
Quase dois anos depois, � de m�os dadas com a ala militar que o bloco entra no governo e avan�a sobre cargos do Executivo em troca do apoio ao presidente, que tenta evitar a abertura de um processo de impeachment. O encontro dos dois extremos foi apelidado em Bras�lia de "Centr�o Verde-Oliva" e acumula disc�rdia e desconfian�a em todos os lados.
A negocia��o, com aval de Bolsonaro, tem sido capitaneada pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo e general da ativa, Luiz Eduardo Ramos. O ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, tamb�m general, eventualmente participa das conversas que ocorrem dentro do Pal�cio do Planalto. � um papel que j� foi exercido por pol�ticos como Geddel Vieira Lima, Antonio Palocci e Jos� Dirceu, auxiliares de Michel Temer, Dilma Rousseff e Luiz In�cio Lula da Silva, respectivamente.
Do outro lado do balc�o, o principal negociador � o l�der dos Progressistas na C�mara, o deputado Arthur Lira (AL), que informalmente passou a exercer a lideran�a do governo. O Centr�o de Bolsonaro ainda tem Republicanos, PL, PSD, Solidariedade, PTB e parte do DEM.
Entre militares, existe um desconforto em ver generais envolvidos diretamente na articula��o pol�tica, mas argumentam que seguem a disciplina das For�as Armadas e cumprem ordens do comandante, no caso o presidente Bolsonaro.
Pol�ticos do Centr�o que agora frequentam o gabinete do ministro Luiz Ramos dizem que as conversas s�o diretas e chamam de "lenda" o estigma de que os militares n�o t�m experi�ncia pol�tica. Dois deputados contaram ao Estad�o que n�o h� constrangimentos ou senhas para a oferta de cargos. � o ministro quem puxa o assunto e j� apresenta um papel com a lista de postos nos Estados para o convidado escolher. "N�o fica nem vermelho", ironiza um parlamentar rec�m convertido � base do governo. A cena � bem diferente do in�cio do governo, quando o Centr�o parou de frequentar o Planalto por medo do general Santos Cruz, antecessor de Ramos.
Em uma tentativa de conter o desgaste com a aproxima��o, o presidente determinou aos auxiliares evitar usar o termo "Centr�o" e fala agora em "alian�a de centro-direita". Para diminuir a resist�ncia interna, o argumento que tem sido usado � que as conversas s�o "republicanas" e as indica��es precisam ser aprovadas pelo Sistema Nacional de Indica��o e Consultas (Sinc).
Lava Jato
Bolsonaro chegou a gravar um v�deo em tom amistoso com Arthur Lira, de quem foi colega de partido. O parlamentar foi um dos alvos da Opera��o Lava Jato e � r�u por corrup��o passiva no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi acusado de ter encabe�ado negocia��o de pagamento de propina a agentes p�blicos, com repasses que totalizaram R$ 1,94 milh�o.Na nova rela��o que governo tenta construir com o Congresso, Lira tem atuado para levar os pedidos de cargos ao ministro Ramos. Bolsonaro tem cedido e desagradado fi�is aliados.
Integrantes do Pal�cio do Planalto do grupo ideol�gico acusam, nos bastidores, a ala militar de convencer o presidente a ceder ao fisiologismo e, ao mesmo tempo, fazer do governo um ref�m da "velha pol�tica" em troca de formar uma base de apoio no Congresso. Entretanto, em abril, quando iniciou o movimento para criar uma articula��o, Bolsonaro recebeu l�deres do Centr�o sozinho em seu gabinete, sem a presen�a de ministros.
Abraham Weintraub, ministro da Educa��o, tentou resistir � entrega de cargos. Por um m�s, ele n�o aceitou nem mesmo receber nomes de apadrinhados do Centr�o para consulta. Amea�ado de demiss�o, o ministro acabou cedendo. Ele diz estar na mira dos militares.
Sa�de
Em plena pandemia da COVID-19, o Minist�rio da Sa�de passa por reformula��o. Cerca de 20 militares j� foram nomeados para �reas estrat�gias durante as gest�es de Nelson Teich e do general Eduardo Pazuello, que comanda a pasta interinamente. Outros 20 devem ganhar cargos nos pr�ximos dias.O Centr�o tamb�m deve receber uma fatia do minist�rio. L�deres do PP e PL chegaram a um acordo para indicar o m�dico Marcelo Campos Oliveira a secret�rio de Aten��o Especializada � Sa�de, �rea cobi�ada por liberar recursos para custeio de leitos em hospitais de todo o pa�s. O secret�rio ainda n�o foi nomeado. Durante a pandemia, a secretaria j� autorizou bancar R$ 911,4 milh�es para o funcionamento, por 90 dias, de 6.344 quartos de UTI para a COVID-19.
Em reuni�o com representantes de secret�rios de sa�de de Estados e munic�pios, na quinta-feira passada, o ministro interino disse que os militares devem ficar temporariamente.
A maioria ocupa cargos na secretaria-executiva, respons�vel pela gest�o de contratos, pessoal, or�amento e dados do minist�rio. A ideia � que os cerca de 20 militares que ainda devem entrar na Sa�de recebam tamb�m, a maioria, cargos na secretaria-executiva.
Pazuello estuda, no entanto, nomear um militar como Secret�rio de Ci�ncia, Tecnologia e Insumos Estrat�gicos, posto respons�vel pelo estudo de novos produtos e pelo di�logo com a ind�stria farmac�utica. A pasta � estrat�gica para a an�lise, por exemplo, de evid�ncias cient�ficas sobre uso da cloroquina contra a COVID-19.
Procurado, o Minist�rio da Sa�de informou que as nomea��es feitas "envolvem profissionais capacitados e com experi�ncia em lidar com situa��es de crise". Apesar do avan�o de casos da pandemia no Pa�s, a pasta alega que "a estrat�gia de resposta brasileira � COVID-19 n�o foi prejudicada em nenhum momento." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.