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Estado de Minas POL�TICA

Witzel, Picciani e Vaccarezza s�o delatados por empres�rio da propina na Para�ba


postado em 10/01/2020 12:58

A Opera��o Calv�rio, que mira em um suposto esquema de corrup��o na Para�ba, abriu novas frentes de investiga��o na pol�tica do Rio de Janeiro e de S�o Paulo. Homologado pelo Superior Tribunal de Justi�a (STJ), um acordo de dela��o cita caixa dois � campanha do governador Wilson Witzel (PSC), e propinas aos ex-deputados C�ndido Vaccarezza (Avante) e Leonardo Picciani (MDB), que envolveram o lobista Jorge Luz, delator da Opera��o Lava Jato.

A Calv�rio atingiu o seu �pice em dezembro passado, quando foi decretada a pris�o do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB). O ex-chefe do executivo do Estado chegou a ser preso no dia 20 de dezembro na opera��o, que mira em desvios de at� R$ 134,2 milh�es da Sa�de em sua gest�o. Por ordem do ministro Napole�o Maia, do Superior Tribunal de Justi�a, Coutinho foi solto no dia seguinte.

Um dos pilares da fase mais recente da Calv�rio, que tamb�m resultou em buscas contra o governador Jo�o Azevedo (Sem partido), � a dela��o de Daniel Gomes da Silva, empres�rio que detinha contratos na �rea da Sa�de do Estado, mas tamb�m atua em outras regi�es, como no Rio de Janeiro. Ele foi preso na opera��o em dezembro de 2018.

A dela��o de Daniel traz conversas de WhatsApp, �udios de reuni�es com o ex-governador Ricardo Coutinho, a quem atribui o papel de l�der da organiza��o criminosa instalada na administra��o do Estado. Ele tamb�m diz que chegou a fazer doa��es de R$ 1 milh�o para a campanha de Jo�o Azevedo, e que o atual governador manteve a "espinha dorsal" dos esquemas, ao nomear os secret�rios de Coutinho.

O acordo foi homologado pelo Superior Tribunal de Justi�a em raz�o das cita��es dos governadores Wilson Witzel (PSC) e Jo�o Azevedo, e tamb�m de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, autoridades com foro perante � Corte.

Caixa dois a Witzel

Um dos anexos se refere a suposto caixa dois de R$ 115 mil � campanha do governador Wilson Witzel. Segundo ele, Robson dos Santos Fran�a, o Robinho, ent�o assessor do senador Arolde de Oliveira - que j� foi secret�rio de Transportes do Rio - se apresentou como intermedi�rio e arrecadador da candidatura. "Me recordo que naquele ano, Robson me ajudou a receber de maneira mais c�lere cr�ditos junto �quela Secretaria", afirmou.

O empres�rio diz ter estabelecido uma "rela��o de confian�a" com Robson, e teria tratado "em diversos per�odos eleitorais sobre ajuda financeira". "Assim aconteceu � �poca em que ele trabalhou nas campanhas do Arolde de Oliveira � deputado federal e, ainda, quando ele trabalhou na campanha do Ant�nio Pedro �ndio da Costa � Prefeitura do Rio de Janeiro no ano de 2016, logo ap�s assessor�-lo na Secretaria Municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habita��o da Prefeitura no governo de Marcelo Crivella".

"Robson e eu mant�nhamos uma boa e confi�vel rela��o desde o nosso primeiro contato, motivo pelo qual eu sempre o ajudei nas campanhas, apostando nas vit�rias dos candidatos que ele apoiava e visando facilidades na obten��o de eventuais contratos com o poder p�blico no futuro", narra o delator.

Em outubro de 2018, j� no segundo turno, o delator diz ter sido procurado por Robson, que pediu recursos � campanha de Witzel. As tratativas foram, em parte, feitas pelo WhatsApp, e as mensagens foram entregues pelo empres�rio � Procuradoria-Geral da Rep�blica.

"Ouvi Robinho pedir a Daniel uma ajudar maior para a campanha de Wilson Witzel (ou seja, mais dinheiro), que ele seria muito grato, pois estava na reta final da campanha e precisando muito de recursos", narra.

Vaccarezza e Picciani

Outro anexo da dela��o de Daniel Gomes trata de propinas para a contrata��o do Instituto S�crates Guanaes para a gest�o de hospitais estaduais de Niter�i e Araruama, no Rio. O relato tem como protagonistas personagens que est�o no centro da Lava Jato naquele Estado.

Um dos intermedi�rios da propina seria o lobista Jorge Luz, que � delator e confessou ser operador de propinas de emedebistas. O empres�rio diz que Luz � sogro de um filho do ex-senador Ney Suassuna - tamb�m delatado por ele -, e que o teria conhecido na casa do parlamentar, em meados de 2013. Nessa �poca, eles discutiram a possibilidade de fazer "neg�cios juntos". Luz teria o convidado a prestar servi�os para a Petrobras, mas Daniel diz ter recusado.

"Pouco tempo depois, Jorge Luz me procurou novamente e me contou que tinha um bom relacionamento no governo do Estado do Rio de Janeiro, em virtude da sua amizade com o ent�o deputado federal C�ndido Vaccarezza, que, por sua vez, estava fazendo neg�cios com o ent�o governador do Rio de Janeiro S�rgio Cabral e com o deputado federal Leonardo Picciani", relata.

O delator diz ter contado a Luz sobre "desentendimentos que tive com Secret�rio de Sa�de S�rgio Cortes em raz�o de contratos entre a Toesa e o Rio de Janeiro" o que inviabilizaria a ele "assumir qualquer hospital no Estado no Rio de Janeiro pela CVB (Cruz Vermelha), uma vez que a institui��o tinha a imagem muito associada" a Daniel.

"Ainda na mesma ocasi�o, sugeri o Instituto Pedro Ludovico - IPL, com sede no estado de Goi�s, administrado por Rodrigo Teixeira de Aquino, que conheci � �poca em que Toesa tinha contratos privados no estado de Goi�s, entre os anos de 2008 e 2009", afirmou.

O delator narra. "Para conduzir as tratativas, Jorge Luz me apresentou como seu representante um funcion�rio dele chamado Eduardo Coutinho, e, atrav�s de C�ndido Vaccarezza, acionou Leonardo Picciani, que conseguiu marcar uma reuni�o com o ent�o Secret�rio de Sa�de S�rgio Cortes, para que, finalmente, Eduardo Coutinho apresentasse o IPL".

No entanto, a equipe de Cortes viria a dizer que o Instituto n�o teria experi�ncia exigida para gerir as unidades de sa�de. "Por essa raz�o, S�rgio Cortes pediu a Eduardo Coutinho que apresentasse outra OSS com a documenta��o adequada para que ele apontasse as licita��es dispon�veis e fizesse o direcionamento".

"Assim, em nova reuni�o, Jorge Luz me contou que o seu amigo ex-deputado federal S�rgio Tourinho Dantas era respons�vel pelo jur�dico do Instituto S�crates Guanaes - ISG, com sede no estado da Bahia e representado por Andr� Guanaes (irm�o do Publicit�rio Nizan Guanaes). Naquela reuni�o, Jorge me explicou que o ISG j� estava qualificado como OSS na SES/RJ, mas nunca havia ganhado licita��es no estado por falta de interlocu��o pol�tica. Eu verifiquei que os documentos do ISG atenderiam as exig�ncias da SES/RJ e JORGE marcou reuni�o para me apresentar os respons�veis pelo instituto", explica.

O delator afirma que Jorge Luz "voltou a procurar o ent�o Deputado Federal C�ndido Vaccarezza, tendo este novamente indicado que a interlocu��o entre o ISG e o Governo do Estado seria realizada pelo ent�o Deputado Federal Leonardo Picciani".

"Tamb�m foi acionado novamente Eduardo Coutinho para fazer a interlocu��o com Leonardo Picciani, em diversas reuni�es ocorrida no Rio de Janeiro e em Bras�lia, informando sobre as demandas de interesse do ISG, bem como nos atualizar dos tr�mites e movimentos de Sergio Cortes na SES/RJ. Ou seja, a negocia��o foi perfectibilizada pelos mesmos personagens que anteriormente trataram da contrata��o IPL", relata.

A contrata��o, segundo o delator se efetivou, e se deu gra�as � interlocu��o do deputado emedebista. Ap�s a assinatura do contrato para a unidade de Araruama, ele narra ter "definido com Jorge Luz e Andr� Guanaes as empresas que seriam contratadas efetivar os desvios necess�rios para formar o caixa da propina, assim como as pessoas que iriam trabalhar no Hospital Roberto Chabo".

"Nesse sentido, a partir do in�cio da gest�o daquele hospital, faz�amos periodicamente uma reuni�o para distribuir o valor arrecadado entre n�s (planilhas em anexo) e, posteriormente, repass�vamos o valor previamente definido (planilhas em anexo) � Leonardo Picciani via Eduardo Coutinho e Candido Vacareza, via Jorge Luz", afirma o delator, que entregou �udios de reuni�es e planilhas de pagamentos. Os repasses, segundo os registros do empres�rio, chegaram a R$ 167 mil.

Entre as grava��es entregues � Justi�a, o delator entrega conversas em que discute a possibilidade de colabora��o de Jorge Luz com outros investigados e chega a questionar o interesse do lobista em delatar Picciani.

Jorge Luz teve sua dela��o homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Ele cita repasses milion�rios a Renan Calheiros (MDB), Anibal Gomes (MDB) e Jader Barbalho (MDB), por exemplo.

O ex-deputado C�ndido Vaccarezza, que chegou a ser preso pela Lava Jato na Opera��o Abate, deflagrada em agosto de 2017, tem seu nome presente em planilhas de Jorge Luz, com o codinome "parceiro". Ele foi denunciado e responde a a��o penal por supostas propinas de contratos da Petrobras.

J� Leonardo Picciani faz parte do cl� investigado pela Opera��o Lava Jato no Rio. Ele n�o foi eleito em 2018, ao cargo de deputado federal, e chegou a ser ministro dos Esportes do governo Michel Temer.

Seu pai, Jorge, e seu irm�o, Rafael, chegaram a ser presos na Opera��o Cadeia Velha. Jorge est� condenado a 21 anos pelo Tribunal Regional Federal da 2� Regi�o em raz�o de supostos esquemas de propinas envolvendo a Fetranspor, na gest�o S�rgio Cabral (MDB).

Defesas

O N�cleo de Imprensa do Governo do Estado do Rio se manifestou sobre a cita��o a Witzel: "Robson dos Santos Fran�a, assessor do senador Arolde de Oliveira citado na referida dela��o, n�o trabalhou na campanha do governador Wilson Witzel; todas as informa��es sobre a campanha foram prestadas � Justi�a Eleitoral e as contas foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral; a campanha de Wilson Witzel n�o teve caixa dois e o governador condena tais pr�ticas".

A reportagem busca contato com as defesas de C�ndido Vaccarezza e Leonardo Picciani. O espa�o est� aberto para manifesta��es. Tamb�m entrou em contato com o Instituto S�crates Guanaes e aguarda resposta. O espa�o est� aberto para manifesta��es de defesa.


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