
Um ex-assessor do ex-ministro Geddel Vieira foi nomeado chefe de gabinete do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan). A nomea��o de Marco Ant�nio Ferreira Delgado foi assinada pelo ministro do Turismo, Marcelo �lvaro, e publicada nessa quinta-feira (28) no Di�rio Oficial da Uni�o (DOU). A escolha � resultado das negocia��es entre o Planalto e os partidos que comp�em o Centr�o, a fim de assegurar uma base parlamentar aliada ao presidente Bolsonaro no Congresso.
Um dos nomes conhecidos do MDB, Geddel foi titular da Secretaria de Governo da Presid�ncia da Rep�blica do governo de Michel Temer. Em mar�o, a Justi�a Federal condenou o ex-ministro pelo crime de improbidade administrativa em raz�o da press�o para conseguir um parecer favor�vel do Iphan na constru��o do edif�cio de luxo em Salvador.
Marco Ant�nio foi nomeado assessor de Geddel em maio de 2016. Antes, ele atuava como assessor do gabinete do ministro da extinta Secretaria de Avia��o Civil. Marco Ant�nio ficou no cargo de assessor do Departamento de Rela��es Pol�tico-Sociais da Secretaria Nacional de Articula��o Social da Secretaria de Governo at� maio de 2018, mesmo depois de Geddel ter sa�do da secretaria — o que aconteceu em novembro de 2016. Entre 2011 e 2013, Marco Ant�nio trabalhou no Minist�rio do Turismo, como chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo.

Quando o ex-assessor de Geddel atuou no Minist�rio do Turismo, a pasta era ocupada pelo deputado federal Gast�o Vieira (MA), integrante do Pros. O partido faz parte do chamado 'centr�o', que tem negociado cargos com o governo de Jair Bolsonaro.Na �poca, Gast�o era do MDB. Marco Ant�nio atuou muito em pastas ocupadas pelo partido. No governo de Temer, ele trabalhou nas gest�es de Geddel e dos ex-deputados federais Ant�nio Imbassahy (PSDB) e Carlos Marun (MDB) — este �ltimo ganhou recentemente um conselho de Itaipu Binacional.
Antes disso, Marco Ant�nio havia trabalhado na Avia��o Civil quando era comandada por Moreira Franco, Eliseu Padilha e Mauro Lopes, todos do MDB. Bolsonaro tem buscado tamb�m o apoio do partido no Congresso.
Lavagem de dinheiro
Geddel, que tamb�m foi ministro da Integra��o Nacional no governo Lula, foi condenado no ano passado a 14 anos de pris�o pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro e associa��o criminosa no caso de malas contendo R$ 51 milh�es em um apartamento remetido a ele em Salvador. Ele foi preso em setembro de 2017, ficou no pres�dio da Papuda, no Distrito Federal (DF), e foi transferido no ano passado para Salvador.
Em nota, o minist�rio do Turismo afirmou que Marco Ant�nio n�o trabalhou diretamente com o ex-ministro Geddel. Segundo a pasta, a escolha pelo nome foi motivada por sua “ampla experi�ncia na �rea de gest�o, adquirida em trabalhos exercidos no Judici�rio federal, no Executivo federal e em empresa p�blica”. O minist�rio informou, ainda, que o novo chefe de gabinete ocupou nos �ltimos 12 anos cargos de assessoramento no Minist�rio do Turismo, na Secretaria de Avia��o Civil e na Secretaria de Governo. “Marco Delgado � rela��es p�blicas, especializado em marketing pol�tico e concilia suas atividades no servi�o p�blico lecionando em universidade do Distrito Federal”, acrescentou a nota do minist�rio.
Trocas
Desde o segundo semestre do ano passado, o Iphan est� envolto em pol�micas relativas �s nomea��es de superintendentes. A �ltima foi a nomea��o da presidente do �rg�o, Larissa Rodrigues Peixoto Dutra. O cargo estava sendo ocupado interinamente desde dezembro do ano passado pelo t�cnico Robson de Almeida, depois de K�tia Bog�a ter sido exonerada.
No �ltimo dia 25, K�tia contou ao Correio que foi exonerada por press�es do dono das lojas Havan, Luciano Hang, e do senador Fl�vio Bolsonaro (Republicanos-RJ). K�tia afirmou que soube de sua exonera��o pelo Di�rio Oficial da Uni�o (DOU), n�o tendo sido avisada antes ou chamada para auxiliar no processo de transi��o.
A nomea��o de Larissa foi amplamente criticada por servidores e ex-servidores do Iphan, al�m de entidades como o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Isso pelo fato de Larissa, formada em turismo e hotelaria, n�o ter em seu curr�culo refer�ncias a uma atua��o relacionada com preserva��o do patrim�nio hist�rico e cultural do pa�s.
A atual presidente do Iphan � casada com Gerson Dutra J�nior, que atuou como seguran�a do presidente Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018.
O Minist�rio P�blico Federal (MPF) inclusive pediu ao ministro do Turismo documentos relacionados � nova presidente. No �ltimo dia 6 de maio, o MPF enviou um of�cio solicitando informa��es sobre 17 pessoas nomeadas a cargos do Iphan em 11 unidades federativas.
Mem�ria
Esc�ndalos em s�rie
Os esc�ndalos envolvendo Geddel Vieira tiveram in�cio em novembro de 2016, com o pedido de demiss�o apresentado pelo ex-ministro da Cultura e de-putado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ). Um dia depois de pedir para sair do governo, Calero afirmou que estava sendo pressionado por Geddel a conseguir o aval do Iphan na cons-tru��o do edif�cio de luxo La Vue, na Barra, em Salvador. O Iphan havia embargado a obra apontando que haveria impacto em bens tombados da regi�o.
Ap�s a den�ncia, Geddel pediu demiss�o. Uma investiga��o do Minist�rio P�blico Federal (MPF) acusou o ex-ministro de improbidade administrativa por ter pressionado Calero a liberar a obra. Em mar�o deste ano, Geddel foi condenado na Justi�a Federal. Ele, no entanto, j� estava preso desde 2017, mas por outro fato.
Naquele ano, a Pol�cia Federal encontrou malas e caixas que continham R$ 51 milh�es em um apartamento ligado a ele em Salvador. Foi a maior apreens�o de dinheiro vivo ocorrida no Brasil. Geddel ficou preso no Complexo Penitenci�rio da Papuda, no Distrito Federal, e foi transferido em dezembro do ano passado para a Bahia. Pouco antes, em outubro, o ex-ministro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 14 anos de pris�o por lavagem de dinheiro e associa��o criminosa. Seu irm�o, o ex-deputado federal L�cio Vieira Lima, foi condenado a 10 anos.
O dinheiro foi encontrado pela Pol�cia Federal durante uma opera��o chamada Tesouro Perdido, que fazia parte das investiga��es sobre fraude relativa a libera��es de cr�ditos da Caixa Econ�mica Federal (CEF). O ex-ministro foi vice-presidente de Pessoa Jur�dica da institui��o de 2011 a 2013.