
Com ou sem pretens�es eleitorais, Moro manteve uma postura pol�tica na conversa. Criticou a atua��o do presidente Jair Bolsonaro, disse ter sido uma “voz da modera��o” no governo e comentou os principais assuntos do pa�s, de fake news a covid-19. Perguntado sobre a chance de ser candidato nas pr�ximas elei��es, ele disse que precisar� "se reinventar", depois de ter deixado a magistratura e a Esplanada, mas que n�o definiu ainda nos pr�ximos passos.
O ex-ministro acredita que n�o � o melhor momento para avaliar a possibilidade de entrar de vez para a pol�tica, especialmente diante da crise do novo coronav�rus. "Estamos no meio de uma pandemia. Ent�o, n�o tenho sequer cabe�a para pensar em perspectivas eleitorais. N�o passa, no momento, pela minha mente isso", disse. "Ainda estou, por conta da turbul�ncia da sa�da, discutindo mais a turbul�ncia do que qualquer outra coisa", explicou.
Moro garantiu, por�m, que n�o vai deixar de conversar com a sociedade, de uma maneira ou de outra. "O que quero � continuar participando, de alguma forma, do debate p�blico. Acho que tenho condi��es de contribuir com o debate p�blico, ainda que como espectador, comentarista. N�o tem necessidade de ser um participante. Mas, como disse, n�o � momento de discutir essas quest�es", afirmou.
Cr�ticas
Moro classificou o governo Bolsonaro como "populista com arroubos autorit�rios", mas sem inten��o de acabar com a democracia. "E acho que o populismo de direita � t�o ruim quanto o de esquerda. N�o faz bem para o pa�s", acrescentou. Apesar das cr�ticas, o ex-juiz disse n�o ver ind�cios de uma ruptura institucional ou golpe militar. “Falando francamente, pelo que vi no governo, n�o (h�)", afirmou.
"A minha percep��o � que as For�as Armadas t�m compromisso profissional muito robusto e s�rio com as institui��es, com a democracia", avaliou. "� vezes, a presen�a muito intensa de militares da reserva e da ativa pode dar uma impress�o errada a respeito de alguns arroubos ret�ricos", observou. "S�o mais blefes, mas t�m seu impacto. Gera desconforto e s� atrapalha", criticou o ex-ministro.
Na vis�o dele, o assunto s� veio � tona por conta de "arroubos ret�ricos que n�o deveriam existir" e geram instabilidade. Como exemplo, ele citou a postura do presidente em rela��o � pandemia do novo coronav�rus. "N�o adianta negar a exist�ncia da pandemia. Isso faz parte do populismo, negar a realidade. Ou interferir nas institui��es de uma maneira, com todo respeito ao presidente, mas de uma maneira arbitr�ria. Isso n�o � bom, tem que ser evitado".
Moderado
O ex-juiz aproveitou a conversa para lembrar quando saiu do time de Bolsonaro. "Realmente n�o tinha alternativa para ficar (no minist�rio) sem quebrar meus compromissos, explicou. "Fui para o governo com projeto de consolidar avan�os anticorrup��o e avan�ar em outra �reas. Fui muito criticado, mas muita gente, tamb�m, na �poca, gostou. Gente falava 'que bom que voc� est� no governo. Vai ser uma voz de modera��o", contou. "E eu me via assim dentro do governo", admitiu.
Para ele, a "polariza��o extremada entre esquerda e direita" � um dos grandes problemas na pol�tica atualmente. "As pessoas t�m que baixar um pouco o n�vel da temperatura", acredita Moro, que chegou a ser considerado um "superministro" no in�cio do governo. Ele aconselhou Bolsonaro a evitar os "arroubos ret�ricos". "Digo isso com muito respeito ao presidente da Rep�blica, que n�o deveria realizar (esse tipo de fala), porque � algo que gera instabilidade institucional", comentou.
Fake News
Moro tamb�m opinou sobre a legisla��o atual sobre fake news, tema de um projeto de lei que tem gerado muita discuss�o atualmente no Senado, e lembrou que as informa��es falsas n�o prejudicam apenas pol�ticos. Para ele, � importante haver alguma regula��o. “Circula��o de ideia � fundamental. Mas ideias deliberadamente falsas s� prejudicam o debate e podem ser coibidas pela lei”, afirmou.
Continua depois da publicidade
O ex-juiz ressaltou a necessidade de “cautela” para que a lei n�o afronte a liberdade de express�o, mas disse que � poss�vel resolver o problema respeitando os princ�pios constitucionais. “Um maior controle realmente parece que � necess�rio. Essa quest�o de rob�s para disseminar, criar falsa apar�ncia de ader�ncia a determinado discurso, isso � distor��o, � fraude. N�o vejo como pode ser protegido pela liberdade de express�o”, disse.