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Estado de Minas PANDEMIA

Mudan�a de divulga��o ocorreu ap�s Bolsonaro exigir n�mero de mortes por COVID-19 abaixo de mil por dia

Estrat�gia do Pal�cio do Planalto � uma tentativa de demonstrar que n�o h� uma escalada da doen�a fora de controle


postado em 08/06/2020 18:01 / atualizado em 08/06/2020 19:04

Bolsonaro teria determinado que Ministério da Saúde ajustasse divulgação de números da COVID-19(foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)
Bolsonaro teria determinado que Minist�rio da Sa�de ajustasse divulga��o de n�meros da COVID-19 (foto: Ant�nio Cruz/Ag�ncia Brasil)
A gin�stica operada pelo Minist�rio da Sa�de para manipular os dados da pandemia da COVID-19 ocorreu ap�s determina��o do presidente Jair Bolsonaro para que o n�mero de mortes pelo coronav�rus fique abaixo de mil por dia. Para se enquadrar no limite imposto pelo chefe do Executivo, a solu��o foi separar os �bitos ocorridos nas �ltimas 24 horas das mortes de datas anteriores, mas que s� foram confirmadas naquele per�odo. At� a semana passada, o Minist�rio da Sa�de somava todas as mortes confirmadas em um mesmo dia, independentemente de quando ela havia ocorrido.

A estrat�gia do Pal�cio do Planalto � uma tentativa de demonstrar que n�o h� uma escalada da doen�a fora de controle e, ao mesmo tempo, apontar que h� um exagero da imprensa. A ideia de Bolsonaro � mostrar que o n�mero de mortes nunca esteve acima de mil por dia, mas apenas a consolida��o dos dados de pacientes que morreram em datas anteriores. O Brasil tem 37.312 �bitos e 685.427 casos confirmados da COVID-19. � o segundo pa�s em n�mero de contaminados, e o terceiro em mortes.

O Brasil superou o n�mero de mil mortes di�rias pela primeira vez em 19 de maio. No dia 3 de junho, o pa�s bateu recorde com o registro de 1.349 �bitos em 24 horas. Foi nesta data que o governo atrasou pela primeira vez a divulga��o do balan�o da pandemia, que passou a ser enviado por volta das 22h. No dia seguinte, novo recorde: 1.473 �bitos e mais um atraso.

Na �ltima sexta-feira, 5, terceiro dia seguido de atraso, o presidente se recusou a responder de quem havia partido a determina��o para postergar a publica��o dos dados. Na ocasi�o, ele disse: “Acabou mat�ria no Jornal Nacional”, referindo-se ao telejornal da TV Globo, o de maior audi�ncia no pa�s. Naquela noite, quando o Minist�rio da Sa�de atualizou o balan�o, a emissora interrompeu a programa��o da novela com um “plant�o” para informar os n�meros.

Na mesma sexta-feira, o portal do Minist�rio da Sa�de com o balan�o da pandemia saiu do ar. Ap�s 19 horas, a p�gina retornou, mas passou a apresentar apenas informa��es sobre os casos “novos”, ou seja, registrados no pr�prio dia. Os n�meros consolidados da doen�a e os hist�ricos da doen�a desapareceram. No domingo, 7, o governo anunciou que voltaria a informar seus balan�os sobre a doen�a. Mas mostrou n�meros conflitantes, divulgados no intervalo de poucas horas. O erro foi corrigido nesta segunda-feira.

Nesta segunda, 8, em resposta � decis�o do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de COVID-19, os ve�culos O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, Extra, G1 e UOL decidiram formar uma parceria e trabalhar de forma colaborativa para buscar as informa��es necess�rias nos 26 Estados e no Distrito Federal. O balan�o di�rio ser� fechado �s 20h.

Ap�s a repercuss�o negativa das restri��es de acesso �s informa��es da pandemia, a avalia��o do governo � que a equipe do ministro interino da Sa�de, Eduardo Pazuello, executou mal a determina��o do presidente. A ordem agora � ajustar a divulga��o dos dados para demonstrar que foi um erro e n�o uma falta de transpar�ncia.

Desde o in�cio da pandemia, Bolsonaro minimiza o impacto da crise sanit�ria. O presidente defende o fim do isolamento social e quer a retomada das atividades econ�micas. Apesar da curva ainda em ascens�o da doen�a, ele j� pediu para empres�rios para que pressionem governadores pela extin��o da quarentena.

O secret�rio-executivo da Sa�de, coronel Elcio Franco Filho, enviou para a sua equipe v�deo do empres�rio Luciano Hang, dono das lojas Havan e defensor do presidente Bolsonaro, afirmando que “n�o condiz com a realidade” informar que mais de mil mortes pela COVID-19 foram confirmadas num �nico dia. A distribui��o do v�deo foi noticiada pelo jornal Valor Econ�mico e confirmada pelo Estad�o.

No v�deo usado como exemplo para alterar a forma de divulga��o do boletim da COVID-19, Hang ainda afirma, sem apresentar dados, que os “hospitais est�o vazios”. O empres�rio diz que havia sido informado pelo deputado federal Osmar Terra (MDB) sobre suposta falha na divulga��o dos dados da COVID-19. Terra tem atuado como conselheiro do presidente Jair Bolsonaro e do ministro interino da Sa�de, Eduardo Pazuello, sobre a doen�a.

O n�mero de v�timas pelo novo coronav�rus confirmadas de um dia para o outro, de fato, n�o significa que todas as mortes ocorreram neste per�odo. Os dados consideram investiga��es de �bitos que s� foram encerradas nas �ltimas 24h, mas podem ter acontecido semanas antes.

Segundo balan�o da �ltima quinta-feira, 4, do Minist�rio da Sa�de, o dia com maior n�mero de mortes (670) pela COVID-19 no Brasil foi 12 de maio. Para t�cnicos da pasta, por�m, n�o � correto afirmar que se trata do pico da doen�a, pois h� mais de 4 mil mortes em an�lise.

Como o Estad�o revelou, informes da Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia (Abin) enviados ao Pal�cio do Planalto e a ministros alertam para alta subnotifica��o de infectados e mortos no Brasil. “A participa��o do Brasil torna-se mais significativa se for considerado que o Pa�s tem 10 a 15 vezes menos testes diagn�sticos realizados por milh�o de habitantes que os demais (pa�ses) e, portanto, � prov�vel que os n�meros brasileiros estejam subestimados e sejam de maior propor��o do que os apresentados”, afirma relat�rio de 12 de maio.


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