
Sergio Moro pediu demiss�o na sexta-feira, ap�s a exonera��o do diretor-geral da Pol�cia Federal, Maur�cio Valeixo, e acusou o Bolsonaro de interferir politicamente no �rg�o. No pronunciamento em que anunciou a sa�da do governo, Moro relatou tentativas frustradas do presidente para ter acesso a relat�rios sigilosos de intelig�ncia da PF. O procurador-geral da Rep�blica, Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inqu�rito para apurar as den�ncias. O ministro Celso de Mello � o relator do caso e deve tomar uma decis�o nesta segunda-feira.
Em meio � maior crise de seu governo, Bolsonaro recebeu, ontem, no Alvorada, o chefe do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), general Augusto Heleno; o secret�rio de Comunica��o, F�bio Wajngarten; e o pr�prio Jorge Oliveira.
Um dos principais pontos que contam para que Oliveira, um major da reserva da Pol�cia Militar do Distrito Federal, seja o favorito para substituir Moro � a proximidade dele com a fam�lia do presidente da Rep�blica. No pronunciamento em que rebateu as acusa��es do ex-ministro, Bolsonaro deixou claro, mais uma vez, o peso dos filhos nas suas decis�es, inclusive a de tentar acesso a investiga��es sigilosas da PF.
Solidariedade
Pesa tamb�m a favor de Oliveira a experi�ncia em direito e em seguran�a p�blica. Por�m, desde as acusa��es de Moro sobre interfer�ncias do presidente nas investiga��es da PF, o pr�prio secret�rio-geral da Presid�ncia tem argumentado internamente ser mais recomend�vel ao governo fazer uma indica��o “t�cnica” para o minist�rio. A reuni�o de ontem no Alvorada tamb�m discutiu a possibilidade de dividir a pasta em duas, por meio da cria��o de uma espec�fica para a Seguran�a P�blica. Essa mesma ideia foi aventada anteriormente por Bolsonaro, mas ele voltou atr�s ap�s a resist�ncia do ent�o ministro Sergio Moro.
Ap�s a sa�da de Moro, a equipe que o acompanhou no minist�rio e chefiava secretarias vinculadas � pasta tamb�m pediu demiss�o do cargo em solidariedade ao chefe, mas deve manter os trabalhos at� que seja conclu�do o processo de transi��o para a nova gest�o.
Troca na PF
Est�o na lista de demission�rios o secret�rio-executivo, Luiz Pontel; o diretor do Departamento Penitenci�rio Nacional, Fabiano Bordignon (que era cotado como poss�vel nome para comandar a Pol�cia Federal); o secret�rio Nacional de Justi�a, Vladimir Passos (ex-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Regi�o); o secret�rio Nacional de Pol�ticas sobre Drogas, Luiz Roberto Beggiora; o secret�rio de Opera��es Integradas, Rosalvo Ferreira Franco (ex-superintendente da PF no Paran� durante a Lava-Jato); e o secret�rio Nacional do Consumidor, Luciano Timm. Por ser o n�mero dois da pasta, Pontel ocupa interinamente a fun��o de ministro at� a nomea��o do sucessor de Moro.
Enquanto n�o define o nome do novo ministro, Bolsonaro j� decidiu que Alexandre Ramagem, atual chefe da Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia (Abin), deve ser o novo diretor-geral da Pol�cia Federal, em substitui��o a Maur�cio Valeixo, exonerado na �ltima sexta-feira. Ramagem foi o coordenador da seguran�a de Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018 e goza da confian�a dos filhos do presidente.
Al�m da boa rela��o com a fam�lia de Bolsonaro, Ramagem tamb�m tem a confian�a da ala militar do Pal�cio do Planalto, com quem ele mant�m boa rela��o ao longo de sua gest�o � frente da Abin. A nomea��o do novo chefe da PF s� n�o foi oficializada ainda no Di�rio Oficial da Uni�o porque Bolsonaro aguarda a defini��o do substituto de Moro no minist�rio. Ramagen participou de uma reuni�o sozinho com o presidente, na manh� de ontem, no Alvorada.
O deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ) anunciou, ontem, que recorrer� � Justi�a para impedir a nomea��o de Alexandre Ramagem como diretor-geral da PF. “Urgente! Estou apresentado uma a��o para impedir que Alexandre Ramagem assuma a chefia da Pol�cia Federal. Ramagem foi chefe da seguran�a de Bolsonaro em 2018 e � amigo dos filhos do presidente. Jair quer transformar a PF numa pol�cia pol�tica a servi�o do cl�. N�o vamos deixar”, escreveu o deputado, no Twitter.
Os movimentos pol�ticos dos �ltimos dias indicam que o pr�ximo a deixar o governo � o ministro da Economia, Paulo Guedes, em conflito com a ala militar do governo ap�s o lan�amento, pelo ministro-chefe da Casa Civil da Presid�ncia da Rep�blica, general Braga Netto, do programa Pr�-Brasil. A iniciativa prev� um conjunto de investimentos p�blicos e privados destinados � recupera��o econ�mica do pa�s em meio � crise do novo coronav�rus. A equipe de Guedes se manifestou contr�ria ao programa, argumentando que h� dinheiro em caixa para investimentos p�blicos.