(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas SETE IRREGULARIDADES

Com ressalvas, TCU aprova contas do governo Bolsonaro em 2019

Ministro Bruno Dantas, relator do processo, aponta algumas irregularidades, como aporte em estatal para fugir do teto de gastos e decis�es question�veis na distribui��o de verba publicit�ria oficial. Mas recomenda aprova��o pelo Congresso Nacional e demais ministros acatam decis�o


postado em 10/06/2020 17:56 / atualizado em 10/06/2020 18:38

O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, elogiou o esforço feito pelo governo para superar o impasse entre o TCU e a Receita Federal(foto: Agência Brasil/Divulgação)
O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da Uni�o, elogiou o esfor�o feito pelo governo para superar o impasse entre o TCU e a Receita Federal (foto: Ag�ncia Brasil/Divulga��o)

O Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) recomendou, nesta quarta-feira (10/6), a aprova��o, com 14 ressalvas e sete alertas, do parecer pr�vio sobre as contas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) relativas ao exerc�cio financeiro de 2019. Quem tem a prerrogativa de aprovar a contabilidade do governo � o Congresso Nacional. Apesar de o relator do processo, ministro Bruno Dantas, apontar sete irregularidades, seis impropriedades e uma distor��o, seu voto orientou pela aprova��o, no que foi acompanhado pelos demais ministros da Corte de contas. Algumas contribui��es foram acatadas, como a recomenda��o sobre financiamento da Educa��o e a possibilidade do Minist�rio da Infraestrutura proceder estudos para concess�o multimodal.

 

Ao iniciar seu discurso, Dantas deu alguns recados, remetendo �s dificuldades vividas pelo povo ingl�s sob o jugo do tirano Jo�o Sem Terra. “Todas as nossas cartas republicanas, sem exce��o, consagram o equil�brio, a harmonia, a independ�ncia e a coopera��o m�tua dos Poderes constitu�dos, dentro de um s�lido modelo de freios e contrapesos que funciona como anteparo do Estado de Direito contra eventuais fantasias arbitr�rias de algum governante”, disse. “A democracia brasileira pode ser jovem, mas seu conceito n�o � recente e nem � ef�mera sua constru��o. O abalo dos alicerces de nosso Estado de Direito Democr�tico n�o � um mero recuo � d�cada de sessenta do s�culo passado. � um recuo de oito s�culos, ao per�odo medieval”, acrescentou.

 

“Aprender com as li��es do passado, cumprir as obriga��es do presente e apontar o melhor caminho para o futuro � o que nos cabe fazer. Por tudo isso tenho tranquilidade em afirmar que os Poderes constitu�dos encontrar�o o justo ponto de equil�brio para reduzir as iniquidades e promover o bem-estar de nossa sofrida popula��o”, assinalou.

 

Em rela��o � pol�tica fiscal, Dantas destacou a meta de resultado prim�rio fixada pela Lei de Diretrizes Or�ament�rias (LDO) para 2019, que previa deficit prim�rio de R$ 142,5 bilh�es e, ao fim do exerc�cio, ficou em R$ 78,7 bilh�es, “cen�rio mais favor�vel que o estabelecido”. O relat�rio apontou a evolu��o do endividamento p�blico. “Em 2019, a d�vida p�blica cresceu 9,59%, j� a d�vida l�quida do setor p�blico subiu de 54,1% do PIB (Produto Interno Bruto) em dezembro de 2018 para 55,7% ao final de 2019”, disse Dantas. Ele assinalou, ainda, que despesas obrigat�rias representam a maior parcela: 88,7% em 2019.

 

Outra ressalva, segundo o ministro Dantas, foi que, em 2019, pela primeira vez desde a Constitui��o Federal, a Uni�o se valeu de autoriza��o excepcional do Congresso Nacional para realizar opera��es de cr�dito em montantes superiores �s despesas de capital. “A medida legislativa foi necess�ria porque, ap�s os c�lculos e compensa��es aplic�veis, verificou-se que a Uni�o apurou receitas de opera��es de cr�dito de R$ 1 trilh�o e incorreu em despesas de capital de R$ 871,6 bilh�es, o que conduziu a R$ 185,3 bilh�es de insufici�ncia para atendimento � regra de ouro, que impede emiss�o de d�vida para pagar despesas correntes. “Com os gastos vultosos que o Estado est� precisando incorrer em raz�o da COVID-19, a situa��o se agravou bastante. Segundo as atualiza��es mais recentes da STN (Secretaria do Tesouro Nacional), a insufici�ncia de recursos para atender � regra de ouro em 2020 ficar� em cerca de R$ 250 bilh�es.”

 

Irregularidades

Dantas apontou v�rias irregularidades. Entre elas, segundo ele, o Congresso Nacional havia destinado originalmente R$ 637,9 bilh�es ao custeio de benef�cios previdenci�rios, dota��o suficiente para cobrir as despesas incorridas em 2019 de R$ 630,4 bilh�es. “Ocorre que esse valor foi reduzido a R$ 628,9 bilh�es ao final do exerc�cio, gerando uma insufici�ncia equivalente ao valor executado � conta do or�amento de 2020. As dota��es referentes ao custeio de benef�cios previdenci�rios canceladas nos �ltimos quarenta dias do exerc�cio de 2019 foram redirecionadas ao pagamento de outras despesas”, alertou. 

 

Segundo Dantas, o relat�rio de contas de governo tem como um dos pressupostos a exist�ncia de processos em curso no tribunal sobre os m�ltiplos temas tratados. “Certamente tem processo sobre o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e a ressalva sobre o custeio de benef�cios previdenci�rios pode gerar responsabiliza��o para os gestores que deram espa�o para que o epis�dio ocorresse”, disse. Na pr�tica, o Poder Executivo extrapolou em R$ 1,48 bilh�o a autoriza��o or�ament�ria de 2019, visto que a despesa pertence ao exerc�cio encerrado, mas foi arcada com recursos de 2020. 

 

“Na mesma linha, constatou-se a assun��o de compromissos com organismos internacionais em montante superior �s respectivas dota��es. Para 2019, a dota��o foi R$ 561,3 milh�es inferior �s obriga��es do exerc�cio (R$ 2,879 bilh�es). Como parte (R$ 680,8 milh�es) foi destinada ao custeio de outros passivos, cerca de R$ 1,2 bilh�o de obriga��es de 2019 ficaram sem o devido suporte or�ament�rio ao fim do exerc�cio”, destacou. Somando os dois casos identificados, a insufici�ncia alcan�ou cerca de R$ 2 bilh�es em 2019. 

 

Questionado sobre a semelhan�a entre o que ocorreu com as contas do governo em 2019, que empurrou gastos para serem cobertos em 2020, e pr�tica semelhante em 2014, quando houve pedaladas fiscais que levaram a reprova��o da contabilidade do governo de Dilma Rousseff, Dantas explicou: “Cada conta � prestada por seus gestores, mas as contas do presidente s�o avaliadas pela macrogest�o. Em 2014, houve o completo do governo em uma pol�tica de transgress�o, pedaladas nos tr�s bancos p�blicos e v�rios minist�rios." 

 

Segundo ele, o que ocorreu em 2014 n�o pode ser comparado com a transgress�o que est� ensejando uma ressalva nas contas de 2019. "Agora, foi identificada numa �nica autarquia, em volume nove vezes menor, por um per�odo inferior a 30 dias. Em 2014, foram oito, nove, 10 meses de pedaladas”, comparou.

 

Uma terceira irregularidade, segundo o ministro, foi relativa ao aporte de R$ 7,6 bilh�es na Emgepron. S�o permitidos aportes desde que para aumento de capital para n�o comprometer necessidade de investimento em estatais. “Capitalizaram a empresa para aquisi��o de corvetas para Marinha. Finalidade outra sen�o transferir recursos para compra de corvetas para Marinha. O tribunal n�o nega interesse p�blico, mas n�o h� evid�ncias de aumento da capacidade instalada da Emgepron. Serviu apenas para fortalecer o caixa da empresa. Em regra, o gasto caberia � Marinha”, explicou.

 

Se o aporte fosse feito pela Marinha poderia ser computado na regra de teto de gastos. “As capitaliza��es n�o impactaram, mas mostram uma medida de escape do teto de gastos, visando despesa p�blica por meio de estatal. Ou seja, foram R$ 7,6 bilh�es n�o colocados como despesa corrente”, afirmou Dantas. 

 

Verba publicit�ria

O ministro destacou decis�es question�veis em rela��o a distribui��o de publicidade pela Secretaria Especial de Comunica��o Social (Secom). Citou a retirada da Folha de S�o Paulo, por “suposta persegui��o”, com “crit�rios pouco t�cnicos”. “S�o usados tamb�m para perseguir grupos que est�o em oposi��o ao governo”, disse. Lembrou a intimida��o ao jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, e a amea�a a n�o renova��o da concess�o da Rede Globo. “Interfer�ncias indevidas da Secom”, classificou Dantas.

 

“Houve redu��o da ordem de 28% com publicidade, por outro lado, chama a aten��o que alguns canais de comunica��o foram mais privilegiados do que outros, sem que houvesse justificativa para tanto”, disse. “Com frequ�ncia, h� risco de desvio de finalidade de agentes estatais em poss�vel ofensa e amea�a aos princ�pios do Estado Democr�tico de Direito, caso sejam combalidos alguns dos seus sustent�culos, como a liberdade de express�o e de imprensa”, ressaltou.

 

“Por certo, esse assunto n�o se esgotar� aqui, devendo toda a sociedade e este Tribunal ficarem vigilantes, atentos e zelosos pela regularidade, legitimidade e economicidade dos gastos p�blicos com comunica��o social do Governo Federal, visando a garantir a isonomia de tratamento entre os ve�culos, a imprensa livre e o compromisso com a verdade.” Dantas afirmou que o TCU sugeriu uma regra de transpar�ncia, para que a Secom encontre uma f�rmula, com urg�ncia, de listar todos os ve�culos que recebem dinheiro p�blico, mesmo por meio de algoritmo ou via ferramentas. 

 

Reconhecimento

O ministro relator Bruno Dantas afirmou que, por dever de Justi�a, deve reconhecer avan�os na auditabilidade da Uni�o pela atual gest�o do Minist�rio da Economia. “Tamb�m n�o posso deixar de registrar o empenho do presidente Jair Bolsonaro, que de forma r�pida assinou decreto aprovando o parecer vinculante da Advocacia-Geral da Uni�o para que a Receita Federal abrisse seus dados � auditoria do TCU”, ressaltou.

 

Segundo Dantas, agora o tribunal tem condi��es de concluir que as demonstra��es cont�beis da Uni�o representam adequadamente a posi��o patrimonial consolidada em 31 de dezembro de 2019.  “� o reconhecimento deste relator ao esfor�o feito pelo governo para superar o impasse entre o TCU e a Receita Federal”, reiterou.

 

Acompanharam a sess�o, o presidente Jair Bolsonaro, os ministros Paulo Guedes (Economia), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Wagner Ros�rio (Controladoria-Geral da Uni�o), Gilmar Mendes (Supremo Tribunal Federal) e o presidente da Caixa Econ�mica Federal, Pedro Guimar�es, entre outras autoridades. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)