
Ser� analisado, hoje, na sede da Pol�cia Federal em Bras�lia, o v�deo da reuni�o ministerial em que o presidente Jair Bolsonaro teria exigido mudan�as na chefia da corpora��o e amea�ado demitir o ent�o ministro da Justi�a, Sergio Moro. A grava��o foi apontada pelo ex-juiz como uma das provas da acusa��o que fez de que o chefe do Executivo tentou interferir politicamente na PF.
Ontem, Moro chegou � capital federal e deve acompanhar a an�lise das imagens junto a investigadores para confirmar se o v�deo foi repassado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na �ntegra, sem cortes ou edi��es, como garante a Advocacia-Geral da Uni�o (AGU). A grava��o foi entregue � PF por ordem do ministro Celso de Mello, relator do inqu�rito no STF. Ontem, o magistrado determinou que a corpora��o fa�a a per�cia na grava��o para verificar autenticidade e integridade.
Tamb�m ontem, Bolsonaro demonstrou insatisfa��o pelo fato de a grava��o ter sido disponibilizada por completo. “Espero que se extraia do v�deo a parte que interessa ao inqu�rito para saber se houve alguma interfer�ncia minha na Pol�cia Federal ou n�o. O restante, eu tratei de pol�tica externa. N�o � justo algu�m achar que deve divulgar isso, eu tratando de pol�tica internacional”, defendeu. “� justo expor o que falamos sobre pol�tica externa, assunto de seguran�a nacional? Espero que isso n�o aconte�a. A�, n�o d�, a� complica a situa��o. E eu espero que isso n�o aconte�a. Espero que os demais poderes que v�o tratar desse assunto tratem da mesma forma respons�vel”, acrescentou.
Apesar de a AGU ter postergado ao m�ximo a entrega do v�deo, Bolsonaro comentou que decidiu disponibilizar a grava��o aos investigadores pela “verdade acima de tudo”. “N�o era um depoimento p�blico, era reservado. Eu podia falar: ‘N�o tenho mais o v�deo’. N�o tenho obriga��o de ter o v�deo. Mas assumi, a verdade acima de tudo. Agora, o que eu acho que deve ser feito � extrair a parte em que eu falo do Moro”, frisou.
O presidente disse estar “zero” preocupado com o v�deo. “Eu nunca ofendi ningu�m. Eu nunca agredi ningu�m. Eu nunca ameacei ningu�m. Pronto, suficiente. Est� na fita”, disse. “Zero (preocupado). N�s fornecemos o v�deo na �ntegra — e n�o precisa fornecer no meu entender, porque n�o � um v�deo oficial — para comprovar que nada devemos no tocante ao inqu�rito”, emendou.
Quem tamb�m teve acesso � grava��o foi o procurador-geral da Rep�blica, Augusto Aras. Para ele, a investiga��o do v�deo deve se focar apenas nos trechos que envolvem os di�logos do presidente e de Moro. “S� interessa ao inqu�rito partes referentes a di�logos travados entre o presidente da Rep�blica e o ex-ministro Sergio Moro. Assuntos estranhos a essa interlocu��o devem ser dispensados, porque imagina-se que possa haver conversas que envolvam at� quest�es de soberania nacional”, disse Aras ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes.
Ainda de acordo com o procurador-geral da Rep�blica, “a rigor, uma reuni�o de ministros de Estado pode vir a criar embara�os n�o s� internos, mas tamb�m nas rela��es internacionais”. “Creio que a l�gica seria que n�s pud�ssemos cronometrar apenas os pontos referentes aos di�logos entre o presidente e o ex-ministro”, opinou.
Supostos crimes
O inqu�rito foi aberto no STF a pedido do procurador-geral da Rep�blica, Augusto Aras, com base nas acusa��es de Moro. A inten��o � avaliar se Bolsonaro cometeu os crimes de falsidade ideol�gica, coa��o no curso do processo, advocacia administrativa, prevarica��o, obstru��o de Justi�a e corrup��o passiva privilegiada. Moro, por sua vez, pode responder por denuncia��o caluniosa e crime contra a honra se n�o conseguir provar as acusa��es.