
Moro respondeu a perguntas de dois delegados da Diretoria de Investiga��o e Combate ao Crime Organizado e de tr�s procuradores que sa�ram de Bras�lia e foram at� o Paran� para participar da oitiva. O ex-juiz chegou ao pr�dio da PF em uma viatura da institui��o e teve acesso ao edif�cio por meio de uma entrada privativa, nos fundos. O depoimento se estendeu tanto que um intervalo precisou ser realizado no fim da tarde. � noite, ocorreu mais uma pausa para o lanche.
Na sala, Moro e os demais integrantes estavam afastados por uma dist�ncia de um metro cada, e todos de m�scara, para evitar a dissemina��o do novo coronav�rus. O procurador-geral da Rep�blica, Augusto Aras, destacou para o depoimento os procuradores Jo�o Paulo Lordelo Guimar�es Tavares, Antonio Morimoto e Hebert Reis Mesquita, que atuam no gabinete dele na capital federal.
Apoiadores de Moro e de Bolsonaro se enfrentaram em frente ao pr�dio da corpora��o. Nos momentos mais hostis, a Pol�cia Militar precisou intervir. Um manifestante, que estava do lado favor�vel ao presidente, chegou a tentar agredir jornalistas, sendo contido pela pol�cia. Os atos a favor de Bolsonaro foram convocados pela internet, e o de apoio ao ex-juiz partiu de integrantes de um acampamento pr�-Lava-Jato que j� se concentrava no local.
O depoimento vai ser encaminhado ao ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inqu�rito que apura as den�ncias feitas por Moro contra Bolsonaro. O conte�do pode ser mantido sob sigilo, se a PF entender necess�rio para preservar a investiga��o. Nos pr�ximos dias, Mello deve determinar o cumprimento de dilig�ncias para recolher provas e informa��es, com o objetivo de averiguar as den�ncias.
Clima de apreens�o
No governo, o clima foi de apreens�o ao longo de todo o dia. Bolsonaro tentou demonstrar que n�o estava preocupado com assunto. No entanto, conversou com aliados e com os filhos para avaliar eventuais impactos das revela��es. Interlocutores do Planalto informaram que o maior temor � de que, ao longo dos �ltimos meses, Moro tenha registrado diversas conversas com o presidente, n�o s� por mensagens de texto, mas tamb�m em �udios e v�deos.
A deputada Bia Kicis (PSL-DF) afirmou que entrou em contato com o chefe do Executivo � noite e recebeu dele a informa��o de que estava enfrentando a situa��o com tranquilidade. “Acabei de falar com o presidente Jair Bolsonaro. Ele est� tranquilo. Sabe que nem em 15 meses de conversa gravada, nem que fossem 15 anos, Sergio Moro teria alguma coisa contra ele. Talvez uns palavr�es, quem sabe, mas acho que isso n�o � crime, a n�o ser que o STF resolva criar um”, ironizou.
Advogado
Para atuar em sua defesa, Moro contratou Rodrigo S�nchez Rios e outros tr�s advogados. Conhecido criminalista de Curitiba, S�nchez � secret�rio-geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paran�. Ele atuou em casos da Lava-Jato em que o pr�prio ex-ministro da Justi�a era o juiz da causa. Entre o rol de clientes do defensor no �mbito da opera��o est� o ex-deputado Eduardo Cunha, que foi presidente da C�mara.
S�nchez tamb�m esteve � frente da defesa do empres�rio Marcelo Odebrecht, uma das figuras mais marcantes do caso Lava-Jato. O ex-presidente da empreiteira que leva seu sobrenome esteve profundamente envolvido no esquema de desvio de recursos da Petrobras.