que a investiga��o contra seu filho era uma forma de atingi-lo politicamente.
O presidente sugeriu o envolvimento de Witzel no caso, como j� havia feito ao comentar investiga��es da morte da vereadora Marielle Franco. "Voc�s sabem o caso do Witzel, foi amplamente divulgado a�, intelig�ncia levantou, j� foi gravada conversa entre dois marginais citando meu nome para dizer que eu sou miliciano. Armaram."
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Bolsonaro n�o deixou claro sobre qual a levantamento de "intelig�ncia" se referia.
O presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tamb�m comentou o caso ontem. Disse ver "exagero" na investiga��o. "Se d� muita publicidade a isso, est� no in�cio da investiga��o. Est� se criminalizando a pessoa (Fl�vio) sem dar o direito a defesa. Algumas coisas muito exageradas", afirmou o deputado.
Buscas
Na quarta-feira, 18, agentes do Minist�rio P�blico (MP) cumpriram 24 mandados de busca e apreens�o em endere�os ligados a Fl�vio, seu ex-assessor Fabr�cio Queiroz e familiares de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente. Os promotores procuram provas de um suposto esquema de devolu��o de parte do sal�rio de ex-assessores do gabinete de Fl�vio.
A investiga��o corre sob sigilo. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo h� um ano, com a publica��o de relat�rio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que identificou movimenta��es at�picas de R$ 1,2 milh�o nas contas de Queiroz.
Relat�rio do MP que embasou a opera��o de anteontem aponta que Fl�vio teria lavado R$ 2,5 milh�es do esquema por meio da compra de apartamentos em Copacabana, no Rio, e com a movimenta��o de uma loja de chocolates da qual � s�cio.
No v�deo que divulgou na quinta-feira, Fl�vio afirma que o juiz Itabaiana, da 27.ª Vara Criminal do Rio, "virou motivo de chacota no Judici�rio" por ter autorizado, em abril, a quebra de sigilo fiscal e banc�rio de mais de 86 pessoas e nove empresas. "Esse juiz autoriza tudo que o Minist�rio P�blico pede sem ter a preocupa��o e cuidado necess�rios."
Fl�vio sugeriu que a filha de Itabaiana seria funcion�ria fantasma do governo estadual. "Seria bom voc�s investigarem se n�o tem uma funcion�ria fantasma no gabinete do governador que � filha desse juiz", afirmou.
Em nota, o governo do Rio afirmou que "Witzel n�o interfere no trabalho de investiga��o policial, nem no Minist�rio P�blico".
O governo afirmou que Nat�lia Nicolau trabalha na Casa Civil do Estado como Secret�ria II e que foi nomeada 15 dias antes da distribui��o eletr�nica do processo do senador ser assumido por Itabaiana. O magistrado e sua filha n�o foram localizados.
Fl�vio afirmou, ainda, que os promotores cometem "atrocidades". "Est�o perseguindo, usando artif�cios ilegais que constrangem as pessoas para buscar explicar uma coisa que simplesmente n�o fiz. Da� a dificuldade de ainda n�o terem oferecido uma den�ncia."
O senador tamb�m respondeu � acusa��o feita pelo MP de que Queiroz recebeu R$ 2 milh�es, em mais de 400 dep�sitos feitos por ex-assessores seus na Assembleia. Para os promotores, esse dinheiro seria parte do sal�rio dos assessores no suposto esquema de "rachadinha". "O que eu tenho a ver com o que as pessoas fazem com o sal�rio? N�o importa, eu n�o tenho nada a ver com isso", afirmou. O senador diz que Queiroz j� declarou que parte dos recursos s�o dos familiares e que ele geria as contas da fam�lia. "Ele mesmo j� falou isso."
O pedido de habeas corpus de Fl�vio ainda pode ser analisado por Gilmar Mendes, escolhido como relator, mesmo com o in�cio do recesso do STF, que fez a sua �ltima sess�o na quinta-feira.